63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística |
UMA ANÁLISE DO FENÔMENO “GERUNDISMO” NA LINGUAGEM DO TELEMARKETING. |
Karlos Eduardo Alves de Carvalho 1 Adna de Almeida Lopes 2 |
1. UFAL 2. Profa. Dra. |
INTRODUÇÃO: |
O trabalho apresenta uma reflexão sobre o uso do gerúndio na linguagem do telemarketing, observando a legitimidade das construções gerundiais utilizadas nesses eventos de comunicação. Para isto, foram buscados, inicialmente, estudos de gramáticos, entre eles, Bechara (2006) e Campos (1980) que justificam o emprego da forma verbal no funcionamento da língua além de estudos e críticas de lingüistas, como Possenti (2007) e Neves (2009) sobre o uso abusivo do gerúndio, chamado de ‘gerundismo’. Na análise da transcrição de uma conversa feita entre um operador de telemarketing e uma cliente, discutiu-se a legitimidade da forma gerundial no evento, comprovando que algumas construções podem ser feitas e outras podem ser evitadas, de acordo com o ponto de vista desses teóricos. |
METODOLOGIA: |
Para a aplicação e reflexão sobre os conceitos pesquisados quanto à utilização atual do gerúndio, foram feitas diversas buscas em sites de revistas eletrônicas da área de linguística e comunicação, com a finalidade de coletar informações e transcrições de diálogos. Porém, a maioria dos vídeos disponíveis na rede, referentes ao telemarketing, são sátiras ao “gerundismo”. Devido à dificuldade em encontrar essas gravações reais com atendentes, foi coletada uma transcrição contida em artigo científico de Cirelli (2004), pesquisadora da USP, intitulado “Polidez no telemarketing”, publicado na revista eletrônica Letra Magna. Desse modo, foi analisada neste trabalho uma conversa entre um atendente de telemarketing e uma cliente. |
RESULTADOS: |
A análise foi feita a partir de construções gerundiais. Uma construção dupla constituída da forma verbal ‘estar’ mais a forma de gerúndio (estar+gerúndio) e uma construção tripla constituída das formas verbais ‘ir’ e ‘estar’ mais a forma de gerúndio. O primeiro enunciado analisado foi “estar emitindo”, no qual o verbo ‘estar’ aparece no infinitivo, seguido do verbo ‘emitir’ no gerúndio. Não se trata da “trinca clássica do gerundismo” (ir + estar + gerúndio), mas causa certo estranhamento. O verbo estar, segundo Possenti (2007), pede gerúndio ou particípio. Se a perífrase fosse: “estou comendo”, “estou trabalhando”, “estou cansado”, certamente, não causaria nenhum desconforto. O segundo enunciado analisado foi “vou estar mandando”, que representa a forma mais conhecida do “gerundismo” e também a mais criticada. É aquela formada pelos verbos “ir + estar + gerúndio”. Neste caso, ao invés de “vou estar mandando”, poder-se-ia empregar “vou mandar”, ou, simplesmente, mandarei, obtendo o mesmo sentido. |
CONCLUSÃO: |
Ao se considerar o uso do “gerundismo” inadequado, no que diz respeito à escolha do verbo principal que está no gerúndio, como sendo um verbo de natureza aspectual que confronta com o aspecto durativo emitido pela expressão estar + -ndo, não se leva em consideração os aspectos sintáticos, já que são construções gramaticalmente adequadas; nem os aspectos pragmáticos: os usos, novos contextos, que permitem a sua utilização. É preciso ter em mente que a língua evolui e que novas expressões aparecem todos os dias e sua permanência, cabe a utilização, ou não, dessas expressões pelos falantes. Considera-se que há um uso abusivo do gerúndio, que pode ser evitado em determinadas situações. Mas, ainda quando é usada de forma “incorreta”, há uma explicação coerente para isso, como foi o caso das construções analisadas nessa pesquisa. |
Palavras-chave: telemarketing, gerundismo, legitimidade. |