63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 3. Física - 2. Ensino de Física
OFICINAS DE ELETROSTÁTICA – ENSINO DE FÍSICA E INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO ÂMBITO DO PIBID EM RIO CLARO, SÃO PAULO.
João Henrique Sartorello 1
Márcio Reiss 1
Eugenio Maria de França Ramos 1,2,3
1. UNESP – Rio Claro/Instituto de Biociências/Departamento de Educação, PIBID UNESP CAPES
2. Prof. Dr. / Universidade Estadual Paulista / UN
3. Centro de Educ. Continuada em Educ. Mat., Científica e Ambiental / CECEMCA UNESP
INTRODUÇÃO:
Relatamos parte da análise sobre a experiência didática no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), desenvolvido no ano de 2010 na cidade de Rio Claro (SP), pela UNESP junto a três escolas de diferentes níveis da Educação Básica, duas do Ensino Fundamental (EF) - uma de 1º ao 5º ano e outra do 6º ao 9º ano - e uma do Ensino Médio (EM). Após visitas exploratórias realizadas às três escolas, percebeu-se que o ambiente antes reservado para as práticas didáticas experimentais - o laboratório de ciências - deixou de existir ou transformou-se em espaços diversos, desde sala de aula a informal almoxarifado. Diante disso definiu-se que um dos trabalhos de Iniciação a Docência deveria privilegiar a reintrodução de atividades didáticas experimentais, independentemente do espaço físico disponível. Optou-se também pela utilização de materiais de baixo custo e fácil acesso, considerando como estratégias a criação de uma biblioteca de experimentos em cada escola, assim como a realização de oficinas de ensino e aprendizagem. Trataremos neste trabalho especialmente das Oficinas de Ensino de Física ocorridas na escola de EM, ação pedagógica que a partir da manipulação e construção de experimentos pretende aproximar os estudantes dos conteúdos dessa área.
METODOLOGIA:
Foram realizadas duas oficinas de 4 horas cada, atendendo a 38 alunos de diferentes séries – um grupo de 33 e outro de 5 - durante o 4º bimestre letivo, em horário extra ao das aulas habituais. Optamos por utilizar o tema Eletrostática e para isso elegemos sete experimentos a serem construídos e analisados: Pêndulo Eletrostático Simples, Pêndulo Eletrostático Duplo, Vetor Eletrostático, Eletroscópio de folha, Igrejinha Eletrostática, Capacitor e Gaiola de Faraday. Para cada experimento, inicialmente debatia-se com os estudantes algo sobre o fenômeno físico materializado nos protótipos experimentais. Em seguida demonstrava-se o efeito que poderia ser observado, abrindo nova discussão sobre o que entendiam estar ocorrendo. Nesse diálogo algumas perguntas ficavam em aberto, com o intuito de aguçar a curiosidade epistemológica dos estudantes para o conhecimento. Em seguida os alunos tinham a oportunidade de construir seus próprios modelos, reproduzindo o protótipo mostrado, mas com chance de realizar alterações, tentando reproduzir o efeito estudado. Após a construção, fazia-se uma nova conversa refletindo sobre o observado e apresentando conceitos físicos. Ao final da construção dos protótipos os alunos receberam envelopes e caixas de papelão para preservar os seus modelos.
RESULTADOS:
Durante as oficinas, os futuros professores – bolsistas do PIBID – propiciavam, para cada experimento estudado, uma discussão inicial com os alunos, sobre os conceitos físicos envolvidos, assim como explicavam alguns procedimentos necessários para a realização do experimento. A intenção foi fugir do modelo de aula expositiva procurando criar diálogo legítimo, com base em desafios didáticos que pudessem aguçar a curiosidade dos estudantes para o conteúdo de Eletrostática e para a construção do material experimental. Observamos que com essa estratégia todos os estudantes ficaram envolvidos com o trabalho, não se verificando conversas paralelas de outros assuntos, algo comum nas observações de aulas expositivas tradicionais. Observamos também que somente alguns poucos alunos apresentaram dificuldades passageiras na construção de detalhes – como a gota de alumínio dos pêndulos eletrostáticos – entretanto com a ajuda de colegas e de futuros professores, superavam tais dificuldades. Todo o material construído poderia ser levado pelos alunos, sendo que a maioria (34) dos estudantes optou por levar os experimentos construídos consigo. Todos os participantes se mostraram ativos e interessados nos conteúdos trabalhados. Aparentemente nenhum deles conhecia os experimentos utilizados.
CONCLUSÃO:
O grande interesse pela inscrição, a disposição em estudar fora do horário de aulas, o envolvimento durante as atividades e as discussões geradas, evidenciaram o anseio dos alunos, por atividades diferentes das aulas expositivas. No decorrer da Oficina, percebemos que os estudantes incorporavam as observações e os termos utilizados no diálogo didático, conseguindo, a cada experimento, fazer previsões mais consistentes quanto a conceitos físicos e a observações qualitativas. Os alunos da 1ª série (40 %) ficaram especialmente fascinados com os experimentos. Os da 3ª série (18 %) procuraram utilizar seus conhecimentos teóricos para discutir os resultados observados, dialogando com os professores. Quanto às práticas educativas, constatamos que as atividades experimentais no ensino de ciências são pouco usuais nas escolas, embora sejam consideradas importantes (e até exaltadas por professores que não as empregam). Consideramos que as Oficinas, ainda que trabalhosas, propiciaram aos alunos contato de maneira nova com conceitos de Física, sobretudo na construção dos protótipos. Do ponto de vista docente foi possível perceber que o processo de construção de estratégias não rotineiras, como as atividades aqui relatadas, agrega novos e relevantes saberes a formação dos futuros professores.
Palavras-chave: Oficinas, Eletrostática, Formação de Professores.