63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 1. Anatomia Animal
AÇÃO DO HORMÔNIO 17-β-ESTRADIOL NO TESTÍCULO DE Lithobates catesbeianus (ANURA)
Classius de Oliveira 1,3
Eduardo Alves de Almeida 2
Mariana Navarro Garcia 3
Juliane Silberschmidt Freitas 3
Lilian Franco-Belussi 3
Rodrigo Zieri 1
1. Depto. de Biologia – IBILCE – UNESP/SJRP
2. Depto. de Química e Ciências Ambientais – IBILCE – UNESP/SJRP
3. Programa de Pós Graduação em Biologia Animal - IBILCE – UNESP/SJRP
INTRODUÇÃO:
Hormônios sexuais podem ser encontrados nos ambientes aquáticos em concentrações fisiológicas, ou seja, muito próximas das encontradas no organismo. A classe mais conhecida de hormônios esteroidais é a dos estrogênios, responsáveis por características femininas secundárias relacionadas ao crescimento, desenvolvimento e metabolismo. O estrogênio mais potente produzido pelos humanos é o 17-β-estradiol. As ações estrogênicas incluem alterações nos níveis de vitelogenina no sangue de animais machos visto que, geralmente, somente fêmeas apresentam grande produção, alteração na atividade de enzimas de biotransformação de xenobióticos, feminização, indução ao hermafroditismo, inibição no desenvolvimento das gônadas e declínio na reprodução. O presente trabalho teve como objetivo verificar a ocorrência de alterações morfológicas nas gônadas masculinas do anuro L. catesbeianus, frente à exposição ao esteróide 17-β-estradiol em diferentes concentrações (500 μg/Kg e 1000 μg/Kg corporal).
METODOLOGIA:
Foram utilizados 15 machos de L. catesbeianus. O hormônio 17-β-estradiol (Sigma Chemical Co.) foi dissolvido em óleo vegetal de procedência comercial. O hormônio foi administrado em diferentes concentrações, por 40 dias, para análise morfofisiológica. Em 5 deles foi administrado 1000 µg/Kg corporal. Nos outros 5 foi administrado 500 µg/Kg. O hormônio foi aplicado a cada 48h por 40 dias (injeções subcutâneas no saco linfático dorsal). A quantidade aplicada foi 50 µL. Para o grupo controle, foram 5 animais, apenas 50 µL de óleo. O anestésico benzocaína foi utilizado para eutanásia. No processamento histológico foi utilizado o fixador Karnovsky (paraformaldeído 5% e glutaraldeído 2,5% em tampão fostato Sörensen 0,1M, pH 7,2), incluído em historresina (Leica-historesin embbeding kit). Cortes de 3 micrometros foram corados com H-E e observados em microscópio DM 4000 (Leica, Germany), acoplado ao sistema de captura de imagens (Image Manager - IM50). Índice calculado foi o IGS (gonadossomático), obtido pela fórmula: Wg/Wt x 100, onde Wg = peso da gônada e Wt = peso total. As análises estatísticas foram feitas no software Statistica 7. Os resultados foram paramétricos e, portanto, foi aplicado o teste ANOVA One-Way. Em casos de p < 0,05, o teste post-hoc utilizado foi Tukey.
RESULTADOS:
Foram detectadas diferenças relevantes no IGS (ANOVA One-Way, F = 6,96, g.l. = 2, p = 0,009). A diferença foi observada entre o controle e o tratamento com a dose de 1000 μg/Kg (Tukey, p = 0,009). O IGS apresentou diminuição progressiva conforme a dose foi aumentada. Como é um hormônio feminino natural esperava-se a redução do IGS. LI et al. (2006) afirmam que o hormônio 17-β-estradiol induz a ruptura e fusão dos túbulos seminíferos em L. catesbeianus e sugere o desaparecimento gradual do epitélio germinativo, o que explicaria a diminuição do IGS. A espermatogênese dos anuros é cística, ou seja, células germinativas ocorrem em grupos organizados no mesmo estágio de diferenciação. Esta organização foi comprometida com o 17-β-estradiol. A análise histológica revelou nítida reorganização da espermatogênese, com redução drástica dos espermatócitos. Ambas as doses foram efetivas para causar danos à espermatogênese. A resposta ao hormônio foi gradativamente maior. Também houve variação no tamanho do estroma. Corpos apoptóticos não foram encontrados, mostrando que as células germinativas não morreram e sim pararam de se dividir, o que está relacionado ao desaparecimento gradual do epitélio germinativo testicular de L. catesbeianus, previamente relatado por LI et al. (2006).
CONCLUSÃO:
O IGS tem um decréscimo à medida que a concentração hormonal aumenta, ou seja, obteve-se uma resposta inversamente proporcional.
Na análise histológica do testículo nota-se um processo de rearranjo celular nas células germinativas dos animais dos grupos tratados com as duas doses (500 µg/Kg e 1000 µg/Kg) de hormônio feminino, além de um aumento no tamanho do estroma.
Palavras-chave: Testículo, Espermatogênese, 17-β-estradiol.