63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 6. Recursos Florestais e Engenharia Floresta
DINÂMICA DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DURANTE 26 ANOS EM UMA ÁREA EXPLORADA NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS
João Olegário Pereira de Carvalho 1
José Natalino Macedo Silva 2
Lia de Oliveira Melo 3
Ademir Roberto Ruschel 4
Tatiana da Cunha Castro 5
1. Eng. Florestal, D.Phil., Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
2. Eng. Florestal, D.Phil., Serviço Florestal Brasileiro - SFB
3. Eng. Florestal, Dra., Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA
4. Eng. Agrônomo, Dr., Embrapa Amazônia Oriental
5. Eng. Florestal, Mestranda em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA
INTRODUÇÃO:
A composição florística é um dos primeiros parâmetros a serem analisados nas áreas florestais destinadas a pesquisa, a manejo silvicultural ou a quaisquer outros usos sustentáveis. É essencial estudar a composição floristica para se ter base para avaliar a estrutura da floresta, a diversidade, a distribuição espacial, a dinâmica e o crescimento das espécies vegetais. O presente estudo analisa a dinâmica da composição floristica de uma área de floresta explorada na Amazônia brasileira, no período de 26 anos. O principal o objetivo é entender as mudanças ocorridas na riqueza florística, considerando famílias, gêneros e espécies arbóreas, e ver até que ponto essas mudanças podem influenciar significativamente na composição das espécies arbóreas que farão parte do planejamento para futuras colheitas de madeira na área.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em área de pesquisa estabelecida e monitorada pela Embrapa Amazônia Oriental, conhecida como “Km 67”, na Floresta Nacional do Tapajós, na Amazônia brasileira. Os dados foram coletados em 36 parcelas permanentes (50 m x 50 m) de inventário florestal contínuo, instaladas aleatoriamente em 64 hectares, considerando indivíduos arbóreos com DAP (diâmetro a 1,30 m de altura do solo) igual ou superior a 5 cm. Foram realizadas oito medições nas parcelas permanentes no período de 26 anos (1981-2007). As parcelas foram estabelecidas dois anos após a exploração florestal de impacto reduzido realizada na área.
RESULTADOS:
Na primeira medição (1981), aos dois anos após a exploração, foram registradas 236 espécies em 154 gêneros, pertencentes a 58 famílias botânicas. Essa riqueza de espécies manteve-se praticamente constante durante todo o período monitorado, não havendo diferença significativa no número de espécies, gêneros e famílias entre os anos de medição. Entretanto, houve pequena flutuação no número de espécies, aumentando gradativamente até 1987, quando chegou a 242 espécies, reduzindo nos anos seguintes e voltando a crescer no último ano monitorado (2007), atingindo 241 espécies. Essa dinâmica foi devido à entrada de17 espécies nas parcelas monitoradas e saída de13. Dentre as espécies principais responsáveis por essa dinâmica, destacam-se: Prunus myrtifolia (cumarui), que estava na área desde o início do monitoramento, não foi encontrada de 1987 a 1992 e voltou a ser registrada na área em 1997; Psychotria deflexa (limorana) também desapareceu de 1992 a 1997, mas foi registrada novamente na área em 2007; e Vismia guianensis (lacre-branco) que foi registrada na área, pela primeira vez, em 1992, não foi mais encontrada em 1997.
CONCLUSÃO:
A análise do monitoramento, durante 26 anos, da dinâmica da composição florística de uma área explorada mostrou que a riqueza de espécies, em florestas onde se aplicam as técnicas de exploração florestal de impacto reduzido, sofre poucas alterações ao longo dos anos, inclusive sem significância estatística. Considerando que foram monitorados indivíduos desde 5 cm de diâmetro, pode-se concluir que a floresta continua com o mesmo potencial florístico, possibilitando colheitas futuras de madeira sem prejuízo para a diversidade, desde que sejam aplicadas as práticas de bom manejo, incluindo as técnicas de exploração de impacto reduzido
Palavras-chave: Manejo de Florestas Naturais, Dinâmica de florestas naturais, Floresta Nacional do Tapajós.