63ª Reunião Anual da SBPC |
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária |
ESTUDO DO TRATAMENTO DE UM EFLUENTE TÊXTIL UTILIZANDO REATORES EM BATELADA INOCULADOS COM FUNGOS FILAMENTOSOS |
Joab do Nascimento Pires 1 Helison de Oliveira Maximo 1 Luanna Loyola Lima 1 Gloria Maria Marinho 2 Kelly de Araújo Rodrigues Pessoa 2 Carlos Ronald Pessoa Wanderley 3 |
1. Depto.de Química e Meio Ambiente, Instituto Federal do Ceará – IFCE 2. Profa. Dra. - Depto.de Química e Meio Ambiente – Campus Fortaleza - IFCE 3. Prof. Me./Orientador – Coordenação de Meio Ambiente – Campus Maracanaú - IFCE |
INTRODUÇÃO: |
O setor têxtil tem contribuído significativamente para a economia de muitos países. No Brasil, este setor é possuidor de mais de 30 mil empresas, gerando milhões de empregos em toda a sua ampla cadeia. Em contrapartida a tal benefício, os resíduos líquidos gerados nos processos de tingimento têm despertado grande preocupação com o meio ambiente. Isto se reflete pela significativa presença de corantes e pigmentos que não se aderem à fibra e são descartados em altas concentrações nos resíduos líquidos têxteis. Se estes efluentes forem lançados nos corpos hídricos sem passarem por tratamento eficiente, irão comprometer o equilíbrio aquático causando danos aos organismos presentes ou dependentes deles. Neste contexto, torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que proporcionem a remoção de poluentes presentes nos efluente têxteis visando sua eficiência e viabilidade econômica, o que poderá refletir no lançamento de efluentes com uma menor carga poluidora. A presente pesquisa tem como objetivo avaliar a remoção do corante Índigo presente em um efluente têxtil in natura utilizando reator em batelada inoculado com fungo filamentoso e verificar a influência da glicose na remoção do corante. |
METODOLOGIA: |
Primeiramente foi verificado a influência da glicose na remoção do corante. Para tal fim, foram operados 40 reatores, dos quais 10 tinham função de controle (RC) contendo apenas o efluente diluído a 70% e 30 continham o efluente juntamente com o fungo Aspergillus niger e a glicose com diferentes concentrações. Foram divididos os 30 reatores com fungos em três lotes de 10, nos quais foram adicionados as seguintes concentrações de glicose: 1g/L (RF1), 3g/L (RF3) e 5g/L (RF5). Todos os reatores foram operados em duplicata com tempos de reação de 0, 1, 2, 3, 4 e 7 dias. Em seguida, foi montado e operado um reator em batelada sequencial de 5L confeccionado em vidro inoculado com Aspergillus niger AN 400, contendo efluente diluído a 70% e glicose na concentração de 3g/L. Após dois ciclos de 48 h houve intensa perda da biomassa devida uma queda de energia durante um final de semana, o que inibiu o fornecimento de oxigênio pelos aeradores elétricos. Um meio nutricional foi posto no reator para recuperar o micro-organismo, porém deu-se o desenvolvimento de uma espécie fúngica filamentosa autóctone do efluente. A partir de então, foi operado 7 ciclos de 48 h com o efluente diluído a 30%. Em ambas as etapas acompanhou-se os reatores verificando a concentração de corante e pH. |
RESULTADOS: |
Nos reatores RF3 e RF5 foram atingidos percentuais máximos de remoção de corante, respectivamente, de 93% e 94%, no 7º dia. Para o RF1, o sistema atingiu no último dia um percentual de remoção de 85%. No RC houve remoção de 25% no último dia, o que pode ser atribuída aos microrganismos autóctones do efluente. As maiores concentrações de glicose (3g/L e 5g/L) proporcionaram melhores remoções porque a presença de uma fonte de carbono mais assimilável levou a uma maior produção de biomassa, aumentando, assim, a remoção do corante pela adsorção à biomassa e posterior absorção. Para o reator operado com a espécie autóctone houve em média a remoção de 63,3%, sendo as máximas remoções alcançadas nos ciclos 4 e 7 de 93,3% e 96,8%, respectivamente. Em relação ao pH, em ambas as etapas, manteve-se numa faixa ácida variando de 3,7 a 6,8. Isto favoreceu a remoção do corante, pois em condições ácidas os fungos realizam maior produção de enzimas, o que favorece a degradação do mesmo. A capacidade dos fungos de manter o meio ácido pode ter sido melhorada pela glicose adicionada, pois a presença da glicose como cossubstrato pode auxiliar no consumo de substratos mais complexos, levando à formação de ácidos orgânicos. |
CONCLUSÃO: |
A presença da glicose como cossubstrato favoreceu o crescimento da biomassa fúngica, o que levou a uma maior redução da concentração do corante devido à incorporação do mesmo a esta biomassa. A produção de ácidos orgânicos, devido ao consumo da glicose e dos outros substratos presentes no meio, demonstrou a capacidade tamponante do metabolismo dos fungos em manter o pH ácido, assim, reduzindo os custos com o controle do pH em um possível tratamento em escala real. As significativas remoções nos ciclos 4 e 7, no reator em batelada sequencial operado na segunda etapa do experimento, leva a considerar o fungo filamentoso autóctone do efluente como um agente de significativo potencial para remoção do corante índigo. Faz-se necessário, então, realizar pesquisas que levem a identificação desta espécie. |
Palavras-chave: Fungo filamentoso, Corante Índigo, Glicose. |