63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
PERFIL DOS ALUNOS DO PAJA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DA EJA DE NOVA XAVANTINA-MT
Ivanilton Ferreira Costa 1
Maria José de Lima 2
Cristiane Lopes de Souza 3
1. Depto.de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso- UNEMAT
2. Profa. MSc./Orientadora - Depto.de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso- UNEMAT
3. Depto.de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso- UNEMAT
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento de uma sociedade passa essencialmente pela educação. Estudos estão sendo realizados no campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na tentativa de minimizar os problemas do baixo rendimento escolar, o acesso e a permanência dos sujeitos na Educação Básica. O Projeto de Alfabetização e Escolarização de Jovens e Adultos na Zona Urbana de Nova Xavantina – MT (PAJA/UNEMAT/EXTENSÃO) desenvolve há quatorze anos, a alfabetização e escolarização de alunos da EJA do 1º segmento, tendo como base teórica, Paulo Freire (2002). No referido período superou-se vários desafios em termos de ensino – aprendizagem. O objetivo dessa pesquisa foi identificar o perfil socioeconômico, necessidades e expectativas dos estudantes que retornam à escola ou inicia seus estudos, a fim de promover a melhoria das práticas pedagógicas dos educadores. Acredita-se que a mudança ocorrida nos aspectos técnicos e pedagógicos do sistema educacional não tem contemplado satisfatoriamente as necessidades e expectativas dos jovens e adultos, fator principal para uma Educação transformadora, por isso, este estudo torna-se relevante por contribuir com as inovações nas práticas pedagógicas dos educadores que atuam na modalidade de ensino Fundamental e Médio, através do conhecimento da realidade dos alunos.
METODOLOGIA:
A presente pesquisa foi realizada com alunos do Projeto de Alfabetização e Escolarização de Jovens e Adultos (PAJA), no Município de Nova Xavantina-MT. O público-alvo da pesquisa totaliza 150 alunos matriculados em séries multisseriadas, organizados em seis turmas e distribuídos em diferentes bairros da cidade para o melhor atendimento dos sujeitos e para facilitar o acesso à escola. Esta pesquisa é de natureza descritiva que segue uma abordagem qualitativa. Para o levantamento de dados foram utilizados uma entrevista com 6 (seis) questões semiestruturadas. Num segundo momento foram realizadas visitas em domicílios para a observação das práticas sociais e simultaneamente conversas informais e registros fotográficos. Os dados foram agrupados em três categorias básicas dentre as quais focalizamos: a condição socioeconômica, cultura e lazer, expectativa e desafios dos sujeitos.
RESULTADOS:
Os estudantes estão entre a faixa etária de 40 e 80 anos e 70% são do sexo feminino. Quanto ao nível de ocupação encontrou-se subempregos, tarefeiros temporários, aposentados, desempregados e uma minoria de trabalhadores autônomos. Observou-se que estes estudantes foram excluídos nas esferas socioeconômicas e educacionais, por não saberem ler e/ou escrever e foram prejudicados pela não participação ativa no mercado de trabalho, na política e na cultura. O lazer, na maioria das vezes, fica restrito aos encontros familiares, festejos e eventos comunitários. Os alunos possuem algumas dificuldades diferenciadas para freqüentarem a escola, tais como: problemas familiares e de saúde, cansaço físico, idade elevada, distância entre a residência e escola, transporte e alimentação. Destacamos também as práticas sociais desenvolvidas em seus cotidianos, como, serviços domésticos, artesanatos, marcenaria, torneiro mecânico, serralheiro, costureira, dentre outros. Estes sujeitos atuam no mundo do trabalho com seus conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da vida, independente de sua escolarização.
CONCLUSÃO:
A EJA é uma modalidade de ensino que deve transcender alfabetização e a escolarização das séries iniciais, portanto, deve despertar para cidadania plena e consequente transformação social. Considerar a diversidade dos estudantes é promover a construção do conhecimento e inclusão social não só no mundo do trabalho, mas também fazer com o que esses sujeitos tenham ideias próprias e uma visão crítica do mundo. No entanto, necessitamos de políticas públicas que venham a atender às expectativas, aos interesses e preocupações desses alunos. Espera-se que a escola possa desenvolver um trabalho competente capaz de fazer com que esses sujeitos possam melhorar sua autoestima, adquiram poder de decisão e, consequentemente, a qualidade de vida. As exigências do mundo atual, a conquista da liberdade perpassa pela inclusão de uma escola que promova a igualdade entre os homens e mulheres; desenvolva a autonomia e proporcione o acesso à uma educação permanente que estimule a plena participação na sociedade. Nessa direção, a presente pesquisa fica aberta para outras reflexões que venham contribuir para uma inovação nas práticas pedagógicas dos educadores da modalidade de EJA.
Palavras-chave: Perfil socioeconômico, Escolarização, Práticas pedagógicas.