63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
EFEITO DO CLORO LIVRE PRESENTE NA ÁGUA POTÁVEL SOBRE A VITAMINA C |
Danielle Maria de Fátima Carvalho 1 Marília Vilela Salvador 1 José Daniel Ribeiro de Campos 2,3 |
1. Acadêmicas de Licenciatura plena em Química - Universidade Estadual de Goiás, UnUCET - GO 2. Prof. Dr./Orientador - Universidade Estadual de Goiás, UnUCET - GO 3. Doutorado em Química - Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP |
INTRODUÇÃO: |
Os mamíferos necessitam de ácido L-ascórbico (vitamina C) para a formação do colágeno. O homem, diferentemente da maioria dos animais, não sintetizam a vitamina C, a qual é obtida através da ingestão dos alimentos, principalmente frutas cítricas. A Organização Mundial da Saúde recomenda 60mg de vitamina C/dia. O ácido L-ascórbico é um agente redutor poderoso, em solução aquosa. A facilidade com que essa vitamina é oxidada faz com que ela funcione como um bom antioxidante, ou seja, protege outras espécies químicas de possíveis oxidações. Sua deficiência leva a formação defeituosa do tecido colagenoso e o desenvolvimento da doença conhecida como escorbuto. O primeiro produto de oxidação do ácido L-ascórbico é o ácido deidroascórbico. Os padrões de potabilidade da água no Brasil seguem a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde. Para ser considerada potável, a água deve ter entre 0,2 e 2,0mg/L de cloro livre para garantir sua esterilidade (ausência de microorganismos patogênicos). Alimentos contendo Vitamina C, assim como complementos alimentares contendo essa substância são comumente preparados utilizando água clorada, sendo que parte desta vitamina é oxidada neste processo. Neste trabalho essa perda de vitamina de vegetais e comprimido comercial por oxidação será quantificada. |
METODOLOGIA: |
Dissolveu-se um comprimido de vitamina C (Cewin da Sanofi-Aventis Farmacêutica) em 500 mL de água. Preparou-se uma solução alcoólica de iodo (30 mL de iodo comercial 2% (m/v) em 30 mL de etanol). Prepararam-se amostras de suco concentrado (sem diluir) dos frutos de maracujá (Passiflora edulis) e limão (Citrus limonium). Preparou-se solução de amido 1% (m/v) com amido de milho. Em 3 Erlenmeyers colocaram-se 6 gotas da solução de amido 1% e 25 mL da solução de: Cewin, suco de limão e suco de maracujá. As soluções preparadas foram tituladas com a solução alcoólica de iodo. Todos os procedimentos foram feitos em duplicata. Em seguida, preparou-se uma solução 1,5mg/L de hipoclorito de sódio, a qual foi utilizada para reagir com as soluções contendo Vitamina C preparadas. Colocou-se 1 gota de solução de cloridrato de o-tolidina (reagente para identificação de cloro livre) na água contendo hipoclorito, sendo observado o desenvolvimento de coloração amarela. Em 3 Erlenmeyers colocaram-se 6 gotas da solução de amido 1%, 25 mL da solução hipoclorito e 25 mL da solução de: Cewin, suco de limão e suco de maracujá. As soluções preparadas foram tituladas com a solução alcoólica de iodo. Todos os procedimentos foram feitos em duplicata. |
RESULTADOS: |
Na embalagem do Cewin estava descrito que cada comprimido continha 500mg de vitamina C, no entanto, as análises mostraram 451mg. O suco de limão apresentou concentração de 25,0mg de vitamina C/100mL de suco e o de maracujá 37,5mg/100mL. Alíquotas de 25mL da solução de 1 comprimido de Cewin/500mL, 25mL de suco de limão e 25mL de suco de maracujá, foram colocadas em igual volume de água clorada (1,5mg/L de hipoclorito de sódio) e,em seguida, efetuou-se a quantificação da vitamina C. Após adição de água clorada, todas as soluções apresentaram diminuição na concentração de vitamina C, sendo 430,4mg; 19,4mg e 27,8mg, respectivamente. Em termos percentuais de perda, obteve-se 4,7%, 22% e 26%, respectivamente. Tais experimentos podem ser executados em sala de aula do ensino médio, de modo a demonstrar o efeito oxidante do cloro presente na água da torneira sobre a vitamina C. O indicador a cloro, cloridrato de o-tolidina, foi utilizado para mostrar a presença do cloro (coloração amarela) presente na água da torneira. Quando se coloca essa água amarela com suco de fruta ou comprimido que contém vitamina C, observa-se o desaparecimento desta coloração. Quantificando a vitamina C antes e após o contato com a água clorada, mostra-se que parte dela foi oxidada pelo cloro. |
CONCLUSÃO: |
Através da utilização de equipamentos e reagentes simples é possível demonstrar a alunos de ensino médio quantificar vitamina C presente em alimentos e que, caso esse alimento ou medicamento entre em contato com água clorada, parte desta vitamina é perdida. Os alunos observarão o desenvolvimento da coloração amarela na água clorada com a o-tolidina e a sua descoloração após reação com o alimento contendo vitamina C (efeito visual/qualitativo) e através da titulação com solução alcoólica de iodo comercial, quantificar a vitamina C do alimento e perdida. Utilizando-se diluição de 1:1 suco de limão ou maracujá com água clorada, pode-se perder mais de 20% da vitamina C presente no alimento. |
Palavras-chave: Hipoclorito de sódio, Vitamina C, Oxidação. |