63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem |
DOR MUSCULOESQUELÉTICA E REDUÇÃO DA CAPACIDADE LABORAL EM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO |
Ana Claudia Soares de Lima 1 Tânia Solange Bosi de Souza Magnago 2 Andrea Prochnow 3 Isolina Maria Alberto Freut 4 Arlete Maria Bertano Timn 4 |
1. Acadêmica do 8º Semestre do Curso de Enfermagem - UFSM 2. Enfermeira/Professora Dra./ Orientadora - Depto de Enfermagem - UFSM 3. Enfermeira/Mestrando em Enfermagem - Depto de Enfermagem - UFSM 4. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM/UFSM 5. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria - HUSM/UFSM |
INTRODUÇÃO: |
As equipes de enfermagem de unidades hospitalares possuem um ritmo de trabalho acelerado. Esse cotidiano, aliado a tensão e a falta de recursos humanos e materiais, tem sido considerado como fator de agravo à saúde desses profissionais. Dentre os agravos, a dor musculoesquelética é um das responsáveis pelo elevado índice de absenteísmo e de redução da capacidade para o trabalho. O Índice de Capacidade para o Trabalho (ICT) é um importante indicador que avalia as condições de trabalho, abrangendo aspectos relativos à saúde física, bem estar psicossocial, competência individual e condições de trabalho. Avaliação do ICT proposta neste estudo poderá contribuir para um melhor entendimento sobre o impacto das DORT/LER sobre a capacidade funcional dos trabalhadores de enfermagem, permitindo a implantação de medidas que melhorem as condições de trabalho e de um programa para redução da dor. |
METODOLOGIA: |
Estudo transversal que envolve 634 trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário público do Rio Grande do Sul. Avaliou-se o Índice de Capacidade para o Trabalho (variável dependente) e variáveis sociodemográficas, laborais e dor musculoesquelética (variáveis independentes). Enfermeiros, acadêmicos de graduação e pós-graduação foram capacitados previamente para a coleta de dados. Utilizou-se a como instrumento um questionário auto-preenchível entregue durante o turno de trabalho. Os trabalhadores que aceitaram participar do estudo leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para formação do banco de dados foi utilizado o programa Epiinfo versão 6.04. Para a análise dos dados, empregou-se a estatística descritiva no programa SPSS 18.0 for Windows. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente (CAAE: 0070.0.243.000-09) e teve auxílio FIPE Enxoval/UFSM e FAPERGS. |
RESULTADOS: |
Do total da população, 592 foram elegíveis para a pesquisa. Destes, responderam ao instrumento 498 trabalhadores. As perdas (16%) resultaram de recusas. Da população estudada 29% eram enfermeiros e 71% técnicos/auxiliares. Mulheres (88%), casadas (69%); raça branca (85%) com idade média de 41 anos. Trabalham predominantemente no período noturno (40%); com uma carga horária de 36 horas/semanais e 18% possuíam outro emprego. Para estes, a carga horária semanal recebe um acréscimo de 20 a 40 horas (8%). Quanto ao grau de dor musculoesquelética nos últimos sete dias, 9% referiram ausência de dor; 12% dor fraca (escore de 1 a 3); 51% dor forte (escore de 4 a 7) e 28% dor muito forte (escore de 8 a 10). Na avaliação do Índice de Capacidade para o Trabalho, identificou-se que 44% dos trabalhadores possuem reduzida capacidade para o trabalho. Ao relacionar dor e ICT reduzido, 92% relataram dor de intensidade moderada a insuportável. |
CONCLUSÃO: |
No que tange a relação entre dor e capacidade para o trabalho, este estudo remete a uma reflexão sobre o cotidiano de trabalho da enfermagem: necessidade de desenvolver rotineiramente ações que envolvem um alto custo energético: manter e transportar o peso do paciente nas trocas de decúbito, na passagem maca-leito, leito-cadeira, leito-banheiro, assumindo posições incômodas e permanecer em uma postura quase sempre em pé. Neste contexto, o ambiente laboral torna-se um espaço de produção de cargas de trabalho, em que as exigências e as condições de sua realização têm sinalizado para o aparecimento de doenças ocupacionais. Os resultados assinalam para a necessidade da instituição adotar medidas de apoio direcionadas, em especial, aos trabalhadores com ICT reduzido, pois uma proporção destes pode tornar-se incapacitada para as atividades laborais em poucos anos, se tais medidas (ambiente seguro, adequado às condições ergonômicas, capacitação) não forem urgentemente tomadas. |
Palavras-chave: Saúde do Trabalhador, Avaliação da Capacidade de Trabalho, Condições de Trabalho. |