63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem |
A VIVÊNCIA DAS EMOÇÕES NA TRAJETÓRIA DOS CORONARIOPATAS |
Camilla Ferreira da Mata 1 Vanessa da Silva Carvalho Vila 2 |
1. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde e Sociedade 2. Profa.Dra./Orientadora - Depto de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia - PUC/GO |
INTRODUÇÃO: |
A doença cardíaca é um fenômeno ao qual são atribuídos significados diversos e, as ações de assistência à saúde devem incorporar uma dimensão compreensiva de maneira a inserir a visão de mundo dos grupos atendidos, suas práticas e os sentidos por eles associados à experiência da enfermidade cardíaca. Nesse contexto, nota-se possibilidades de emoções e sentimentos negativos e/ou positivos. Este estudo busca oferecer meios para intensificar as discussões científicas a respeito do impacto que os aspectos emocionais têm sobre a qualidade de vida de indivíduos coronariopatas e daqueles com potencial de risco para doença arterial coronariana. Para tanto, teve o objetivo de identificar e descrever os aspectos de cunho emocional envolvidos na progressão da coronariopatia e sua interrelação com a própria doença cardiológica e as intervenções terapêuticas invasivas decorrentes. |
METODOLOGIA: |
Optou-se por realizar uma revisão crítica da literatura científica nacional. Foram analisadas 29 referências e o refinamento, por atendimento aos critérios de inclusão, selecionou os artigos em língua portuguesa, publicados no período de 1999 a 2009 que, estando disponíveis eletronicamente na íntegra, apontassem o impacto psicoemocional na vida de coronariopatas. Executou-se a busca entre as bases da BVS: LILACS, SciELO e BDENF. Também foram consultados capítulos de dois livros, por serem extremamente relevantes. Para o levantamento bibliográfico utilizou-se as palavras-chave depressão; ansiedade; psicologia; infarto do miocárdio. Construiu-se um instrumento para a coleta de dados, a ficha bibliográfica, a qual guiou também a análise qualitativa e construção do conhecimento revisado. Pela análise dos dados objetivou-se compreender os resultados encontrados nas fontes bibliográficas; responder as questões de pesquisa e ampliar o conhecimento sobre o assunto. |
RESULTADOS: |
Identificou-se que indivíduos coronariopatas vivenciam alterações emocionais relacionadas à perda da autonomia e da auto-estima; à perda do poder de decisão; à dúvida e ao medo da morte. A dor e o sofrimento foram apontados como possíveis desencadeadores da instabilidade emocional. Apesar da literatura apontar maiores índices de morbidade por doença cardiovascular entre os homens, são as mulheres as mais afetadas em frequência e nível de gravidade pelos distúrbios psicoemocionais, sendo a ansiedade e depressão as mais citadas. A emoção foi identificada como fator desencadeante, agravante e/ou emergente da condição patológica e da terapêutica invasiva decorrente. Poucos estudos abordaram as emoções desencadeadas pela angioplastia percutânea e o cateterismo e o foco manteve-se sobre a revascularização cirúrgica. |
CONCLUSÃO: |
A doença das coronárias é, de modo geral, uma experiência de perdas, de múltiplos cunhos e leva ao estado de luto, que se mal elaborado, deixa a saúde mental do indivíduo propensa a abalos e desse modo, conforme os recursos, capacidade e limitações apreendidas ao longo da vida, poderão deflagrar óticas negativas, o que além de fragilizar a esfera psíquica restringe os progressos de reabilitação cardíaca e física. Permanece a intrigante questão de ordem causal dos fatos: desequilíbrios e/ou distúrbios psicoemocionais, como fatores independentes, implicam em um futuro infarto agudo do miocárdio ou angina instável? Viver uma doença cardíaca e necessitar de terapêuticas invasivas fragiliza o suficiente, a ponto de tornar-se fator predisponente ou agravante de abalos emocionais patológicos? Contudo, evidenciou-se a necessidade de preparar emocionalmente esse grupo clínico para o enfretamento da coronariopatia, favorecendo, consequentemente, o processo de reabilitação cardíaca e o equilíbrio à qualidade de vida. Sugere-se à equipe de Enfermagem, que seja propulsora nesse processo de preparo, pela maior proximidade mantida com o doente e a família. |
Palavras-chave: Depressão, Ansiedade, Infarto do miocárdio. |