63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
PERFIL, FATORES DE RISCO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES RENAIS CRÔNICOS EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO EM UMA UNIDADE DE NEFROLOGIA DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
Bárbara Letícia Dudel Mayer 1
Rosane Maria Kirchner 2
Laura de Azevedo Guido 3
Dulce Aparecida Barbosa 4
Rosane Conceição Gonçalves Mastella 1,5
Eniva Miladi Fernandes Stumm 1,6
1. Depto.Ciências da Saúde, Universidade Reg. do Noroeste do Est. do RGS/UNIJUI.
2. Profa. Dra. Colaboradora, pesquisadora da CESNORS - UFSM.
3. Profa. Dra. Colaboradora, pesquisadora da UFSM - Santa Maria/RS.
4. Profa. PhD. Colaboradora, pesquisadora da UNIFESP - São Paulo/SP.
5. Profa. Esp. Colaboradora, pesquisadora da UNIJUÍ.
6. Profa. Mestre./Orientadora - Depto.Ciências da Saúde - UNIJUI.
INTRODUÇÃO:
A Insuficiência Renal Crônica é caracterizada pela diminuição da função dos rins, normalmente, ao longo de anos. É uma doença que conduz o paciente a um estresse emocional intenso, resultante das mudanças em sua vida. Geralmente, os problemas associados à doença incluem isolamento social, perda de emprego, dependência da Previdência Social, perda da autoridade no contexto familiar, afastamento dos amigos, impossibilidade parcial de locomoção, de passeios e viagens prolongadas em razão da periodicidade das sessões de hemodiálise, diminuição da atividade física, disfunção sexual, entre outros (MARTINS & CESARINO, 2005). Esta pesquisa justifica-se pela importância da atenção à doença renal e ao tratamento. A doença renal é um problema de saúde pública que traz uma série de limitações aos portadores da mesma, tais como mudança nos hábitos alimentares, atividades físicas, dependência ao tratamento, alterações psicológicas, entre outros. Todos esses fatores interferem na qualidade de vida (QV) dos pacientes. Assim, o objetivo geral da pesquisa é “Avaliar o perfil, fatores de risco e a QV de pessoas em tratamento hemodialítico, assistidas em uma Unidade Renal de um hospital Porte IV da região noroeste do estado do Rio Grande do Sul”.
METODOLOGIA:
Pesquisa quantitativa, descritiva, inferencial, multicêntrica, realizada na Unidade Renal do Hospital de Caridade de Ijuí-HCI, município da região noroeste do Rio Grande do Sul. Participaram todos os pacientes em tratamento hemodialítico (77), residentes no referido município, assistidos na Unidade e que aceitaram integrarem-se à população estudada. Foram observados todos os aspectos éticos que regem uma pesquisa com pessoas. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM, Parecer Consubstanciado nº 02780243000-09. A coleta de dados ocorreu nos meses de maio a julho de 2010. Foram utilizados dois instrumentos, um criado e testado pelas pesquisadoras, com variáveis de identificação, sociodemográficas e relacionadas à insuficiência renal crônica e o instrumento Kidney Disease and Quality of Live-Short Form (KDQOL-SFTM), para avaliar a QV dos pesquisados. Inicialmente foi realizado um trabalho de familiarização com os quatro bolsistas voluntários e a bolsista PIBIC 20horas, pelas pesquisadoras. Após foi realizado um teste piloto, no qual cada estudante aplicou os dois instrumentos a um paciente renal crônico. Sequencialmente procedeu-se a coleta de dados e a análise dos mesmos foi realizada com estatística descritiva e o software estatístico SPSS.
RESULTADOS:
Trata-se de uma população, a maioria, do sexo masculino (70,1%), com idade de 50 a 70 anos ou mais, 59,7% são casados e a grande maioria (87%) possui filhos. 42,9% dos pacientes são oriundos de outras cidades, 41,6 % residem na área central de Ijuí e os demais (15,6%) no interior do respectivo município. Esse resultado mostra que, o fato de os pacientes residirem longe da Unidade pode se constituir em um fator estressor. Quanto à escolaridade, constata-se que 66,2% cursaram o ensino fundamental incompleto e 15,6% o ensino médio completo, de acordo com a literatura estudada. A maioria (79,2%) é aposentada e os demais estão em auxílio doença; 42,9% residem com companheiro 16,9% com esposa e filhos e 10,4% com filhos. Verifica-se também que a grande maioria (84,4%) não possui outro plano de saúde a não ser o SUS e que 40,3% deles, atualmente, estão em licença saúde. O resultado denota o baixo poder aquisitivo da maioria dos pesquisados. O uso do KDQOL-SFTM mostrou que as dimensões com menores escores médios foram: situação de trabalho (20,78), função física (22,8) e função emocional (25,97). As mesmas obtiveram valor de 0 (zero) em suas medianas que permite identificar as três dimensões mais comprometedoras da QV.
CONCLUSÃO:
O perfil dos pesquisados é corroborado pela literatura. Destaca-se que a maneira pela qual a pessoa percebe e enfrenta uma doença crônica, tal como a Doença Renal Crônica Terminal, possui especificidades e estas interferem na sua própria percepção referente à avaliação da QV. Situações vivenciadas pelos pesquisados referentes a limitações de inserção e manutenção no mercado de trabalho é o fator principal e que compromete a avaliação da QV deles como ruim. Nesse sentido, conhecer o perfil dos pacientes renais crônicos em programa hemodialítico em uma Unidade Renal bem como avaliar a QV deles, possibilita aos profissionais que integram a equipe responsável pelos cuidados aos mesmos, o planejamento e implementação de ações direcionadas as reais necessidades de cada um, no sentido de qualificar e personalizar a assistência a esse contingente expressivo da população que necessita e deve ser mais bem cuidada. Evidencia-se que os pesquisados sofrem alterações negativas em sua QV, decorrentes da doença crônica e os resultados dessa pesquisa podem se constituir em indicadores importantes para a atuação dos profissionais da saúde, responsáveis pelo cuidado e, em especial, enfermeiros, no sentido de obter maior adesão dos pacientes ao tratamento e melhora da sua QV.
Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica, Qualidade de vida, Perfil epidemiológico.