63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil |
POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E O BANCO MUNDIAL |
Christine Garrido Marquez 1, 2,3 Ivone Garcia Barbosa 4, 5, |
1. Mestre em Educação, UFG 2. NEPIEC, FE, UFG 3. Escola Tempo de Infância 4. Profa. Dra. Orientadora, Faculdade de Educação, UFG 5. NEPIEC, FE, UFG |
INTRODUÇÃO: |
Nossa pesquisa compõe um dos vários subprojetos que ora encontram-se em desenvolvimento, integrados ao projeto Políticas Públicas e Educação da Infância em Goiás: história, concepções, projetos e práticas, desenvolvido pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Infância e sua Educação em Diferentes Contextos (NEPIEC) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Investigamos o cenário brasileiro que se delineia em torno das políticas públicas de Educação Infantil subsidiadas pelo Banco Mundial. Realizamos uma reflexão crítica, buscando compreender as orientações conceituais e políticas do Banco quanto à educação, especialmente, à Educação Infantil e identificar projetos que visam sua implementação no Brasil, a partir dos anos noventa. O Banco Mundial vem adquirindo, nestes sessenta anos de atuação, significativa importância no âmbito das políticas educacionais, desempenhando o papel, junto as nações mais pobres, de estrategista do modelo neoliberal de desenvolvimento e articulador da interação econômica entre os países, ocupando desta forma posição nuclear no processo de cooperação internacional. A Educação Infantil vem ocupando espaço na agenda do Banco Mundial, desde os anos noventa, monitorada pela visão economicista que fundamenta suas políticas globais e setoriais. |
METODOLOGIA: |
Com base em uma perspectiva sócio-histórico-dialética, desenvolvemos uma pesquisa documental e bibliográfica. Partimos de uma visão organizacional do Banco Mundial e de suas políticas educacionais presentes nos Documentos Setoriais de Educação (1971, 1974, 1980, 1995 e 2000) para, então, analisar as políticas públicas elaboradas, implementadas e monitoradas para a educação de crianças de zero a seis anos. Realizamos um resgate histórico da política pública de financiamento da Educação Brasileira e da Educação Infantil, considerando a pulverização dos projetos, ações e programas voltados para a primeira infância, disseminados pelas áreas de previdência e assistência social, saúde, trabalho e educação. Procuramos realizar uma reflexão crítica sobre as orientações conceituais e políticas do Banco presentes nos Documentos Setoriais de Educação de 1995 e 2000 para a Educação Infantil pública e identificar programas e projetos existem para sua implementação no Brasil a partir dos anos noventa. Nas considerações finais destacamos as análises realizadas ao longo da pesquisa, apontando para a materialização das proposições do Banco para a Educação Infantil, construídas no transcorrer da história da educação pública brasileira com o consentimento e a participação nacional. |
RESULTADOS: |
O Banco Mundial vem afirmando a relevância e a necessidade de financiar a Educação Infantil, por ser este um investimento no futuro, tanto em termos sociais como econômicos. A justificativa científica parte de pesquisas médicas, que demonstraram que o período mais rápido de desenvolvimento do cérebro ocorre nos primeiros anos de vida e que as experiências da infância têm efeito duradouro sobre a futura capacidade de aprendizagem do indivíduo. As justificativas econômicas pautam-se na premissa de que é importante investir desde o nascimento no desenvolvimento para que, na fase adulta, elas possam inserir-se no mercado de trabalho e produzir satisfatoriamente, reduzindo gastos financeiros com educação e saúde. A qualidade e a eficácia da educação são medidas em função do desempenho e do rendimento posteriores da criança na escola, efetivando-se em termos de custos financeiros, com economia de recursos que seriam investidos em repetência, evasão e fracasso escolar. A base de sustentação teórica das políticas de Educação Infantil segue o eixo central, homogêneo e comum das políticas educacionais do Banco, baseada na teoria do capital humano, com o objetivo de assegurar a reprodução e a acumulação do capital, comprimindo os direitos de desenvolvimento humano e social da criança. |
CONCLUSÃO: |
Infelizmente, por um lado, as novas faces da educação infantil estão sendo orientadas numa visão economicista, pautada em preceitos econômicos e na redução dos gastos públicos, incorporada como componente dos projetos financiados, através de programas alternativos informais de baixo custo. Felizmente, por outro lado, a creche e a pré-escola são instituições educativas, científicas e sociais, seu reconhecimento e sua legitimidade social estão vinculados, historicamente, à sua função social de educar, comprometida com a construção de uma sociedade democrática e justa.Ao abrir mão do reconhecimento histórico, das lutas e reivindicações sociais, em especial da classe trabalhadora, dentre as quais certamente está o direito à educação das crianças pequenas em instituições públicas coletivas, a educação infantil corre o risco de servir, não a sua transformação, mas a propósitos de reprodução do poder e das suas estruturas existentes. A educação não pode perder sua finalidade essencial: a produção do conhecimento autônomo para o bem estar coletivo e para a emancipação social. |
Palavras-chave: Políticas Públicas de Educação Infantil, Banco Mundial e Educação Infantil, Financiamento da Educação Infantil.. |