63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 2. Ecologia Aquática |
ANÁLISE DA ALIMENTAÇÃO NATURAL DE TRAÍRA (Hoplias aff. malabaricus) DO RIO VACACAÍ – RS. |
Daniel Secretti Vendruscolo 1 Everton Rodolfo Behr 2 |
1. Acadêmico Curso de Gestão Ambiental - UDESSM - UFSM 2. Prof. Dr./ Orientador - UDESSM - UFSM |
INTRODUÇÃO: |
O rio Vacacaí situa-se na região central do Rio Grande do Sul e é um dos principais afluentes do rio Jacuí em seu trecho de planície. Apesar de sua importância, pouco se conhece sobre a ecologia de sua ictiofauna, tendo sido realizados poucos estudos até o momento. O conhecimento do hábito alimentar dos peixes é útil para o delineamento da estrutura trófica do ecossistema bem como do nível trófico ocupado pelas espécies. A maioria do conhecimento da auto-ecologia, produção e papel ecológico das populações de peixes é derivada dos estudos da dieta baseadas em análises de conteúdo estomacal. A traíra (Hoplias aff. malabaricus) é uma espécie com ampla distribuição geográfica e hábito alimentar preferencialmente piscívoro. Estudos sobre a alimentação desta espécie já foram realizados em vários sistemas hidrográficos da América do Sul. Este trabalho tem por objetivos analisar aspectos da alimentação natural de traíras do rio Vacacaí, quanto ao espectro trófico; grau de importância de cada categoria alimentar; variações sazonais e no ritmo circadiano e relações entre o tamanho da presa e do predador, contribuindo desta forma para o maior conhecimento da ecologia alimentar desta espécie. |
METODOLOGIA: |
As amostragens foram realizadas em quatro pontos do rio Vacacaí: ponto 1 – Balneário Municipal de São Gabriel (30º27”07’S; 54º22”25’O); ponto 2 – Passo do Camisão (30º05”09’S; 53º54”57’O); ponto 3 – Passo do Verde (29º54”48’S; 53º40”27’O); ponto 4 – Praia do Gil (29º57”49’S; 53º11”07’O). Foram realizadas coletas nas quatro estações do ano, sendo utilizadas redes de várias malhas, as quais ficaram na água por 24 horas, sendo revisadas a cada 6 horas, sempre nos mesmos horários (6h, 12h, 18h e 24h). Os peixes coletados foram fixados com formol a 10% e depois conservados em álcool 70%. Em laboratório, os peixes foram medidos em seu comprimento total e padrão, pesados e o estômago retirado, para verificação do grau de repleção (GR) médio, sendo atribuídos pontos conforme a quantidade de alimento encontrado no estômago, onde: 0 - Completamente vazio; 1 - Parcialmente vazio (menos da metade do estômago com conteúdo); 2 - Parcialmente cheio (mais da metade do estômago com conteúdo); 3 - Completamente cheio. Foi aplicado o teste do χ² para verificar variações na captura entre os horários e estações do ano. Também foi calculado o índice de vacuidade conforme a fórmula de Albertini-Berhaut (1974). Quando possível foi estabelecida a relação tamanho de presa x tamanho de predador. |
RESULTADOS: |
Foram coletados 103 indivíduos, sendo 50% no outono, 22% no verão, 16% na primavera e 12% no inverno. Quanto aos horários houve captura de 37% dos peixes às 6h; 36% às 24h; 23% às18h e 4% às 12h. Houve diferenças na captura entre estações (χ2=38,08; p<0,05; GL=3), e horários (χ2=19,75; p<0,05; GL=3). Foram usados 96 peixes para as análises da alimentação natural. O grau de repleção médio dos estômagos foi 0,52 enquanto o índice de vacuidade foi de 73%, concordando com resultados obtidos para H. malabaricus (Loureiro & Hahn, 1996; Paiva, 1974; Loureiro et al., 2002; Corrêa & Noquez, 2009). A estação do ano que apresentou menor percentual de estômagos vazios foi o inverno com 58,3%, provavelmente devido à menor temperatura da água. O horário com menor GR médio foi 24h (0,375) e o maior foi as 12h (0,714) A espécie apresentou um hábito alimentar piscívoro, no qual predominaram as ordens Characiformes e Perciformes, com índice alimentar (IAi) de = 79,7% e 3,9%, respectivamente. Também foram encontrados no conteúdo, anfíbios, Siluriformes, matéria orgânica e insetos. O tamanho médio das presas foi 5,56cm (±2,28) equivalente a 27% do tamanho do predador. A máxima relação encontrada foi de 42,7% do tamanho da presa em relação ao tamanho do predador. |
CONCLUSÃO: |
A captura foi significativamente menor na revisão do meio dia. A estação do ano com maior captura foi o outono. As traíras do rio Vacacaí apresentaram um alto grau de vacuidade e um baixo grau de repleção médio, concordando com o tipo de hábito alimentar da espécie. Os Characiformes constituíram a principal fonte de alimento, com destaque para Astyanax sp. O tamanho médio das presas consumidas foi em torno de 27% do tamanho do predador. |
Palavras-chave: Erythrinidae, Alimentação, Vacacaí. |