63ª Reunião Anual da SBPC

E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade

GERMINAÇÃO DE Elsinoe ampelina, in vitro, SUBMETIDO AO EXTRATO DE CRAVO-DA-INDIA OBTIDO POR TRÊS METODOS DE EXTRAÇÃO.

Suelen Cristina Uber 1 Carla Daiane Leite 1 Jaqueline Huzar Novakowiski 1 Adriano Suchoronczek 1 Isabella Cristina Cavallin 1 Cacilda Márcia Duarte Rios Faria. 2

1. Departamento de Agronomia, Universidade Estadual do Centro Oeste, UNICENTRO. 2. Profa. Dra. / Orientadora - Departamento de Agronomia, Universidade Estadual do Centro Oeste, UNICENTRO.

INTRODUÇÃO:

O uso de produtos químicos como prática agrícola é amplamente aplicado podendo apresentar riscos de contaminação aos operadores e ao meio ambiente. O emprego de plantas medicinais, condimentares ou aromáticas no controle de fitopatógenos pode ser uma alternativa viável para sistemas orgânicos, principalmente para a agricultura familiar. O cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) é uma especiaria ou condimento que proporciona sabor e aroma em alimentos, mas também apresentam atividade antimicrobiana contra fungos e bactérias. A ampla adaptabilidade da videira a uma gama diversificada de climas e de manejo proporcionou grande aumento da produção de uva no Brasil nos últimos anos, contudo está sujeita a uma série de doenças. Dentre as doenças da videira, a antracnose, causada pelo fungo Elsinoe ampelina, é a mais importante, ocorrendo em todos os órgãos verdes da planta. Neste contexto, objetivou-se avaliar a atividade fungitóxica do extrato de cravo-da-índia na germinação de E. ampelina, obtidos por infusão, maceração e decocção.

METODOLOGIA:

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual do Centro Oeste. Utilizou-se o fungo Elsinoe ampelina previamente isolado de ramos de videira. A suspensão de esporos foi obtida a partir colônias puras cultivado em meio BDA (batata-dextrose-ágar) com idade de 8 dias, com a adição de 10 mL de água destilada esterilizada com Tween 80 à 0,5%. Em seguida, foi filtrada e calibrada em 5 x 105 esporos mL-1 em câmara de Neubauer. O extrato aquoso de cravo-da-índia, obtidos comercialmente, foi preparado por meio do processo de maceração, infusão e decocção. Para os extratos utilizou-se 100 g de botões florais em 100 ml de água destilada e deionizada. Adicionou-se nas cavidades individuais de placas de teste Elisa uma alíquota de 40 µL de cada extrato, nas doses de 0, 0,5, 1, 2, 4 e 8 ml L-1, e outra da suspensão de esporos. Após 4, 8, 12 e 24 horas à 20ºC no escuro, a germinação foi paralisada com a adição de 20 µL do corante azul algodão de lactofenol. Avaliou-se a porcentagem de germinação de 100 conídios em microscópio óptico. O delineamento foi o inteiramente ao acaso. Os dados foram submetidos às análises de variância e regressão polinomial e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS:

Os resultados das análises de variância (dados não apresentados) não acusaram diferenças significativas da interação entre os métodos de extração e as doses do extrato do cravo-da-índia. Houve efeito quadrático da germinação de E. ampelina com o aumento das doses de extrato de cravo nas três metodologias. Observou-se estímulo da germinação do patógeno proporcional ao aumento das doses dos extratos obtidos por maceração, infusão e decocção. Resultado similar foi observado por Stangarlin et al. (1999) ao avaliarem o extrato bruto aquoso de Eucalyptus citriodora na germinação Colletotrichum graminicola. Por outro lado, Rozwalka (2008) constatou efeito fungistático do extrato do cravo-da-índia no desenvolvimento do agente causal da antracnose da goiaba. O extrato obtido a partir da infusão proporcionou redução da germinação de E. ampelina no período de 4 horas, enquanto que a metodologia de decocção foi a mais eficiente no maior período (24h). Segundo Bettiol & Ghini (2001), existe vários fatores que determinam a germinação de um patógeno. O resultado encontrado neste trabalho pode favorecer os estudos de avaliação de produtos alternativos e sua eficiência ao longo do tempo.

CONCLUSÃO:

Neste trabalho os três métodos de obtenção do extrato de cravo-da-índia induziram a germinação da antracnose (Elsinoe ampelina) da videira. Evidenciando a hipótese que patógeno utilizou o extrato de cravo-da-índia como substrato para a sua sobrevivência em condições adversas.

Palavras-chave: Controle alternativo, antracnose da videira, plantas medicinais.