63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 11. História
A FILOSOFIA DA LIBERTAÇÃO DE LEOPOLDO ZEA: CRITICA A DOMINAÇÃO MENTAL DO MUNDO EUROPEU SOBRE A AMÉRICA LATINA (1960-1970)
Luciano dos Santos 1
Patrícia Melo Silva 2
1. Prof. Mestre/ Orientador - História - UFG
2. Aluna do Instituto Federal de Goiás - Campus Inumas
INTRODUÇÃO:
O trabalho que ora apresentamos são os resultados de uma pesquisa que desenvolvemos no Programa de Iniciação Científica do Instituto Federal de Goiás. Esta visa analisar os elementos que respaldaram o discurso de libertação presente na filosofia do intelectual mexicano Leopoldo Zea. Partirmos da hipótese que o desenvolvimento intelectual de Leopoldo Zea, com contato com o historicismo, a filosofia hegeliana, o pensamento espanhol de Ortega y Gasset e, sobretudo, a tradição de pensamento e a realidade latino-americana de seu tempo foram os elementos que possibilitaram sua filosofia da libertação. A partir de tais elementos iniciasse o seu pensamento libertário, que buscava a libertação mental dos latinos americanos, por meio do reconhecimento de seu passado.
Nossa pesquisa busca contribuir para o campo da História Intelectual com a ampliação do conhecimento das tradições de pensamento desenvolvidas na América Latina. Por fim, também acreditamos que ela contribui para a sociedade na medida em que traz em seu bojo a discussão da temática da igualdade entre os povos, o desenvolvimento autônomo e autentico das potencialidades da cultura latino-americana e, logo também, brasileira.
METODOLOGIA:
A pesquisa em questão se insere em um campo que se poderá chamar de interdisciplinar, busca fazer uma pesquisa histórica de objeto um tradicionalmente filosófico. Logo, então, procedemos da seguinte forma: primeiro iniciamos uma pesquisa bibliográfica (fontes secundárias) sobre a temática filosofia da libertação, bem como sobre o pensamento latino-americano e o contexto histórico da formação de Leopoldo Zea (suas influências, seus interlocutores, seu circulo intelectual etc.). Depois selecionamos duas obras mais importante de Leopoldo Zea para continuar uma analise internalista-, isto é, das ideias e proposições que são apresentadas pelo autor para fundamentar seu projeto de libertação mental. É importante frisar que não houve uma separação entre parte externalista e internalista, na verdade buscamos analisar as bases deste projeto de forma dialética em que a contradição destes elementos (ideias e contexto de produção) lançava luz a sua própria compreensão, isto é, a originalidade do pensamento de Zea foi analisada como fruto de uma dada realidade sócio-cultural-histórica concreta.
RESULTADOS:
O contato com a fonte primaria (livros de Leopoldo Zea) levou-nos a perceber a necessidade de um estudo que compreendesse o contexto histórico-social latino-americano e mundial no pós Segunda Guerra Mundial até aproximadamente década de 1970 em que se deu a formação da Filosofia da Libertação na América Latina. Logo então, iniciamos concomitantemente a analise da fonte primaria à leitura das fontes secundárias (bibliografia sobre filosofia da libertação, sobre o contexto latino-americano do pós guerra e, sobretudo, os textos sobre produção da Leopoldo Zea). Isto nos ajudou a perceber que foi este contexto bem como as influências intelectuais dos anos 1940-50 que contribuíram para a formação do projeto de Libertação mental que Zea propunha; aos poucos foi ficando cada vez mais claro que seu projeto de libertação latino-americana apresentava Cultura e a História Latino-americana como elementos mais originais havia neste povo e que davam base para a criação de um pensamento filosófico peculiar. A uma filosofia da libertação.
CONCLUSÃO:
Influenciado pela historicismo alemão e, sobretudo, pela tradição intelectual latino-americana Leopoldo Zea desenvolveu um pensamento original. Segundo ele, os latinos padeciam de complexo de inferioridade frente ao mundo europeu ocidental. Desde a colonização era imposta, além da exploração física, uma dominação mental dos nativos que aqui habitavam que continuou mesmo no pós-independência. Neste sentido, segundo o pensador mexicano havia a vontade por parte dos latinos americanos de serem iguais aos dominadores. Zea propunha que só com a superação dialética do passado haveria de fato uma libertação do povo desta região. Para ele a dialética entra como elemento que supera e conserva, isto é, a libertação se da no processo de negação do passado de exploração e de colonização latina americana para superá-lo e iniciar uma nova trajetória de libertação dos modelos externos que aliena, frustra e infelicita. A peculiaridade de seu pensamento se dá também pelo fato de não propor rejeição dos valores da cultura europeia, mas sim, introduzi-los de acordo com os padrões da América Latina.
Enfim, com o desenrolar do estudo pode-se perceber que para Leopoldo Zea o povo desta América é resultado de europeus, negros e ameríndios, ele é um mestiço, uma síntese de um processo dialético.
Palavras-chave: Filosofia da Libertação, Leopoldo Zea, América Latina.