63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
O BRINCAR NA ESCOLA: O JOGO E AS POSSIBILIDADES DA BRINCADEIRA
Raquel Firmino Magalhães Barbosa 1
Cleomar Ferreira Gomes 2
1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação/IE/UFMT
2. Prof. Dr./Orientador do Programa de Pós-Graduação em Educação/IE/UFMT
INTRODUÇÃO:
O brincar na Educação Infantil possibilita conhecer a infância, suas estruturas, seus comportamentos e seus sentimentos, favorecendo a apreciarmos melhor a alma infantil, observando e explorando sua realidade, nos colocando inteiramente no lugar da criança.
Contudo, para que consigamos refletir sobre este fato, é preciso que os professores conheçam cada etapa e as respectivas características pela qual a criança irá passar e o espaço para a realização do jogo.
Para isso, esta pesquisa irá se delimitar apenas a Educação Infantil, buscando ampliar o olhar sobre o brincar, o corpo e o jogo em seu desenvolvimento, com o objetivo de analisar o jogo e conhecer as brincadeiras das crianças na Educação Infantil, desenvolvendo um campo rico de experiências para todos os profissionais que vivenciam o cotidiano das crianças, sejam eles pedagogos, professores de Educação Física, psicólogos, dentre outros.
Dessa forma, poderemos compreender melhor o universo infantil, estimulando e contribuindo com o seu conhecimento para a vida futura em diversos aspectos como o motor, cognitivo, afetivo, social e cultural.
METODOLOGIA:
Este estudo baseou-se em uma pesquisa-ação do tipo descritivo-exploratório, com a revisão bibliográfica de artigos e livros sobre o jogo, o brincar, o desenvolvimento infantil, e o trabalho de campo, com observações e questionários realizados com professores da Educação Infantil.
Foram pesquisadas duas escolas da rede municipal de Cáceres/MT, com um total de dezesseis professores que ministram aulas na Educação Infantil para alunos entre três e cinco anos de idade.
Para a coleta de dados foi disponibilizados aos professores pesquisados um questionário aberto com um total de dez perguntas, com o objetivo de recolher um maior número de informações a respeito do tema.
Também foram feitos relatórios, perguntas e registros fotográficos dos alunos, visando verificar o comportamento e as brincadeiras em sala de aula e na rotina escolar.
Para a tabulação dos resultados, foi realizada uma análise qualitativa do questionário e escolheu-se a categorização dos dados com o intuito de apontar os temas mais significativos para melhor compreensão sobre a importância do jogo no espaço escolar. A divisão foi composta por cinco categorias descritas a seguir: desenvolvimento das brincadeiras, brincadeiras favoritas e o jogo para a criança.
RESULTADOS:
Na categoria “Desenvolvimento da brincadeira”, observou-se uma rotina de atividades ligadas mais ao conteúdo do que livre. Em contrapartida, certos alunos realizavam outros tipos de atividades durante a aula e eram repreendidos, sob pena de não participarem de momentos como dançar, brincar, parquinho, quadra e recreio.
Na categoria “Brincadeiras favoritas”, as brincadeiras acontecem de forma mais espontânea fora da sala de aula e em horário previsto, onde os alunos estão livres e brincam do que sentem vontade: correm, pulam, sobem em árvores, tagarelam, além de brincadeiras tradicionais como corre cotia, coelhinho sai da toca, jogos imaginários (faz-de-conta, de profissões), queimada, amarelinha, pega-pega, jogo da memória, boneca, futebol, boliche, brincadeira de roda, jogo de encaixe, quebra-cabeça, adivinhas, brincar na areia, tira e põe, ou simplesmente, correr, pular, saltar, dançar.
Na terceira categoria “O jogo para criança”, os professores ressaltaram a importância do jogo, ajudando na aprendizagem, na cooperação, no desenvolvimento motor e social, preparando a criança para a vida adulta e através do seu mundo imaginário ela interage com a realidade, além de fazer amigos e aprender a conviver, respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas.
CONCLUSÃO:
O estudo revelou a necessidade infantil de empregar o corpo em movimento para realizar as brincadeiras, utilizando meios como a linguagem, a expressão corporal e o lúdico para concretizar o ato de brincar. Entretanto, mostrou que acontecem dentro de uma rotina escolar, com espaços e horários específicos, e na maioria das vezes, de forma orientada, diminuindo a liberdade e a espontaneidade nas ações proporcionada pelo jogo.
Já os movimentos percebidos em suas brincadeiras expressaram uma linguagem espontânea e tradicional, usufruindo da riqueza cultural que está presente nos jogos infantis.
Em relação à percepção sobre o jogo, os professores compreenderam a sua importância como sendo de grande valia para o desenvolvimento infantil. Com isso, os princípios do jogo podem ser uma proposta norteadora para aplicar durante a aprendizagem, ressaltando o prazer, sem impedir a mobilidade, pois para a criança, o jogo é tudo: é movimento, alegria, prazer, aprendizado e interação.
Assim, poderemos compreender melhor o universo infantil, utilizando ferramentas que estimule e contribua com a aprendizagem e as possibilidades de brincadeiras na escola, enfatizando o movimento, a corporeidade e a cultura, onde o jogo pode ser um instrumento para atingir esses objetivos.
Palavras-chave: Infância, Brincadeira, Jogo.