63ª Reunião Anual da SBPC |
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica |
ESTRUTURA E DIVERSIDADE DE ÁREAS DE FLORESTA ESTACIONAL E ÁREAS DE ECÓTONO (FLORESTA ESTACIONAL/OMBRÓFILA) NO CENTRO DO ESTADO DO TOCANTIS, AMAZÔNIA LEGAL, BRASIL |
Ricardo Flores Haidar 1,2 Ricardo Ribeiro Dias 3 José Roberto Rodrigues Pinto 1 Helena Lara Lemos 1 Eduardo Ribeiro dos Santos 4 |
1. Universidade de Brasília / Dep. Engenharia Florestal 2. OIKOS Pesquisa Aplicada LTDA 3. Fundação Universidade do Tocantins / Engenharia Ambiental 4. Universidade do Tocantins (UNITINS) |
INTRODUÇÃO: |
O Estado do Tocantins possui área superficial de 277.620 km2 englobando os sistemas hídricos dos Rios Tocantins e Araguaia. A cobertura vegetal é formada por um complexo mosaico de formações contidas nas regiões fitoecológicas de Savana (Cerrado), Floresta Estacional e Floresta Ombrófila, além das áreas de tensão ecológica na forma de enclave e ecótono, inseridas na Amazônia Legal. Diante da necessidade de obtenção de informações padronizadas para subsidiar o planejamento do uso da terra, como a averbação de Reserva Legal, Licenciamento Ambiental e a conservação e proteção da cobertura vegetal surgiu o projeto “Mapeamento das Regiões Fitoecológicas e Inventário Florestal do Estado do Tocantins”, em escala 1:100.000, com amostragem nas diferentes fitofisionomias de todas as 30 sub-bacias do estado. Como parte desse projeto, o objetivo desse trabalho foi descrever os padrões de riqueza, densidade, área basal, diversidade alfa e os níveis de similaridade florística e estrutural das amostras de áreas de Floresta Estacional e de ecótono (Floresta Estacional/ Ombrófila), entre oito sub-bacias da Faixa Centro do estado, detectando espécies indicadoras das condições ambientais locais. |
METODOLOGIA: |
A Faixa Centro do Tocantins localiza-se entre as latitudes Sul, de 8o e 11o, e longitude Oeste, de 45o30' e 51o, onde os polígonos de cobertura vegetal mais preservados foram selecionados através do Plano de Informações de Cobertura e Uso da Terra do Tocantins. Nas oito sub-bacias selecionadas realizou-se amostragem da vegetação em áreas de Floresta Estacional ou de ecótono, com dimensões de amostra variando de 0,44 a 2,16 ha. Foi adotada a metodologia descrita no “Manual de Parcelas Permanentes dos biomas Cerrado e Pantanal”, ou seja, parcelas de 20x20 m com limite de inclusão igual ou superior a 5 cm de diâmetro para medição dos troncos dos indivíduos arbóreos a 1,30 m do solo, com fita métrica. A altura total dos indivíduos foi estimada com vara graduada. O material botânico foi comparado nos herbários da UNITINS/TO e IBGE/DF. A riqueza foi obtida após a classificação das entidades botânicas conforme o sistema APG II. Foram calculados os parâmetros fitossociológicos convencionais. A diversidade alfa foi calculada através do Índice de Shannon (H’) e pela equabilidade de Pielou (J). A diversidade beta foi obtida através do método de classificação por TWISNPAN, a partir da elaboração da matriz com os dados de densidade de 209 espécies distribuídas nas 205 parcelas inventariadas. |
RESULTADOS: |
Foram registradas 415 espécies arbóreas na área de 8,2 ha de floresta das oito amostras. A riqueza variou de 63 a 243 espécies, enquanto a diversidade alfa alterou de 3,00 a 4,59 nats.ind-1. As estimativas de densidade e área basal, variaram de 815 a 1.179 ind.ha-1 e de 20,94 a 34,30 m2.ha-1, respectivamente. A variação dessas estimativas coincide com a de área de Floresta Estacional do Brasil Central e áreas de ecótono (Floresta Estacional / Ombrófila) no Mato Grosso na região de transição entre os biomas Cerrado e Amazônia. A análise de classificação indicou que nos ambientes de Floresta Estacional decidual e semidecidual, sobre relevos dissecados das sub-bacias dos Rios Manuel Alves Grande, Sono, Tocantins e Balsas, destaca-se a associação de espécies dos gêneros “Anadenanthera-Aspidosperma-Combretum-Tabebuia”, que se assemelha a flora da Caatinga e Florestas Estacionais do Cerrado. Já para florestas ecotonais, sobre relevo plano e solos cascalhentos, que predominam nas sub-bacias dos Rios Coco, Caiapó, Barreiras e Ribeirão dos Mangues, a análise identificou a associação de “Tapirira-Micropholis-Sacoglottis-Tetragastris-Sloanea” que são comuns na região Amazônica. A associação de “Callisthene-Manilkara-Oxandra-Copaifera” caracteriza áreas de ecótono sobre solos arenosos. |
CONCLUSÃO: |
Foi verificada elevada riqueza florística e diversidade de espécies para as Florestas Estacionais e florestas de ecótono amostradas na Faixa Centro do Estado de Tocantins, com grande relevância ecológica e econômica para o estado. A preservação dos dois principais tipos de floresta na Faixa Centro é importante para a troca genética entre os três maiores biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Caatinga. A importância econômica é dada pela presença de espécies de elevado potencial madeireiro e medicinal, como Brosimum rubescens (Falso-pau-brasil) e Trattinickia rhoifolia (Amescla) na área ecotonal e Myracrodruon urundeuva (Aroeira) e Tabebuia impetiginosa (Ipê-roxo) nas Florestas Estacionais. Tais espécies correm risco de desaparecimento devido à utilização desordenada dos recursos florestais, em várias regiões do Brasil. Por se tratarem de formações florestais dentro da Amazônia Legal, o órgão ambiental deve requerer 80% do ambiente dessas fitofisionomias dentro das propriedades rurais como reserva legal. Nas reservas deve-se estimular atividades de manejo florestal sustentável de produtos madeireiros e não madeireiros, conciliando assim o uso e preservação dos recursos naturais renováveis nas Florestas Estacionais e nas florestas de ecótono da Faixa Centro do Estado do Tocantins. |
Palavras-chave: Cerrado, Similaridade, Tensão. |