63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
RETRATOS EM NÚMEROS DAS JUVENTUDES VULNERÁVEIS NA PRINCESA DOS VALES - GOVERNADOR VALADARES – MG
Dáine Pereira de Souza 1
Rita Cristina de Souza Santos 2
1. Faculdade de Ciências da Saúde, Curso de Enfermagem, Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE/Bolsista de Iniciação Científica - FAPEMIG
2. Profª. Drª./Orientadora – NEHT – Prog. de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão Integrada do Território - UNIVALE
INTRODUÇÃO:
O presente artigo, que faz parte de uma pesquisa mais ampla financiada pela FAPEMIG - Juventude Vulnerável, Territórios Estigmatizados e Saúde na Princesa dos Vales –, analisa o quadro de saúde, vulnerabilidades, violências e riscos sociais, vivenciado por um grupo populacional de peso preponderante na estrutura etária do país, e no município de Governador Valadares - MG: a juventude. Dos 3.366.209 jovens mineiros de 10 a 19 anos, 44.341 residem em Governador Valadares, o que corresponde a 16,84% da população da cidade (DATASUS, 2009). Embora se esperasse encontrar, nessa etapa de vida, indivíduos em gozo de boas condições, com menores índices de morbimortalidade por doenças infecciosas, neoplasias e doenças relativas a sistemas fisiológicos, Adamo et al (1987) chamam a atenção para as altas incidências de invalidez por causas violentas, gravidez em idade precoce e tentativas de aborto. Outras razões, além das demográficas, são apontadas por Lavinas (1997) para a urgente necessidade de eleição dos jovens como alvo de preocupação da nação brasileira. São estas: a crescente violência praticada contra adolescentes, dentro e fora do lar; a ampliação da miséria e suas seqüelas; a extensão do trabalho precoce juvenil; além das profundas mudanças na família, desde a década de 80.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de uma série histórica (2000/2010), no município de Governador Valadares, utilizando-se as informações de Morbidade Hospitalar – proporção de internações hospitalares no Sistema Único de Saúde (SUS) por Grupo de Causas e Faixa Etária – disponíveis nos registros do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), na Internet e também editados em CD-ROM pelo DATASUS. Foram coletadas informações sobre a freqüência de internações, causas segundo a Classificação Internacional de Doenças – Capítulo CID 10 e Lista Morb CID 10, sexo e faixa etária (10 a 19 anos de idade). Para processamento utilizamos as tabelas fornecidas pelo Próprio SIH - TabWin – versão 3.0.
RESULTADOS:
Os dados coletados confirmam as transições epidemiológicas encontradas ao longo das últimas décadas, nas quais as doenças infecto-parasitárias apresentaram curva descendente, exatamente ao contrário da curva de crescimento das chamadas Lesões por envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (XIX). O padrão de morbidade hospitalar do SUS – por local de internação – Governador Valadares, no período compreendido entre 2000 e 2010 tem por característica, na faixa etária de 15 a 19 anos de idade, o destaque do grande grupo de causas Gravidez, parto e puerpério (XV), responsável por 70,09% de todas as internações hospitalares; este grupo é acompanhado, embora a certa distância, do grupo XIX - Lesões por envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (9,16%). Figuram como principais lesões as Fraturas de outros ossos dos membros (29,96%). O padrão de internações na faixa de 10 a 14 anos de idade, constitui-se de: I - Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias (12,96%), seguido de ,XIX - Lesões por envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas (9,8%). Figuram como principais causas de Internação no Grupo I, Outras doenças infecciosas e intestinais (40,73%); e no grupo XIX, as Fraturas de outros ossos dos membros (33,22%).
CONCLUSÃO:
Não apenas em Governador Valadares, como em todo o país, ainda encontramos jovens vulneráveis acometidos por doenças infecciosas e parasitárias; atropelados pelas consequências de causas externas de morbidade nos seus territórios, por uma gravidez desejada ou não-desejada, porém precoce, que interrompe um possível ciclo de mobilidade social, dando início a um novo ciclo de pobreza na família, empurrados para caminhos obscuros e muitas vezes sem possibilidade de retorno. Quadro que constitui um grave problema de Saúde Pública e demanda a territorialização de ações de saúde regionais e municipais sobre as iniqüidades, bem como Políticas Intersetoriais (saúde, educação, esporte, lazer e assistência social) mais próximas da gestação de indivíduos capazes de construir suas próprias histórias, fortalecer as suas territorialidades, desenvolver consciência crítica e autocrítica e alcançar as estratégias fundamentais do saber pensar e do saber aprender a aprender. Afinal, vulneráveis sim, porém sujeitos desejantes de uma vida digna e saudável.
Palavras-chave: Juventudes, Saúde, Vulnerabilidades.