63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 2. Geofísica
MEDIDAS DA DOSE DE RADIAÇÃO IONIZANTE NO PERÍODO 2008 A 2011, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP, BRASIL.
Inacio Malmonge Martin 1,2
Mauro Angelo Alves 3
Miguel Angelo Amaral Junior 2
Tobias E. Alves 2
1. Instituto Tecnologico de Aeronautica - ITA
2. Universidade de Taubaté - UNITAU
3. Instituto de Aeronautica e Espaco - IAE/AMR
INTRODUÇÃO:
As medidas das radiações ionizantes são feitas através de detectores que por interações da radiação com elementos detectores produzem sinais elétricos que podem ser registrados e monitorados ao longo do tempo. Em geral, utilizam-se detectores calibrados como contadores Geiger-Muller, películas fotossensíveis a radiação e câmaras de ionização. Outros detectores como dosimetros e dosímetros termoluminescentes são portáteis e muitos utilizados em laboratórios onde existe o uso freqüente de materiais radioativos. Para se medir a radiação natural ambiente em qualquer região próxima da superfície da Terra utilizam-se cintiladores de estado sólido iodeto de sódio ativado com Tálio, NaI(Tl) ou contadores Geiger-Muller com saídas digitais para monitoramento destas radiações. Tais detectores permitem observar partículas carregadas, raios X e gama de alguns keV a 10 MeV de energia. No caso de se medir dose equivalente ou simplesmente dose em Sievert/hora utilizam-se contadores Geiger-Muller, previamente e cuidadosamente calibrados. A dose de radiação varia de um local para outro na superfície da Terra. Logo determinar o valor médio da dose num local específico (radiação de fundo) é importante para poder-se avaliar no tempo se esse nível está variando.
METODOLOGIA:
A variabilidade da dose de radiação ionizante na interface solo-atmosfera na região de São Jose dos Campos, SP, Brasil foi estudada no período de janeiro de 2008 a março de 2011. Foram utilizados para esse fim, dois detectores tipo Geiger-Muller, Gamascout (http://www.gammascout.com/) e RM-60 (http://www.aw-el.com/), ambos com saída direta digital em dose dada em microSievert/h e microR/h, respectivamente. Analisam-se as medidas efetuadas nesse período com tempo seco e úmido e em diversos locais de São José dos Campos(650 m) e Caraguatatuba (nível do mar). Os detectores são colocados em locais abertos e livres de obstáculos. Entre janeiro de 2008 até fim de março de 2011 e durante os meses de chuva e meses secos obtiveram-se séries de dados. Esses arquivos em geral compreendem medidas de vários dias em um mesmo local. A descrição dos instrumentos, os métodos usados nas medidas e interpretação dos resultados serão detalhados neste trabalho. Vários estudantes de graduação do ITA e da UNITAU participaram deste trabalho no período contando com bolsa PIBIC e/ou mesmo voluntários.
RESULTADOS:
As medidas foram obtidas com um detector Gamascout ajustado para medir dose a intervalos de 10 minutos. De janeiro de 2008 a março de 2011, foram efetuadas medidas mês a mês, em locais de São José dos Campos, SP e Caraguatatuba, SP. De janeiro a abril de cada ano e de outubro a dezembro, observam-se as médias obtidas em tempo úmido (período chuvoso). Neste período, com umidade relativa do ar sempre superior a 50%, a média da dose foi de 0,35 microSievert/h. De abril a setembro, quando a umidade relativa do ar nas regiões de coleta de dados cai até 30%, as medidas da dose chegam a uma média de 0,20 microSievert/h. Durante os mesmos períodos foram realizadas medidas utilizando o detector RM – 60, com diferente software de extração de dados. Com este detector, foram observados praticamente os mesmos valores de doses, ou seja, para o período úmido, 0,32 microSievert/h, e para o período seco, 0,23 microSievert/h. As diferenças observadas em Caraguatatuba no período úmido chegou a uma média de 0,25 microSievert/h, e no tempo seco a 0,20 microSievert/h. Essa pequena queda representou talvez a menor incidência de radiação cósmica secundário ao nível do solo naquela região.
CONCLUSÃO:
Foi medida na região de São José dos Campos (altitude 650 metros) e Caraguatatuba (nível do mar) a dose de radiação ionizante no período 2008 a 2011. Foram coletados 100 arquivos de dados os quais estão disponíveis a qualquer usuário interessado. Os resultados para ambas as regiões mostram que no período de chuvas ocorreu aumento da dose para 0,35 microS/h, e no período seco a dose foi de 0,20 microSievert/h. Estes valores representam uma média regional para o período de medidas.O aumento da dose no período úmido explica-se pelo aumento de massa na baixa atmosfera (interface solo-ar). Com isso as interações com raios cósmicos secundários devem aumentar. Outra possibilidade é a maior concentração de gás radônio na região próxima ao solo em conseqüência do transporte do radônio presente na atmosfera por chuvas. Com isso é possível o aumento da radiação gama no local em função do decaimento natural do radônio. A observação de partículas alfa é pouco provável devido sua atenuação pelo ar circundante ao detector. Como o nível de radiação dose é muito pequeno, nesta região, não existem riscos para a saúde humana. No entanto, o valor da dose da radiação de fundo foi determinado para a região
Palavras-chave: Radiação ionizante, Dose de radiação, Contador Geiger-Muller.