63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública |
MEDIDAS DE CONTROLE DE INFECÇÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA: ENFOQUE SOBRE A ADESÃO DOS PROFISSIONAIS DAS EQUIPES MÉDICA E DE ENFERMAGEM. |
Mayara Regina Pereira 1 Marinésia Aparecida Prado Palos 1 Nádia Ferreira Gonçalves Ribeiro 1 Karina Suzuki 1 Janaína Moreira Lacerda 1 Milca Severino Pereira 2 |
1. FEN/UFG 2. PUC/GO |
INTRODUÇÃO: |
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um local destinado à assistência e recuperação de usuários com agravos clínicos e cirúrgicos de maior complexidade. A tecnologia e procedimentos invasivos aplicados à assistência ao usuário nessa unidade têm em vista o prolongamento da sobrevida em situações adversas. Tal tecnologia, por um lado é altamente positiva, por outro, ela também pode estar associada a agravos e iatrogenias, os quais aumentam a vulnerabilidade desses usuários às Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (IRAS). É importante ressaltar que as IRAS, constituem um problema de saúde mundial, pois prolongam o período de internação, em média de 5 a 15 dias, afastando o usuário da família e do trabalho, além de elevar os custos com a assistência. Frente às evidências na literatura, associada às recomendações da Organização Mundial de Saúde à segurança do paciente percebe-se a importância da adesão às medidas de prevenção e controle de IRAS pelos profissionais de saúde (PS). Contudo observa-se que no cotidiano do trabalho, a não valorização desses profissionais a tais medidas. Tal observação motivou a realização do presente trabalho, com o objetivo de caracterizar a adesão dos profissionais das equipes médica e de enfermagem das UTI às medidas de controle de infecção. |
METODOLOGIA: |
Estudo realizado de agosto de 2009 a julho 2010 em três UTI, sendo duas de atendimento a adultos com agravos clínicos e cirúrgicos, e uma neonatal, de um hospital de ensino de Goiânia, Goiás. A população foi constituída por 165 profissionais das equipes médica e de enfermagem, dos quais participaram 118 (71,5%). A inclusão dos participantes obedeceu aos seguintes critérios: pertencer às categorias profissionais - enfermeiro, técnico em enfermagem ou médico; estar presente no momento da coleta. Os dados foram obtidos por meio de um formulário, previamente avaliado quanto ao seu conteúdo, forma e pertinência aos objetivos do estudo. Esse formulário foi elaborado, segundo as unidades temáticas recomendadas na literatura especializada. Os dados coletados foram submetidos à codificação, e analisados utilizando-se o programa Epi-Info (versão 6.04. Center of Diseases Control-CDC) e de acordo com os princípios da estatística descritiva. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, sob o Protocolo-CEPMHA/HC/UFG N° 168/2008. |
RESULTADOS: |
O contato direto entre o profissional e o usuário durante a assistência os expõem a riscos, quando não são obedecidas as medidas de controle recomendadas. Dessa forma, os profissionais podem atuar como disseminadores de diferentes micro-organismos, intra e extra instituição. Quando abordados sobre esse quesito, 112 profissionais (94,9%) referiram tal conduta e seis (5,1%) não seguiram essa recomendação, os dados sinalizam falha a essa importante medida para que se interrompa a cadeia epidemiológica dos micro-organismos e consequentemente, a ocorrência de surto de IRAS na unidade. No tocante as Precauções Baseadas na Forma de Transmissão (PBFT), os profissionais demonstraram maior segurança quanto às precauções de contato. Porém, os resultados revelaram baixo conhecimento dos PS sobre as PBFT, as quais consistem no uso adequado de EPI específicos para cada uma delas. Dentre os EPI, verificou-se que a luva de procedimento foi o mais utilizado pelos participantes, (97,5%), seguido pelo capote (95,8%). Sabe-se que o uso de fômites é vetado ao PS durante sua jornada de trabalho, pois esses podem alojar diferentes micro-organismos favorecendo a contaminação cruzada, porém, o seu uso de fômites foi referido por 91 (77,1%) profissionais. |
CONCLUSÃO: |
Ao finalizar a análise dos dados, conclui-se que: - A adesão dos profissionais às medidas de controle de infecção foi considerada baixa, sendo que, a maioria dos PS confirmaram não ter segurança sobre o uso utilização inadequada das PBFT; - Os profissionais demonstraram conhecimento equivocado sobre as precauções de contato, sinalizando com isso, preocupação para o aumento e a seletividade de cepas bacterianas à resistência antimicrobiana; - constataram-se ainda atitudes inseguras durante a assistência prestada aos usuários da UTI, tornando-os vulneráveis a contaminação cruzada e a colonização por micro-organismos virulentos e resistentes aos antimicrobianos; As evidências identificadas na pesquisa, bem como, na literatura especializada reforçam a necessidade de se enfatizar a importância clínica, terapêutica e assistencial da adoção de medidas de controle de infecção em todos os serviços de saúde. As análises dos dados da investigação apontam para a necessidade de reforço metodológico e de conteúdo no processo de formação dos profissionais de saúde, assim como, dos trabalhadores em UTI. Para o campo da gestão do serviço, evidencia-se a necessidade de se estabelecer protocolos e medidas educativas sistematizadas para a aplicação na prática assistencial. |
Palavras-chave: Unidade de Terapia Intensiva, Pessoal de saúde, Controle de infecções. |