63ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional |
A Integração Econômica: Uma análise dos processos Latino-Americanos |
Thiago Cavalcanti do Nascimento 2 Fábio Guedes Gomes 1 |
1. Professor /Orientador-FEAC-UFAL 2. Bolsista PET-Economia- FEAC-UFAL |
INTRODUÇÃO: |
O presente trabalho objetiva analisar as principais teorias que elucidam o processo de integração econômica. Apesar de estar presente nas discussões sobre o comércio internacional do século XIX, e incluída nas discussões em torno da formação de alguns Estados nacionais, como foi no caso da Alemanha e da Itália, é na esteira da propulsão do desenvolvimento capitalista, em meados do século XX, que a integração econômica passou a apresentar-se como uma alternativa para o desenvolvimento econômico de diversos países e regiões. Nesse sentido, este trabalho faz uma digressão sobre as principais teorias que balizaram os processos de integração, bem como faz uma discussão sobre aquelas mais importantes na América Latina numa perspectiva histórica, até o atual momento, a qual caracteriza-se pelo crescimento de novos blocos regionais no âmbito da nova fase de internacionalização do capital. |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi essencialmente desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica que buscou direcionar-se em duas frentes. A primeira foi basicamente uma reflexão teórica, abordando o tema da integração regional na literatura econômica, identificando as principais correntes que explicam, justificam e criticam os processos de integração entre países, desde uma área simples de comércio até a mais complexa forma de união econômica. Buscou-se elucidar e levantar os principais pontos e suas dimensões explicativas das duas correntes centrais, quais sejam, a livre-cambista, enfocando os argumentos do economista Jacob Viner, e a cepalina, abordando o tema da integração com base no pensamento de Friedrich List e Alexander Hamilton, e desenvolvido, muito posteriormente, pelos teóricos da Cepal, notadamente, Rául Prebisch e Celso Furtado. A segunda frente de trabalho foi associar o contéudo teórico com a história da integração econômica na América Latina no século XX. Nessa parte da discussão foi realizada toda uma contextualização histórica das necessidades e obstáculos à integração na região, bem como suas principais características e como elas se confrontavam com as perspectivas teóricas. |
RESULTADOS: |
Como resultado central, pode-se observar que o processo de integração econômica não é um movimento simples e que envolve uma complexidade maior que se imagina, essencialmente os téoricos do livre-cambismo. A história da América Latina, e principalmente da América do Sul, é pródiga nos insucessos das principais tentativas. As grandes diferenças de desenvolvimento econômico entre os países da região sempre foram obstáculos importantes, aliados a similitude na produção de produtos primários para exportação, que denotava um alto grau de concorrência entre esses países, acirrando ainda mais as disputas intra-regionais. Porém, um dos elementos fundamentais que se pode destacar como um grande empecilho ao processo de integração foi a ausência de eixos centrais que funcionassem como forças centrípetas na união política e econômica entre as nações do continente. Ao contrário da Europa que tinham nas razões da proteção e segurança agrícola, necessidades de acesso a fontes de energia e a criação e fortalecimento de um sistema monetário próprio para fazer em face da hegemonia do dólar americano no plano internacional, a América Latina sempre apresentou elementos muito mais fortes pelo lado da concorrência do que pela integração. Por fim, se especula no trabalho que a região, tem motivos suficientes atualmente para trilhar os caminhos de uma integração muito mais avançada, principalmente pelas necessidades de produzir, controlar e comercializar seus recursos energéticos. |
CONCLUSÃO: |
Nessas notas é importante ressaltar alguns pontos que não se pode deixar de considerar diante do que foi colocado ao longo desse trabalho. Em primeiro lugar, o processo de integração econômica não se constrói somente por deliberação política ou interesse meramente econômico. Trata-se de um movimento mais abrangente que envolve também aspectos importantes que muitas vezes fogem das perspectivas econômicas. A diversidade entre os povos, a diferença linguística e a falta de conhecimentos mútuos, são barreiras somente superadas pelo tempo e o interesse das sociedades em se voltarem para suas fronteiras num caminho de adensamento das relações culturais, políticas e sociais. Isso requer um tempo relativamente longo e necessidades prementes. Como pudemos constatar a América Latina e, especialmente, a América do Sul, não gozaram de situações tão favoráveis que pudessem tornar a integração econômica regional uma realidade mais avançada. Muito pelo contrário, com economias com um histórico de rivalidades competitivas em razão de serem produtoras e exportadoras de bens primários, no longo período colonial e neocolonial, e com graus tão diversos de industrialização, o percurso da região seguiu uma trajetória muito distante e diversa de outros exemplos mais conspícuos de integração. |
Palavras-chave: integração econômica, livre-cambismo, América Latina. |