63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 5. Antropologia Urbana
JOVENS URBANOS: AÇÕES ESTÉTICO-CULTURAIS E NOVAS PRÁTICAS POLÍTICAS
Maria Cláudia Sant'anna de Paiva 1
Beatriz Sequeira Cravalho 1
1. Profª Drª/ Orientadora - Departamento de Antropologia – Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais PUCSP
INTRODUÇÃO:
Este subprojeto foi aprovado pela rede internacional CLACSO (Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales), para o período de 2007a 2010, com o intuito de atender as demandas da pesquisa internacional Juventud y nuevas prácticas políticas en América Latina, que propõe estudar as culturas juvenis em grandes centros urbanos. A equipe brasileira tem por objetivo, nesta etapa, fazer um levantamento das diferentes linguagens e ações culturais dos coletivos juvenis que atuam na cidade de São Paulo. Nesse sentido, destaca-se uma concepção teórica de cultura compreendida como forma particular de vida e conflito (Gramsci e Williams).
METODOLOGIA:
No segundo semestre de 2009, o projeto privilegiou a pesquisa de campo com coletivos juvenis previamente selecionados, que vivem e atuam nas zonas norte, sul, leste e oeste da cidade de São Paulo, em eventos realizados por eles ou por órgãos municipais ou particulares. Foram realizadas, observação etnográfica, com enfoque na infra-estrutura do local, público presente, coletivos participantes e sua vinculação ou não a políticas públicas e, com base nestas observações, foram realizadas entrevistas em profundidade com representantes de grupos culturais atuantes na cidade de São Paulo, focando em aspectos referentes à trajetória de vida, à inserção no coletivo, na comunidade, apropriação do espaço público, aprofundando, dessa maneira, as primeiras impressões retiradas dos eventos. A metodologia destacou as narrativas juvenis como um lugar metodológico e a concepção de “mapa noturno” (Martin-Barbero), como uma das significativas palavras-chave. No primeiro semestre de 2010, o foco dos trabalhos em equipe centrou-se na análise dos dados coletados na pequisa de campo e na elaboração de um texto que foi apresentado no Quinto Encuentro Internacional do grupo da CLACSO, em Quito, Equador.
RESULTADOS:
Por meio dos relatos escritos após a realização de cada observação etnográfica, e após as transcrições de cada entrevista em profundidade que foram realizadas, foi possível demonstrar, numa análise preliminar, que as manifestações culturais observadas em eventos – caracterizados por diversas modalidades, como a música, o teatro e as artes – realizados pelos coletivos juvenis ou por órgãos municipais ou particulares podem constituir, em inúmeras vezes, um novo tipo de ferramenta política, que pulsa na periferia da cidade de São Paulo. Outro ponto latente em todas as observações foi o grande número de crianças participantes dos eventos, não só como expectadores, mas também como parte integrante dos coletivos. Dessa forma, ficou clara a preocupação destes jovens em obter reconhecimento da comunidade e servir de exemplo em especial ao público infantil.
CONCLUSÃO:
A intersecção entre referênciais teórico-conceituais e metodológicas demonstrou que, para os coletivos de jovens moradores das regiões norte, sul, leste e oeste da cidade de São Paulo, suas intervenções, em constante movimento nas ruas, praças, escolas e outros espaços e lugares representam muito mais do que apenas eventos culturais e artísticos; elas são uma maneira de ocupar e utilizar o espaço público, dar significado e atribuir identidade, valor e força a esses coletivos; e podem se constituir em ferramentas de protesto, resistência, negociação. Nesse sentido, e nesta etapa particular da investigação, foi possível dialogar com os objetivos iniciais, ou seja, de que as práticas culturais podem, inúmeras vezes, responder por novas formas de fazer política no cotidiano vivido por jovens nas periferias da cidade de São Paulo.
Palavras-chave: Jovens Urbanos, Movimentos culturais, Práticas Políticas.