63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia |
CONFIABILIDADE DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS PARA PESQUISA EPIDEMIOLÓGICA DE BASE POPULACIONAL |
João de Souza Leal Neto 1 Roberta Souza Freitas 1 Vanessa Thamyris Carvalho dos Santos 1 Marcos Henrique Fernandes 1 Luciana Araújo dos Reis 1 Raildo da Silva Coqueiro 1,2 |
1. Núcleo de Estudos em Epidemiologia do Envelhecimento-NEPE, Depto. de Saúde, UESB 2. Prof. Ms./Orientador |
INTRODUÇÃO: |
A antropometria é um método não invasivo, usado para avaliar o tamanho, as proporções e a composição corporal, recomendado pela Organização Mundial da Saúde para avaliação do estado nutricional de grupos populacionais. Erros em antropometria podem ser decorrentes de fatores biológicos, inerentes ao indivíduo examinado, fatores técnicos, como calibração dos equipamentos e, principalmente, devido a erros do antropometrista, fator suscetível à correção por meio da padronização e treinamento da técnica. A averiguação da precisão e exatidão de medidas pode ser obtida, respectivamente, ao se comparar as mensurações repetidas do mesmo examinador em um grupo de pessoas (erro intra-avalidador) e a variação das medidas entre o examinador e um antropometrista padrão (erro interavaliador). A avaliação da qualidade das medidas é fundamental para garantir confiabilidade a resultados de estudos científicos e exames clínicos. O objetivo deste estudo foi verificar a confiabilidade das medidas antropométricas realizadas por três antropometristas de uma pesquisa epidemiológica de base populacional, cuja finalidade é analisar o estado nutricional e sua relação com características sócio-demográficas, comportamentos de risco e condições de saúde em idosos de um município do interior da Bahia. |
METODOLOGIA: |
Três antropometristas iniciantes do NEPE-UESB passaram por processo de treinamento teórico-prático. Após essa etapa, cada antropometrista realizou medidas de estatura, altura do joelho (AJ), dobra cutânea tricipital (DCT), perímetro do braço (PB), perímetro do abdômen (PA), perímetro do quadril (PQ) e perímetro da panturrilha em 20 voluntários, número recomendado pela literatura especializada para estudos de erro de medição em antropometria. Todos os voluntários foram avaliados duas vezes por cada examinador, com intervalo de um a dois dias. As medidas foram realizadas de acordo com procedimentos padronizados, em triplicata e de forma não seqüencial. Foram utilizados os equipamentos: trena métrica com precisão de 0,1cm fixada a parede, para a estatura; plicômetro WCS com precisão de 1mm, para DCT; fita antropométrica Mabbis com precisão de 0,1cm, para AJ e perímetros. A confiabilidade das medidas foi avaliada por meio do cálculo do erro técnico de medida intra-avaliador (ETMintra) e interavaliador (ETMinter), obtido pelo método das diferenças, expresso pelo desvio padrão (DP) entre medidas repetidas. Para o ETMinter foi considerado como referência um antropometrista com ampla experiência. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UESB (nº 064/2010). |
RESULTADOS: |
A amostra do estudo consistiu de 10 indivíduos do sexo masculino e 10 do sexo feminino. A idade dos participantes variou de 15 a 78 anos, com média de 29,9 anos (DP = 19,1); a massa corporal média foi de 63,7 kg (DP = 14,5) e a estatura média de 1,66 m (DP = 0,09). O ETMintra para a medida de DCT variou de 3,8% a 4,9%; para as demais medidas ficou entre 0,1% a 1,4%. Considerando os valores aceitáveis pela literatura, todos os examinadores (1, 2 e 3) apresentaram desempenho compatível com antropometristas experientes para a medida de DCT (ETMintra ≤ 5%) e, também, para as demais medidas (ETMintra ≤ 1%), exceto o examinador 1 que apresentou variação superior para duas medidas: 1,4% para PB e 1,1% para PC. Entretanto, se for considerado o valor de referência para antropometristas iniciantes (ETMintra ≤ 1,5%), a variação dessas duas medidas é aceitável. Em relação ao ETMinter, a variação observada foi de 2,7% a 4,7% para DCT e de 0,1% a 1,3% para as demais medidas. Para esse índice, nenhum examinador apresentou variação superior ao aceitável para antropometristas experientes (ETMinter ≤ 7,5% para DCT e ETMinter ≤ 1,5% para as outras medidas). |
CONCLUSÃO: |
De acordo com os resultados apresentados, os três antropometristas da pesquisa apresentaram valores aceitáveis de erros de medidas antropométricas, demonstrando que os mesmos podem ser utilizados como examinadores na pesquisa de base populacional. Os dados mostraram, ainda, que mesmo antropometristas iniciantes podem apresentar desempenho desejável se forem bem treinados, embora o antropometrista 1 necessite de maior prática em medidas de perímetros para alcançar rendimento compatível com examinadores experientes. Por fim, destaca-se que todos os voluntários da pesquisa receberam laudo técnico com avaliação do perfil antropométrico e recomendações para melhoria e/ou manutenção do estado nutricional. |
Palavras-chave: Antropometria, Confiabilidade, Estado nutricional. |