63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
CONCEPÇÕES DE PROFESSORES ACERCA DO USO DO LIVRO DIDÁTICO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA |
Elaine Carneiro Pinheiro 1 Joseana Stecca Farezim Knapp 2 Roque Ismael da Costa Güllich 3 |
1. Acadêmica de Ciências Biológicas - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD 2. Profa./ Orientadora - Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD 3. Prof./ Colaborador - Depto de Ciências Biológicas - Universidade Federal da Fronteira do Sul - UFFS |
INTRODUÇÃO: |
O currículo de Ciências no Brasil vem sendo estudado por teóricos da área do Ensino de Ciências e Biologia, desde a década de 50 em especial por Krasilchik (1994; 2004). Cabe ressaltar que especial referência nesta área tem os estudos de currículo (LOPES, 2007) e livro didático de Ciências estabelecendo amplamente linhas de pesquisa que possibilitam um redimensionamento neste campo de pesquisa, articulando a perspectiva das concepções acerca do uso do livro, como sendo uma delas. As pesquisas da área têm possibilitado à análise de currículos brasileiros na maioria dos componentes disciplinares da escola básica e tem colocado a disposição inúmeros estudos sobre as interfaces do currículo em ação e seus papéis na formação de professores em diversas áreas, em especial na área de Ciências. Estes estudos e pesquisas recentes facilitam a compreensão do modo como são produzidas as identidades curriculares nas escolas e nas áreas do conhecimento, bem como nos permitem afirmar que associação a produção dos currículos no Brasil têm com documentos oficiais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e os livros didáticos distribuídos amplamente e de forma gratuita no Brasil pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) criado em 1994, mas que tem sua história remontada desde a década de 1930 (BRASIL, 2001). |
METODOLOGIA: |
O trabalho foi desenvolvido dentro da abordagem qualitativa de pesquisa em educação conforme prescreve Lüdke e André (2001), contanto com participação no grupo de formação continuada em Ciências de professores municipais e estaduais de Dourados-MS (2009), coordenado por docentes da FCBA- UFGD em parceria com a Secretaria Municipal de Educação para aplicação dos questionários e início do vínculo de pesquisa entre licencianda, orientadora e professores da rede pública. Os questionários foram do tipo aberto de modo que os professores puderam expressar livremente seus pontos de vista acerca da temática da pesquisa, seja ela: o livro didático de ciências. Após a aplicação dos questionários estes foram analisados e categorizados a partir de análise temática de conteúdos conforme Bardin (1997) para que as concepções acerca do uso do livro didático de Ciências/Biologia na escola básica pudessem emergir da respectiva análise. Na aplicação dos questionários foram resguardados os princípios éticos da pesquisa com seres humanos expressos na resolução 196/96 do CNS que trata do uso do Termo de Consentimento Livre e Informado. |
RESULTADOS: |
Os resultados preliminares da pesquisa permitem vislumbrar que o uso do livro didático como ferramenta de ensino é ressaltado pelos professores, onde 26 professores dentre os 28 entrevistados utilizam o livro em sua prática. Isso implica em uma prática que vai garantindo a transmissão de determinados erros e defasagens conceituais, implicando também em posturas que vão tornando o professor dependente do livro. O livro didático imprime direção ao processo pedagógico e baseada nesta prerrogativa é que Geraldi (1993, p. 226) arrisca afirmar que “o livro didático adota o professor e não o inverso”. Essa adoção não se dá somente pela presença física do livro, “mas pela ‘maquinária didática’ que o constitui, incorporando - seao saber-fazer do professor, independentemente da presença física do livro didático” (GERALDI, 1993). Conforme estudos da área, os professores também trazem consigo uma estrutura conceitual defasada advinda de seu processo de formação-escolarização. Assim, pode ser que estes professores, muitas vezes, sentem-se envergonhados em demonstrar em suas respostas o quanto utilizam do livro didático no dia-a-dia. O livro didático é um veículo de informações que está a serviço do professor e dos estudantes, considerado ainda um método de ensino, e por isso é considerado a temática de diversas pesquisas em Educação. |
CONCLUSÃO: |
O livro didático ainda é muito utilizado na escola e é determinante dos modos como o ensino é trabalhado, bem como dos currículos que são observados nas escolas. Desse modo, analisar o seu papel, bem como a interferência na docência em Ciências favorece a crítica aos modelos tradicionais de ensino e expressão da Ciência, bem como permite uma formação inicial e continuada de professores da área que estejam mais preparados a desconfiar deste instrumento didático que acaba adotando o professor. Os livros didáticos são como agentes apresentadores do currículo pré-elaborado para os professores, sendo que considera o uso de tais meios inerente às vezes ao próprio exercício profissional. Cabe destacar que os livros-textos no sistema escolar não são como outros produtos culturais, nem são livros comuns numa sociedade de livre mercado, são peculiares em sua concepção, em suas funções e nas leis de produção e consumo pelas quais funcionam (SACRISTÁN, 2000, p. 152). As concepções dos docentes investigados ressaltam aspectos descritos na literatura da área, bem como corroboram a idéia de que com o tempo o “livro é que adota o professor”, reafirmando o papel da formação inicial e continuada como preconizadores da discussão acerca do tema, pontuando de modo especial que o professor precisa sempre (re)aprender a utilizar o livro didático, de modo a exercer uma crítica consistente e efetiva no sentido de poder delimitar o seu papel na aula de Ciências. |
Palavras-chave: Ensino de Ciências, Currículo, Formação continuada. |