63ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
Hipertensão e Transtorno Mental: ampliando a assistência clínica a usuários de um CAPS
Camila Cardoso Caixeta 1
Elísia Batista Gomes 2
Yara Mônica Carvalho Fernandes 3
1. Profa. Dra. - Faculdade de Enfermagem - UFG
2. Enfermeira - Centro de Atenção Psicossocial - SMS Goiânia
3. Arte Educadora - Centro de Atenção Psicossocial - SMS Goiânia
INTRODUÇÃO:
Como resultados da Reforma Psiquiátrica surgem os Centros de Atenção Psicossocial que são dispositivos com objetivo de estabelecer cuidados em saúde mental dentro de um modelo de atendimento integral que preza a permanência dos indivíduos na sua comunidade, favorecendo a formação de vínculos estáveis e garantindo seus direitos de cidadãos. Isto implica, desde realocar as verbas do setor – que se concentravam historicamente nos dispositivos hospitalares – para os serviços substitutivos, até os modos de trabalho desenvolvidos pelas equipes dentro do cotidiano dos serviços. Entende se que neste contexto, a sistematização da assistência de enfermagem psiquiátrica funciona como uma ferramenta útil e importante na tentativa de construir uma práxis mais eficaz no que se refere à reabilitação psicossocial. Considerando a importância de se ampliar os cuidados de enfermagem para as pessoas com transtornos mentais graves foi implantada a consulta de Enfermagem no CAPS, uma vez que se entende o ser humano na sua multiplicidade de necessidades que vão além da psíquica. Assim, o objetivo desta pesquisa foi caracterizar clinicamente as pessoas com transtorno mental atendidas no grupo de manutenção através da análise dos instrumentos de coleta de dados pertencentes ao prontuário.
METODOLOGIA:
Trata se de uma pesquisa documental que vale se de materiais que ainda não receberam tratamento analítico. O estudo foi realizado em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS Esperança), situado na cidade de Goiânia, no período de maio a outubro de 2010, com a análise de 90 prontuários de pacientes que fazem parte do Grupo de Manutenção. Este grupo é formado por pessoas com diagnósticos de esquizofrenia, transtornos esquizotímicos e delirantes; outros transtornos mentais devido à lesão, disfunção cerebral e doença física; e transtornos de personalidade e do comportamento devidos a doença, a lesão e disfunção cerebral. Foram levantadas as anotações feitas durante as consultas de enfermagem, realizadas pelas enfermeiras da Unidade com contribuição de outros profissionais que compõem a equipe (psicopedagoga, médico psiquiatra e técnico em enfermagem). Foram eleitos alguns indicadores para a avaliação, sendo um deles os valores da Pressão Arterial.
RESULTADOS:
Dos 90 prontuários analisados, 16 pessoas com transtorno mental atendidos pelo grupo de Manutenção apresentaram variações na Pressão Arterial. Ao observar as condutas tomadas para o controle da hipertensão, notou se que apenas cinco usuários faziam uso regularmente de medicamentos, sendo estes moradores da Residência Terapêutica vinculada ao CAPS. Segundo Ministério da Saúde, a Hipertensão arterial sistêmica e o Diabetes mellitus representam dois dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, que por sua vez constituem a principal causa de morbimortalidade na população brasileira, onde cerca de 60 a 80% dos casos podem ser tratados na rede de atenção primária. Os dados levantados suscitam a discussão do princípio da integralidade do cuidado que versa sobre a oferta de ações de promoção à saúde, prevenção dos fatores de risco, assistência aos danos e reabilitação segundo a dinâmica do processo saúde-doença, e estas devem estar articuladas e integradas em todos os espaços organizacionais do sistema de saúde.
CONCLUSÃO:
O número de pessoas com potencial para hipertensão desperta para a necessidade de implantar ações que olhem para a pessoa com transtorno mental de maneira ampla e integral, que vão além dos aspectos psíquicos e que a consulta de enfermagem é um importante dispositivo para implementar estas ações. Estas observações chamam a atenção para a equipe de saúde mental no sentido de promoverem ações que busquem a adequação de hábitos de vida mais saudáveis como a prática de atividade física, acompanhamento nutricional e uso correto de medicações para hipertensão. É fundamental que a equipe estabeleça estratégias de acompanhamento clínico dessas pessoas, promovendo a articulação dos espaços do CAPS com os espaços da Estratégia de Saúde da Família, uma vez que essa interlocução de serviços além de ampliar a assistência a saúde, também promove a reinserção social e a quebra do estigma ainda vivido pelas pessoas com transtorno mental.
Palavras-chave: Hipertensão, Transtorno Mental, Assistência.