63ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

MISTURAS E SUBSTÂNCIAS UMA ABORDAGEM EXPERIMENTAL E TEORICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Marília Elizabeth Pinto Gomes Pereira 1 Douglas Lopes Bernardo 1 Alessandra Lyra Valença 1 Ana Alice Mano Sampaio 1 Angela Fernandes Campos 1,2

1. Universidade Federal Rural de Pernambuco 2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Química – UFRPE

INTRODUÇÃO:

É sabido que o aluno não aprende, simplesmente, internalizando significados ditos pelo professor, mas por meio da busca por respostas a determinados problemas, ou seja, o aluno por si só busca hipóteses para entender determinado fenômeno, as estuda e em seguida propõe explicações que as formalize. Essa perspectiva de abordagem de conteúdos em sala de aula pode proporcionar a aquisição do conhecimento científico. Nesse caso, o aluno é agente ativo na aprendizagem e o professor assume o papel de mediador. Segundo Ausubel (1976), um dos requisitos importantes para que ocorra a aprendizagem de um determinado conteúdo, é que os alunos tenham conceitos prévios relevantes. O objetivo desse trabalho foi a partir de uma atividade experimental que envolve os conteúdos misturas e substâncias permitir que os alunos busquem explicações para os fenômenos observados e os relacionem com a teoria abordada em sala de aula. A atividade experimental foi elaborada a partir das idéias prévias relatadas pelos alunos com relação aos conceitos misturas e substâncias. Os referidos conceitos foram escolhidos pois são integrantes dos currículos em diferentes níveis de ensino ocupando uma posição central na organização do conhecimento químico, conforme indicado por pesquisas da área (Mortimer et al., 2000). Além disso, são a base para o estudo das propriedades, constituição e transformação de materiais e substâncias, que correspondem aos objetos e aos focos de interesse da Química.

METODOLOGIA:

Participaram da pesquisa 3 turmas do 9º Ano do Ensino Fundamental II de uma escola da rede particular do Recife. As etapas metodológicas envolveram: (i)- elaboração e aplicação de um questionário (pré-teste) com as questões: Para você o que é uma substância? Você saberia diferenciar uma substância de uma mistura? Para você o que é uma substância pura? Na sua casa a água utilizada para beber e tomar banho é pura? Dos exemplos abaixo os classifique entre substância (S) e mistura (M); (ii)- Desenvolvimento de uma atividade experimental com os alunos na qual, seguindo um roteiro, os mesmo preparavam algumas misturas, e as classificavam de acordo com os aspectos visuais observados; (iii)- Aplicação de um questionário (pós-teste) com as questões: O que é uma mistura? Quais os tipos de mistura? Das adições acima identifique as misturas e o tipo de cada uma. O que é uma substância pura? Você identificou algumas nos sistemas formados durante o procedimento? Quais os tipos de substâncias que você conhece? Você acha que essa prática ajudou na compreensão do conteúdo? Porquê? Você saberia diferenciar substância de mistura? Observe cada béquer e identifique o tipo de sistema de cada um e identifique quantas substâncias existem em cada sistema? Classifique as substâncias abaixo entre mistura e substância especificando o tipo de cada uma. Analisamos as respostas do segundo questionário comparando-as com os resultados do primeiro.

RESULTADOS:

Na analise das respostas prévias verificamos que 73% dos alunos responderam a primeira questão como sendo a junção de duas ou mais substâncias, esse conceito está ligado ao sentido da própria palavra, já no pós-teste, 78% dos alunos responderam a mesma questão do mesmo jeito, ou seja, o conceito construído está atrelado ao fato de misturar/juntar substâncias, já que foi isso que eles fizeram na prática. Na pergunta sobre a diferença entre substâncias e misturas, 41% dos alunos não souberam responder enquanto que 46% responderam que substância pura tinha apenas um elemento químico e a mistura mais de um, esse conceito prévio é incoerente, já que existe substância pura com mais de um elemento químico. Na terceira pergunta 63% dos alunos responderam, previamente, que era aquela com apenas uma substância e 33% responderam que era aquela sem produto químico, já no segundo questionário, a maioria dos alunos definiram substância pura corretamente, porém, eles não conseguiram identificar corretamente os sistemas apresentados, nesse caso, a construção dos conceitos durante a prática tiveram como base as observações macroscópicas, ou seja, os alunos classificaram os sistemas de acordo com o seu aspecto visual, por isso tal dificuldade, essa percepção é acentuada quando levamos em consideração que 63% dos alunos erraram, no segundo questionário, a classificação dos sistemas água destilada com gelo de água destilada classificando-a como mistura.

CONCLUSÃO:

Embora os alunos tenham demonstrado uma visão deformada do conteúdo podemos dizer que na aula teórica o professor possibilitou a organização e desmistificação dos conceitos elaborados pelos alunos. Contribuindo para que os alunos relacionem a prática com a teoria. Essa aula prática abordada de forma macroscópica levou os alunos a visualizar e formular seu pensamento, porém essa abordagem prática de classificar as substâncias e misturas apenas pelos aspectos visuais tornou o conteúdo confuso. Por isso é imprescindível que ao utilizar aspectos visuais seja trabalhado previamente os conceitos deixando-os bem definidos. Acreditamos que após essa abordagem os alunos terão uma base teórica que facilitará o estudo desse mesmo conteúdo quando for abordado de forma microscópica, já que esses conteúdos são a base para o estudo das propriedades, constituição e transformação de materiais e substâncias.

Palavras-chave: Experimentação e teoria, Substâncias e misturas, Aspectos visuais.