63ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
EXPERIENCIA DE FORMAÇÃO NO PIBID LINGUAGENS
Letícia Gomes Cordeiro 1
Luiz Alexandre Oxley da Rocha 2
1. Bolsista PIBID, Graduanda em Educação Física - UFES
2. Prof. Dr./Orientador - Depto.de Ginástica - UFES
INTRODUÇÃO:
O projeto PIBID Linguagens é composto por 16 bolsistas do curso de Educação Física e 16 bolsistas do curso Letras, fundamentados nos objetivos do PIBID, convênio CAPES/UFES. A articulação entre as licenciaturas de Educação Física e Letras proporcionou aprendizados significativos por meio da linguagem que é fornecida pelas duas áreas e fomenta algumas características de natureza coletiva, norteada pela interdisciplinaridade. Nossa equipe desenvolveu uma proposta elaborada sob os fundamentos da pesquisa-ação, para as turmas do 1º ano do ensino médio da escola Almirante Barroso em Vitória/ES. O trabalho realizado na escola teve como fator motivador a crença na valorização da cultura juvenil e a busca de superação do estado de fragmentação do trabalho realizado pelas várias disciplinas que compõem o currículo escolar. Portanto, o objetivo principal deste artigo é apresentar a dinâmica da construção do Projeto a ser aplicado na escola e as experiências vivenciadas pela autora. Para construção da proposta foi necessário analisar, observar e buscar proposições na escola que tivessem como objetivo primordial fazer do aluno autor do seu processo de ampliação cultural. A equipe enfrentou inúmeras dificuldades e conflitos entre o que foi planejado e o que foi desenvolvido na prática.
METODOLOGIA:
Não possuíamos uma prática docente que mostrasse com o que nos depararíamos na escola. Referenciamo-nos e reuniões diárias e estudos para adentrarmos à escola. Alimentados tecnicamente, várias questões emergiram a medida que construíamos um diagnóstico relacionando problemas enumerados pelo corpo docente e discente. Descobrimos que os alunos demonstravam interesse por propostas inovadoras de ensino voltadas à cultura. Em contraponto os professores informavam que os alunos não se interessariam pela cultura. O problema da valorização da cultura era coletivo. Por acreditar que todo conhecimento deve ser adquirido de maneira investigativa, adotamos a pesquisa-ação como método. Para Contreras (1970) a pesquisa-ação alia-se às ações de diagnóstico inicial da realidade para a detecção do problema, acompanhamento e avaliação das ações, o que pode levar a um compromisso de mudança da realidade, já que o objeto da ação não é só o indivíduo, mas, o contexto geral que envolve o problema coletivo, neste caso a cultura. Analisamos, estudamos e buscamos proposições e discussões que fizessem dos aluno agentes no processo de ampliação do seu universo cultural e, então apresentamos nossa proposta de intervenção na escola Almirante Barroso: Cultura afro-brasileira no âmbito escolar.
RESULTADOS:
No segundo semestre de 2010, quando iniciamos nossa intervenção, a equipe de Português teve que se adequar ao conteúdo ministrado pela professora e a equipe de Educação Física reconstruiu a proposta. Nossa nova proposta foi tematizar a construção histórica do corpo, utilizando a obra “Brincadeiras” de Bruegel, pintor do século XVI, no sentido de resgatar historicamente os jogos e brincadeiras em seu contexto sócio cultural, contribuir com o desenvolvimento e emancipação dos alunos através das reflexões críticas sobre as práticas corporais desenvolvidas. Os professores que cederiam suas aulas, de imediato, falaram que atribuiriam nota aos alunos que participassem das aulas, assegurando assim a participação dos discentes. Não concordamos, no início. Mas foi necessário, já que os alunos demonstravam que só participariam se “valesse nota”. Não se preocupavam com o conhecimento. Outro problema foi o desrespeito à figura do professor. Advertência ou suspensão nada significavam. A indiferença também esteve sempre presente nas aulas, como se o conteúdo não fosse necessário e a escola fosse apenas um passatempo. A baixa freqüência dos alunos também nos afetou. Surgiu daí a necessidade de trabalharmos com temas transversais, como a falta de respeito, a competitividade e cooperação, etc..
CONCLUSÃO:
A metodologia dentro da proposta ora elaborada com a participação dos professores supervisores que se reuniam todas as semanas para debater desde a proposta curricular, rotina da sala de aula e a utilização dos jogos como instrumento de contextualização dos conteúdos com os bolsistas foi fundamental para a concretização da proposta. Mas diante de toda situação ainda nos perguntamos: será que nossa proposta cuidadosamente desenvolvida não seria o suficiente para envolvê-los? Foram tantas situações que poderiam nos remeter ao desânimo. Mas trabalhamos a todo o momento em prol do reconhecimento dos alunos e não foi em vão, pois obtivemos respostas, ao final, satisfatórias de poucos, mas relevantes alunos, que se interessaram em participar, vivenciar e discutir para além dos jogos e brincadeiras. Em nós não há sentimento de desmotivação para a carreira docente. Ao contrário, passamos a entender como são importantes projetos como o PIBID, que nos possibilitam não levar um choque com a realidade, saindo da teoria para a prática após a formação, mas, de outra forma, nos colocam dentro da escola com total amparo.
Palavras-chave: Formação, Conflitos, Experiência.