63ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
APROVEITAMENTO DE FARELOSDE ARROZ VERMELHO NA ELABORAÇÃO DE BIOFILMES PARA EMBALAGENS COMESTÍVEIS
Rosana Araujo Cruz 1
Priscila Zaczuk Bassinello 2
Diego Palmiro Ramirez Ascheri 3
Selma Nakamoto Koakuzu 4
José Pereira Almeida 5
1. Bolsista PIBIC/ CNPq - Universidade Estadual de Goiás - UEG
2. Pesquisadora Dra./ Orientadora - Depto de Qualidade de Grãos - Embrapa Arroz e Feijão
3. Prof. Co-Orientador - Universidade Estadual de Goiás - UEG
4. Pesquisadora Colaboradora - Depto de Qualidade de Grãos - Embrapa Arroz e Feijão
5. Pesquisador Colaborador - Emprapa Meio Norte - Piauí
INTRODUÇÃO:
O arroz (Oryza sativa L.) é o cereal responsável pela dieta alimentar de mais da metade da população mundial, predominando preferencialmente o consumo do grão de pericarpo de coloração marrom claro e polido. Contudo, existem outros tipos de arroz denominados de tipos especiais, como aqueles de pericarpo colorido, mais especificamente de cor preto ou vermelho. O arroz vermelho, embora sejam considerados praga na orizicultura tradicional, é utilizado na dieta alimentar de populações em diversos países, inclusive em algumas regiões do norte e nordeste brasileiros.
A partir do beneficiamento do grão de arroz, obtém-se como um dos subprodutos, o farelo de arroz, que é uma excelente fonte de vitaminas, minerais, proteínas e óleo, como também resíduos de casca, fragmentos de grãos e teores variáveis de amido, um polissacarídeo essencial na formação dos biofilmes (SANTOS; NORIS; VIEIRA, 2006).
Com o intuito de criar produtos capazes de substituir e reduzir a demanda dos tradicionais plásticos à base de petróleo nas embalagens de alimentos, os quais são considerados agentes passivos ao meio ambiente, destaca-se a produção de biofilmes, provenientes de fontes renováveis e naturais, que são de baixo custo, biodegradáveis, podem ser ingeridos e disponíveis em todo mundo.
METODOLOGIA:
Primeiramente, foram beneficiados, em moinho de provas, os grãos em casca de diferentes genótipos de arroz vermelho cultivados na Embrapa Meio Norte, em Teresina-PI. Do polimento do grão, resultou o farelo de coloração avermelhada, utilizado como matéria-prima para a produção de biofilmes, desenvolvidos pela metodologia de casting. Estes farelos foram dissolvidos em água destilada com o uso do plastificante Sorbitol, formando uma solução filmogênica, que sob constante agitação, foi aquecida em banho-maria até atingir a temperatura de 70 ºC, permanecendo sob estas condições por 3 minutos, para que a gelatinização do amido fosse garantida. Em seguida, esta solução foi transferida para placas de Petri levadas à estufa de circulação de ar à 30º C, para permitir o processo de desidratação lenta até obtenção dos filmes. Após formação do biofilme, foi realizada uma avaliação visual da sua aparência e qualidade física e química. Nas amostras produzidas, foram determinadas as concentrações de antioxidantes, homólogos da vitamina E, por cromatografia líquida de alta resolução (Shimadzu), conforme o método de Chen e Bergman (2005) na Embrapa Arroz e Feijão.
RESULTADOS:
No beneficiamento do grão, dependendo do grau de polimento adotado, os farelos de arroz vermelho podem ser contaminados por um teor razoável de amido proveniente do endosperma do grão. O amido é um polímero natural (polissacarídeo), formado por cadeias longas de amilose e cadeias ramificadas de amilopectina, frações necessárias para a formação dos biofilmes. Além disso, possuem também a presença relevante de fibras alimentares, que reforçam as propriedades mecânicas, aumentando a tensão de ruptura, o que proporciona maleabilidade ao filme (DIAS, 2008), sem mencionar os efeitos funcionais benéficos à saúde humana por sua ingestão. Desta maneira, formaram-se filmes consolidados, inteiriços, de película fina e lisa, semi-transparentes, inodoros e com considerável resistência física. O biofilme produzido manteve similaridade à cor original do farelo de arroz vermelho, demonstrando que seus pigmentos foram conservados, bem como suas propriedades antioxidantes.
Os biofilmes formados podem ser qualificados para consumo humano, por terem sido utilizadas em sua composição substâncias naturais sem restrição de ingestão, como no caso o Sorbitol, utilizado como agente plastificante. Este composto é considerado um poliálcool, encontrado naturalmente em alguns frutos como a ameixa e a maçã, e possui um poder adoçante 50% menor que o da sacarose, e ainda não causa cáries (Calorie Control, 2010), o que pode ser um fator positivo ao seu consumo.
CONCLUSÃO:
Conclui-se que o farelo de arroz vermelho pode ser utilizado no preparo de biofilmes, mas ainda é necessário o aperfeiçoamento da sua formulação para melhoria das características físicas. A geração de novo conhecimento científico contribui para agregação de valor ao subproduto, fortalecendo a cadeia produtiva do arroz vermelho e oferecendo alternativas viáveis de produção de embalagens que não agridem ao meio ambiente e sejam provenientes de fontes renováveis, além de contribuir com a expansão da indústria de alimentos minimamente processados, prontos para o consumo, no mercado brasileiro.
Palavras-chave: Arroz Vermelho, Biofilmes, Embalagens Comestíveis..