63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 1. Anatomia Patológica e Patologia Clínica |
O PAPEL DO IFN-GAMA NA NEUROCISTICERCOSE EXPERIMENTAL POR CISTICERCO DE Taenia crassiceps. |
Bruno Pereira Reciputti 1 Hidelberto Matos Silva 2 André Luiz Oliveira 2 Vania Beatriz Lopes Moura 2 Milton Adriano Pelli de Oliveira 2 Ruy de Souza Lino Júnior 3 |
1. Bolsista de Iniciação Científica, Acad. de Medicina – UFG 2. Depto de Patologia Geral - IPTSP/UFG 3. Prof. Dr./Orientador - Depto.de Imunologia, Parasitologia e Patologia– IPTSP/UFG |
INTRODUÇÃO: |
Neurocisticercose é a doença parasitária mais freqüente do sistema nervoso central. É uma infecção helmíntica que ameaça a vida, causada pela ingestão de ovos da larva cestóide de Taenia sp., que ao chegar ao intestino eclode e rapidamente migra para o sangue e se instala no cérebro. Na literatura, poucos são os relatos de uma análise temporal da formação da resposta inflamatória ao redor de cisticercos encefálicos, bem como relatos sobre a interferência de mediadores da resposta inflamatória, em especial o IFNγ. A cisticercose possui como modelo experimental a infecção de camundongos por Taenia crassiceps, o que induz uma enfermidade semelhante à cisticercose humana, incluindo a possibilidade de reproduzir a neurocisticercose. O objetivo da proposta científica foi analisar a resposta inflamatória da neurocisticercose experimental por cisticercos de Taenia crassiceps em camundongos de uma linhagem geneticamente resistente (C57BL/6) e em camundongos deficientes em IFNγ (C57BL/6-IFNγ-KO). |
METODOLOGIA: |
Os camundongos foram distribuídos em dois grupos: G1: 15 camundongos das linhagens C57BL/6; G2: 15 camundongos C57BL/6-IFNγ-KO. Para delineamento do grupo controle, camundongos foram inoculados com solução fisiológica (grupos G3 e G4). Os grupos G1 e G2 foram inoculados intracranialmente com 1 a 3 cisticercos de T. crassiceps na forma inicial, isto é, forma pequena, translúcida, sem brotamentos visíveis. Antes da inoculação os animais foram anestesiados com uma solução de Xilazina a 2% e Cetamina a 10%. Após tricotomia e antissepsia, uma incisão na pele do crânio era feita. O orifício de trepanação foi realizado com uma broca (44,5mmX2mm) movida por micromotor (LB100 – Beltec) na topografia do osso parietal direito a 3mm da linha média (sutura sagital) e 3mm posterior à sutura coronal, seguido de inoculação. Após o procedimento as incisões foram suturadas e a analgesia feita com Ibuprofeno 30mg/kg administrados em água. Os animais foram eutanasiados aos 7, 30 e 60 dias após a inoculação (DAI). Após a análise macroscópica, os tecidos foram retirados e processados para inclusão em parafina e coloração pela técnica de hematoxilina e eosina. Este trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética na Experimentação em Animais - CEEA/CEP - UFG, protocolo número 034/09. |
RESULTADOS: |
Macroscopicamente, constatou-se hiperemia, diminuição da consistência do encéfalo e presença de cisticerco no interior dos ventrículos, muitas vezes associada à ventriculomegalia, hipotrofia do parênquima cerebral adjacente e/ou desvio das estruturas da linha média. Microscopicamente, nos camundongos C57BL/6 infectados foi observado aos 07 DAI um infiltrado inflamatório discreto de polimorfonucleares ao redor do cisticerco em estádio inicial. Aos 30 DAI, o quadro inflamatório permaneceu semelhante, porém houve substituição por células mononucleares. Aos 60 DAI, observou-se um aumento do infiltrado inflamatório com destruição do parasito. Na ausência do IFNγ, o infiltrado inflamatório foi discreto e com predomínio de polimorfonucleares ao longo de todo o período estudado. Observou-se também reação à distância, microgliose, gliose e edema nas duas linhagens. |
CONCLUSÃO: |
A inflamação no encéfalo de camundongos C57BL/6 por cisticerco de T. crassiceps, evolui ao longo dos dias experimentais pesquisados e foi capaz de destruir o parasito, enquanto que nos camundongos desprovidos do gene de IFNγ o processo inflamatório atenuou-se e foi incapaz de conter o parasito. |
Palavras-chave: Taenia crassiceps, Neurocisticercose Experimental, Patologia. |