63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 6. Recursos Florestais e Engenharia Floresta
COMPORTAMENTO DE MUDAS DE Manilkara huberi (Ducke) A. Chev. PLANTADAS EM CLAREIRAS FORMADAS PELA EXPLORAÇÃO FLORESTAL DE IMPACTO REDUZIDO NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Tatiana da Cunha Castro 1
João Olegário Pereira de Carvalho 2
Ademir Roberto Ruschel 3
Jaqueline Macêdo Gomes 4
1. Pós-graduanda em Ciências Florestais – Univ. Federal Rural da Amazônia - UFRA
2. Profº.D.Phil /orientador - UFRA
3. Pesquisador - Embrapa Amazônia Oriental
4. Pós-graduanda em Ciências Florestais - UFRA
INTRODUÇÃO:
Os tratamentos silviculturais são fundamentais para a condução do manejo sustentável das florestas tropicais, especialmente para quem deseja manejar a floresta para a produção de madeira, pois através da aplicação dessas técnicas é possível elevar o potencial produtivo da floresta, e ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade do ecossistema. O enriquecimento de clareiras é um dos tratamentos silviculturais aplicados em florestas tropicais, que consiste no plantio de espécies comerciais em clareiras ocasionadas pela exploração florestal, visando principalmente aumentar a qualidade produtiva da floresta. As espécies florestais podem se comportar de forma diferenciada em relação ao nível de abertura do dossel, devido a isso é importante que se conheça as características ecológicas de cada espécie, pois com essas informações torna-se possível indicar as espécies adequadas para plantio em cada tamanho de clareira, além de possibilitar melhorar o manejo da floresta para o aproveitamento racional dos recursos florestais. Diante do exposto, objetivou-se analisar a sobrevivência e o crescimento de mudas de Manilkara huberi plantadas em clareiras causadas pela exploração florestal de impacto reduzido, durante um período de cinco anos, em uma floresta de terra firme, Paragominas, Pará.
METODOLOGIA:
O experimento foi instalado em 2005, pela Embrapa Amazônia Oriental em 700 ha de floresta de terra firme na Fazenda Rio Capim, que pertence a empresa Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda, localizada no município de Paragominas, Pará. A área foi explorada no ano de 2004. Na área experimental foram instalados sete tratamentos. Em dois desses tratamentos (T4 e T5) foi feito o plantio de mudas de espécies arbóreas em clareiras causadas pela exploração florestal. Na área foram selecionadas 400 clareiras, porém Manilkara huberi foi plantada em apenas 57 clareiras deste total. Foram plantadas na área 150 mudas da espécie, sendo em média 3 mudas por clareira. A sobrevivência e o crescimento em altura foram avaliados em três diferentes tamanhos de clareiras, pequenas (200m² - 400m²); médias (401m²- 600 m²) e grandes (área ≥ 600 m²). Foram realizadas quatro avaliações na área (2005, 2006, 2008 e 2010), compreendendo um período de cinco anos. O crescimento da espécie foi determinado por meio do incremento periódico anual em altura e a taxa de sobrevivência pela frequência de mudas dentro de cada tamanho de clareira para cada período. O delineamento utilizado foi o inteiramente ao acaso. Para os cálculos estatísticos foi utilizado o programa BioEstat 5.0.
RESULTADOS:
A taxa de sobrevivência da espécie foi de 67,33%, aos cinco anos após o plantio, independente dos tamanhos das clareiras. A sobrevivência foi maior em clareiras pequenas, apesar de existir uma pequena diferença em relação às clareiras médias. Nos três tamanhos de clareiras avaliados, nota-se que no período de 2008 a 2010, a espécie teve maiores taxas de sobrevivência, quando comparado com os demais períodos. Isso explica que com o passar dos anos, as alterações no ambiente tendem a ser menor, com o gradual fechamento das clareiras, aumentando assim a taxa de sobrevivência das espécies, especialmente das tolerantes à sombra. O incremento periódico anual em altura de Manilkara huberi, considerando o período de cinco anos após o plantio, foi de 6,97 cm.ano-1, independente dos tamanhos de clareira. Apesar de nas clareiras médias o crescimento em altura ter sido de 2,63 cm e 2,69 cm a menos que nas clareiras pequenas e grandes, respectivamente, não houve diferença significativa no crescimento. Considerando a população total da espécie, independente do tamanho de clareiras, pode-se observar que, o maior crescimento ocorreu no período de 2006 a 2008, com 8,98 cm.ano-1, o mesmo ocorreu levando em consideração os diferentes tamanhos de clareiras.
CONCLUSÃO:
Recomenda-se fazer o plantio de Manilkara huberi, preferivelmente em clareiras pequenas, onde a espécie teve maiores taxas de sobrevivência. A luz não foi um fator limitante para o crescimento das mudas de Manilkara huberi, pois se comportou de forma semelhante nos três tamanhos de clareiras avaliados. Para acelerar inicialmente o crescimento da espécie em plantios de enriquecimento, faz-se necessário realizar limpezas nas clareiras para eliminar espécies que competem por luz e nutrientes. Necessita-se de um período mais longo, para avaliar o crescimento e a sobrevivência da espécie, para assim confirmar sua utilização em plantios de enriquecimento de clareiras causadas pela exploração florestal, com vista ao manejo adequado e sua utilização sustentável, já que se trata de uma das espécies comerciais, mais abundantes e colhidas na Amazônia.
Palavras-chave: Maçaranduba, Enriquecimento de Clareiras, Tratamentos silviculturais.