63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 5. Imunologia
AÇÃO DO EXTRATO DA PLANTA Galactia glaucescens EM ENVENENAMENTOS POR ARRAIAS DO GÊNERO Potamotrygon
Marcos Vinícius Peres Lima 1
Juliane Monteiro dos Santos 2
Márcio Galdino dos Santos 3
Carla Simone Seibert 4
1. Graduando - Depto de Ciências Biológicas - UFT
2. Mestranda - Lab. Fisiologia e Hematologia Animal Compara - UFT
3. Prof. Dr. Co-Orientador - Lab. de Quimica -UFT
4. Profa. Dra. Orientadora - UFT
INTRODUÇÃO:
Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, acidentes causados por peixes peçonhentos são freqüentes, locais estes onde estão inseridas as arraias (Ferreira et. al, 2004). As arraias de água doce pertencem á família Potamotrygonidae, constituída pelos gêneros Paratrygon, Pleisiotrygon e Potamotrygon (Thorson, 1978). As arraias possuem em sua cauda um ferrão retrosserrilhado, coberto por uma delgada camada de tecido e composto por um material duro, onde estão as glândulas produtoras da peçonha (Haddad et al., 2004; Barbaro et al., 2007). A introdução do ferrão no tecido provoca profundos e graves ferimentos, que na maioria das vezes atinge a região das pernas e pés, causando principalmente dor, edema e sangramento (Santos, 2008). Não há um procedimento padrão para o tratamento destes envenenamentos, fator que pode agravar o quadro clinico dos acidentes. Devido ao grande potencial farmacológico de algumas espécies de plantas do cerrado, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o potencial do extrato da planta Galactia glaucensces em neutralizar os principais efeitos induzidos no envenenamento por arraias do gênero Potamotrygon.
METODOLOGIA:
As folhas da planta Galactia glaucescens foram processadas para a obtenção do extrato alcoólico. Os exemplares das arraias do gênero Potamotrygon foram coletados á montante da Usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães – TO, a peçonha (Pç) de cada animal coletado foi removida do ferrão por meio de raspagem do tecido que o recobre. Os ensaios in vivo foram realizados com camundongos Swiss machos oriundos do Biotério Central do Instituto Butantan. Para avaliar a atividade anti-edematogênica e anti-nociceptiva do extrato de G. glaucescens, foi administrado doses do extrato pela via oral (v.o), nas concentrações de 12, 24, 48 e 96 µg/kg, 30 minutos antes da aplicação de 30µl da Pç (100 µg de proteína). A aplicação da Pç ocorreu na região intraplantar (i.pl) da pata posterior direita de cada animal. O acompanhamento do efeito anti-edematogênico foi realizado nos intervalos de 30 minutos, 2, 4 e 24 horas após a aplicação da peçonha. Para a atividade anti-nociceptiva a avaliação ocorreu durante os 30 minutos iniciais, sendo cronometrado o tempo gasto pelo animal mordendo ou lambendo a pata lesada.
RESULTADOS:
Para a atividade anti-nociceptiva houve redução significativa da sensibilidade dolorosa nos animais tratados previamente com doses de 24 e 48µg/kg do extrato alcoólico da planta G. glaucescens (p<0, 001). Este padrão foi observado quando comparado ao controle positivo, ou seja, animais que não foram previamente tratados com o extrato. As doses de 48 e 96µg/kg do extrato da planta G. glaucescens foram capazes de reduzir significativamente o edema da pata lesionada. Neste contexto, cabe ressaltar que a dose de 96µg/kg foi mais eficiente em reduzir o edema em todos os tempos avaliados. Assim, os resultados experimentais obtidos com o extrato da planta G. glaucescens evidenciaram uma possível ação contra os principais sintomas observados nos acidente por arraias, agindo de forma pontual e significativa na redução do processo nociceptivo e edematogênico.
CONCLUSÃO:
Os resultados do presente estudo indicam o potencial terapêutico da planta G. glaucescens no tratamento dos acidentes por arraias, no entanto, maiores investigações serão necessárias.
Palavras-chave: Arraias, Galactia glacescens, Potamotrygon.