63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 5. Teoria Literária |
“PATRIOTISMO E AMOR DAS LETRAS”: ENTRE A HISTÓRIA E A GEOGRAFIA NO IHGB |
Nayra Marinho Silva 1 Lúcia Ricotta Vilela Pinto 2 |
1. Depto. de Estudos Linguísticos e Literários, Univ. Est. do Sudoeste da Bahia 2. Profa. Dra/ Orientadora – Depto. de Estudos Linguísticos e Literários- UESB |
INTRODUÇÃO: |
O presente trabalho tem como objeto a análise da configuração de um sentimento ligado à pátria forjado pelos letrados do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no contexto pós-independência. Movidos pelo que denominavam “amor à pátria”, esses literatos acreditavam escrever a genealogia da nação. Narrar a nação, tanto pela história quanto pela geografia, significava constituir a força de reconhecimento histórico de um passado nacional. E tal esforço, constituído mediante a escrita, baseou-se em uma fundação poética. Fundação essa expressa no que, aqui, iremos chamar de relação ternária entre as Letras, a História e a Geografia, cuja convergência visava a construção de uma narrativa esclarecida da história do Brasil. No entanto, acreditamos que os aspectos configuradores do patriotismo e da noção de pátria, tal qual concebida pelos letrados de outrora, supunham a dramatização ainda largamente artificial, pois não se pode conceber um sentimento de nação mediante uma recém independência, que ainda não possuía uma “estabilidade do Estado-Nação”. |
METODOLOGIA: |
Para realização deste trabalho, analisamos o Discurso, “discurso de caráter programático” do cônego Januário da Cunha Barbosa (1838), primeiro-secretário do IHGB. A metodologia constituiu-se em leitura sistemática, crítica e reflexiva, com elaboração de fichamentos e discussão em grupo de todo material tomado por base; levantamento e discussão de certos tópicos analisados com a orientadora; e produção textual crítica expondo as reflexões desenvolvidas no decorrer dos estudos. |
RESULTADOS: |
A partir das leituras, observamos como essa tentativa de criar um sentimento de nacionalidade, tal qual concebida pelos letrados do referido instituto, é passível de crítica. Uma vez que esse sentimento é construído artificialmente e a literatura é usada como portadora de “brasilidade”, só tal concepção corrobora a artificialidade desse patriotismo. A literatura como arma para exultação do patriotismo, segundo Luiz Costa Lima, “padeceu e padece, ao se lhe aplicar o critério de ‘brasilidade’ ”. |
CONCLUSÃO: |
Diante do que foi exposto, é notório o objetivo do IHGB nesse percurso historiográfico em que outrora se lançara para delinear a identidade da nação. Foi possível, também, pensarmos a estreita relação da história com a geografia nesse intento de esboçar os contornos do país, em que tão notoriamente se esforçou o Instituto. No que concerne ao patriotismo ,tal qual analisamos, esse sentimento devotado à pátria é forjado por necessidade de preencher as lacunas de uma nação recém criada. Portanto, apontamos nesse tal esforço, constituído mediante a escrita e uma escrita fincada em uma poética, uma dramatização dessa História à luz da Geografia contada por meio das letras. |
Palavras-chave: Patriotismo, Poética, Representação. |