63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
COMPORTAMENTO DA GLICOSE NA CORRENTE SANGUÍNEA EM INDIVÍDUOS DIABÉTICOS TIPO II DURANTE A REALIZAÇÃO DE ESFORÇO FÍSICO AERÓBIO DE INTENSIDADE MODERADA.
Camila Kazue Masumoto 1
Francisco Felix Coco 1
Raphael da Silva 1
Olival Cardoso do Lago 1,2
1. Escola Superior de Educação Física de Jundiaí- ESEFJ
2. Prof. Me. Orientador- LaPEB- ESEF
INTRODUÇÃO:
Diabetes Mellitus é um problema de saúde pública, sendo uma doença endócrina que acomete o pâncreas, a qual interfere na produção de insulina. Particularmente a Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2), foco do presente estudo, caracteriza-se principalmente pela resistência à insulina nos órgãos periféricos a qual controla o nível de glicose no sangue. Estudos apontam resultados favoráveis à prática regular de atividade física no controle glicêmico em população acometida pelo DM2, uma vez que o exercício atua na captação de glicose independente da insulina. Outro efeito que o exercício promove é o aumento da sinalização da via insulínica, aumentando a expressão do GLUT-4, molécula responsável pelo transporte da glicose dentro da célula acarretando uma redução da glicose sérica. Embora este mecanismo esteja bem documentado, ainda são escassos estudos relacionados ao comportamento glicêmico sanguíneo durante a realização de um esforço físico aeróbio em humanos. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi analisar a cinética da glicose na corrente sanguínea em diabéticos tipo 2 durante a realização de esforço físico aeróbio de intensidade moderada.
METODOLOGIA:
Foram selecionados sete indivíduos DM2 adultos (4 Mulheres e 3 Homens), sem complicações, sedentários, idade média de 56 anos (± 6,8) , não insulino requerente, que participaram de uma sessão de esforço físico aeróbio a 60% do VO2 máx. O VO2 máx foi estimado indiretamente utilizando a equação que envolve a Frequência Cardíaca de Reserva (FC reserva= FCM- FC repouso). O esforço físico aeróbio foi realizado em esteira ergométrica (EG 700X, Ecafix) e monitorado por monitor cardíaco (Polar, 800i), constituído de cinco minutos iniciais de aquecimento, abaixo do VO2 máx previsto, seguidos por 20 minutos de caminhada e/ou corrida, dentro do VO2 máx previsto. Durante o esforço foram efetuadas medidas glicêmicas a cada dois minutos. Outras medidas glicêmicas foram realizadas: 20 minutos antes de iniciar o teste, imediatamente antes do inicio, e ao término do teste em repouso, três outras medidas foram efetivadas com intervalos de 5 minutos entre elas. Para medidas de glicose foi utilizado glicosímetro portátil, fitas testes (Accu-Chek Advantage) e lancetas (Safe-T-Pro) em amostra de sangue colhida por punção capilar nos dedos de uma das mãos. O presente estudo foi aprovado pelo CEP-ESEFJ nº 018/10- CAAE- 0017.0.335.000-10 e realizado na Escola Superior de Educação Física de Jundiaí.
RESULTADOS:
Os voluntários apresentaram as seguintes médias para os componentes: peso 76,19 kg (±17,4), altura 166 cm (±0,1) e glicemia de averiguação 173.43 mg/dl (±72.1). Para estudar a glicemia durante o esforço físico, foi proposto um modelo polinomial grau 3 (Y = p3x³ + p2x² + p1x¹ + p0) para cada sujeito. Esta equação mostrou-se adequada para o tipo de curva estudado, uma vez o resíduo manteve-se menor para todos os sujeitos. Foi calculada a média dos coeficientes do polinômio, sendo estes p3 = 0.0020, p2 = -0.0755, p1 = -1.3242, p0 = 175.7177. Utilizando o modelo ajustado por uma curva no intervalo do teste foi calculado a velocidade de queda da glicemia durante o esforço e a velocidade de elevação durante os 15 minutos de recuperação sendo estes indicadores do comportamento da curva dos valores glicêmicos. Durante o esforço físico a cinética da glicose manteve velocidade de queda constante até aproximadamente 12 minutos do esforço físico, reduzindo a velocidade de queda após este período. Durante o teste a queda da glicose, acentuada nos períodos iniciais, pela captação muscular de glicose e reduzida após metade do esforço provavelmente devido à ativação dos hormônios contraregulatórios, inibindo a secreção de insulina e aumentando o sistema oxidativo como fonte de energia.
CONCLUSÃO:
Estes resultados indicam uma remoção acentuada da glicose nos períodos iniciais do esforço físico, logo após este período a taxa de remoção e produção apresenta mecanismo compensatório que altera o valor glicêmico evitando uma queda mais acentuada, que poderia provocar um episódio hipoglicêmico na fase inicial do teste. Esse trabalho reforça a importância do controle dos níveis de glicose antes e durante o esforço físico agudo para evitar efeitos deletérios relacionados à hipoglicemia durante esforço físico agudo em indivíduos diabéticos tipo 2, sedentários.
Palavras-chave: esforço físico, diabetes tipo 2, glicemia.