63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal
AVALIAÇÃO DAS ABELHAS JATAÍ (HYMENOPTERA; TRIGONINI) COMO BIOINDICADORES APÓS CONTAMINAÇÃO COM ORGANOFOSFORADOS
Lilian Ferreira Nakasugui 1
Maria Claudia Colla Ruvolo Takasusuki 2
Jose Ricardo Penteado Falco 3
1. Estudante pós graduanda - Depto de Biologia Celular e Genética - UEM
2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto de Biologia Celular e Genética - UEM
3. Prof. Dr. Depto de Biologia Celular e Genética - UEM
INTRODUÇÃO:
A principal característica das abelhas Jataí é de ser um importante agente polinizador, que mantém a diversidade florística e o equilíbrio ecológico. Entretanto estas abelhas são expostas a muitos inseticidas empregados no plantio de diversas culturas, possibilitando que estas sejam utilizadas como bioindicadores para determinar a presença de resíduos de alguns inseticidas no ambiente, bem como para detectar o nível de toxicidade perigosa para as abelhas frente a inseticidas comumente utilizados. A presença desses resíduos em abelhas poderia ser detectada por meio da análise de alterações na expressão das esterases. Estas isoenzimas participam do metabolismo intermediário dos organofosforados e da detoxificação do organismo dos insetos. Uma vez que as abelhas são extremamente sensíveis aos inseticidas organofosforados, elas podem ser usadas como bioindicadores. Sendo assim, este estudo teve por objetivo avaliar a sensibilidade das abelhas Jataí T. fiebrigi à contaminação por inseticidas e as alterações na expressão das esterases. Assim, essas abelhas poderão ser utilizadas por pequenos produtores da região de Maringá no biomonitoramento da presença de inseticidas.
METODOLOGIA:
Foram realizados os experimentos de contaminação com os inseticidas organofosforados Metafós e Folidol através do contato e da ingestão em abelhas Jataí (Tetragonisca fiebrigi). As concentrações testadas do inseticida Metafós para ambos os tratamentos foram de 0,01%; 1%; 10% e 50%. E as concentrações testadas para o inseticida Folidol foram de 0,01%; 0,001% e 0,0001%. Tanto para os experimentos por contaminação através do contato quanto por ingestão foram utilizadas 4 placas de petri, sendo 3 repetições e uma controle contendo 20 abelhas por placa. As abelhas foram mantidas nas placas por um período de 24 horas. Após esse período foi realizada a contagem das abelhas vivas. Logo após, foram sacrificadas e estocadas em frascos fechados a -20°C. Posteriormente, com as amostras estocadas foram realizadas as análises eletroforéticas em géis de poliacrilamida. As corridas eletroforéticas foram realizadas com 200 V em 4 °C. Para visualização das esterases nos géis foi utilizada uma solução de coloração com os substratos alfa e beta naftil acetato e o corante fast blue RR salt. Em seguida os géis foram incubados em estufa a 37°C até a completa revelação das regiões com atividade esterásica. Após a coloração os géis foram mantidos em solução conservante até o momento da secagem.
RESULTADOS:
Metafós: As análises das concentrações testadas mostraram que, a 0,01%; 1% e 10% não houve alteração na expressão gênica de nenhuma das esterases observadas. Diferentemente do que ocorreu com a concentração de 50%, que indicou uma inibição parcial das EST-2 e EST-4 com relação ao contato com o inseticida alterando a expressão dessas isoenzimas. A pequena mortalidade (inferior a 50%) indica que este inseticida possui baixa toxicidade para essas abelhas, ou seja, apesar do Metafós estar incluído na classe toxicológica de extremamente tóxico a sua utilização nas culturas causa baixa mortalidade nas abelhas Jataí. A análise da inibição das esterases de Jataí tem potencial para ser utilizada para detecção da presença do inseticida Metafós em regiões agriculturáveis.
Folidol: Nos bioensaios realizados com esse organofosforado nas concentrações 0,01%; 0,001% e 0,0001% houve mortalidade de 100% das abelhas T. fiebrigi submetidas a contaminação. Portanto, o folidol apresenta alta toxicidade para esses insetos. Não foi possível realizar análise da inibição das isoenzimas após contaminação das abelhas Jataí, devido à mortalidade obtida. A alta mortalidade de T. fiebrigi já é um indicador da presença do organofosforado folidol em agroecossistemas.
CONCLUSÃO:
Os inseticidas testados Metafós e Folidol apresentaram diferentes resultados quanto a sua toxicidade às abelhas Jatai. O Metafós possui baixa toxicidade tanto para as contaminações por ingestão quanto por contaminação por contato.
As EST-2 e EST-4 podem ser utilizadas como bioindicadores da presença do Metafós, pois houve inibição parcial da atividade relativa dessa isoenzimas após a contaminação.
O organofosforado Folidol é extremamente tóxico para T. fiebrigi, causando alta mortalidade que pode ser utilizada como bioindicador da presença desse inseticida em áreas agriculturáveis.
Palavras-chave: Metafós, Folidol, Biomonitoramento.