63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
Avaliação da atividade antibacteriana de extrato em diclorometano das folhas de Solanum cernuum Vell (Solanaceae)
Ana Paula Almeida Pinto 1
Valdenir José Belinelo 2
Helena Mulser 3
Fernanda Farias Duque 4
Thiago Ferreira Pacheco 1
Luiz Gustavo André Oliveira 1
1. Acadêmicos da Universidade Federal do Espírito Santo – DCS/CEUNES/UFES - São Mateus, ES
2. Prof. Dr./Orientador - PPGAT e Depto de Ciências da Saúde - CEUNES - UFES - São Mateus, ES
3. Acadêmica da Universidade Federal de Goiás – Goiânia, GO
4. Mestranda do PPGAT da Universidade Federal do Espírito Santo – São Mateus, ES
INTRODUÇÃO:
Em 2009, iniciou-se a pesquisa com Solanum cernuum Vell, com apoio da UFES, FAPES e CNPq, para estudo fitoquímico e biológico buscando alternativas no controle alternativo de fungos fitopatogênicos e bactérias patógenas humanas.
O Solanum cernuum Vell é uma Solanaceae endêmica brasileira popularmente conhecida como barba-de-bode, bolsa-de-pastor, braço-de-preguiça, braço-de-momo, panacéia, velame, velame-de-folha-grande e velame-do-campo. É uma árvore baixa com altura de no mínimo 2 m chegando até a altura de 6 m, com um tempo de vida superior a 20 anos e relativamente comum nos remanescentes da floresta atlântica do sudeste de Minas Gerais.
O vegetal cultivado na horta de plantas medicinais da ONG Centro Comunitário Franco Rossetti tem exsicata no herbário da UFES e suas folhas coletadas para obtenção do extrato com diclorometano, que passou por triagem farmacognóstica, após sililação realizada análise por CG-EM e avaliação da atividade antibacteriana.
METODOLOGIA:
As folhas do Solanum cernuum foram secadas em estufa a cerca de 40 ºC, rasuradas e armazenadas em vidros hermeticamente fechados.
O extrato com diclorometano foi obtido por turboextração (com uso de liquidificador industrial) a partir de 100 g das folhas secas, filtrado, concentrado e liofilizado.
Na triagem farmacognóstica foi verificada a presença de saponinas, ácidos orgânicos, açúcares redutores, polissacarídeos, fenóis e taninos, flavonóides, alcalóides, glicosídeos cardíacos, esteróides, triterpenóides e carotenóides. Ainda o extrato foi sililado com BSTFA em piridina e analisado no CG-MS Shimadzu 2010 Plus.
Os ensaios antibacterianos foram realizados com bactérias E. coli (ATCC 8739); S. aureus ( ATCC 25923) e B. cereus (ATCC 11778), por meio de testes de microdiluição em caldo conforme metodologia padrão M7-A6 e M100-S15 (CLSI/NCCLS, 1997 e 2005). Para isso, diluições sucessivas foram feitas em placas de 96 poços, partindo da concentração inicial de 1000,0 µg/mL até a concentração final de 3,9 µg/mL. O experimento foi realizado em quintuplicata com incubação a 35 ± 2 ºC por 24 h para determinação da CIM (concentração inibitória mínima). A CBM (concentração bactericida mínima) foi realizada em placas após leitura do CIM nos poços onde não foi observado crescimento bacteriano.
RESULTADOS:
O rendimento do extrato das folhas por turboextração com diclorometano foi de 0,43% em massa. O extrato com diclorometano das folhas de Solanum cernuum apresentou positividade para saponinas, ácidos orgânicos, açúcares redutores, polissacarídeos, fenóis e taninos, flavonóides, alcalóides, esteróides, terpenóides e carotenóides.
Por longo período, as plantas foram utilizadas para a pesquisa de produtos naturais, a utilização de plantas medicinais na prática tradicional ainda existe entre os povos de todo o mundo e nos últimos anos tem recebido incentivos da própria Organização Mundial de Saúde (WHO, 2002). Os flavonóides são grupo de interesse econômico e, principalmente, farmacológico, pois, possuem atividades antitumorais, antiinflamatórias, antioxidantes, antivirais, entre outras.
Os ensaios antibacterianos mostraram potencial atividade para Escherichia coli (CIM = 62,5 ug/mL, CBM = 250 ug/mL); Staphylococcus aureus (CIM = 31,25 ug/ml, CBM = 62,5 ug/mL) e Bacillus cereus (CIM = 250 ug/ml, CBM = 250 ug/ml).
CONCLUSÃO:
As análises fitoquímicas realizadas neste trabalho revelaram que o extrato em diclorometano das folhas de Solanum cernuum Vell (Solanaceae) apresenta compostos pertencentes às classes das saponinas, ácidos orgânicos, açúcares redutores, polissacarídeos, fenóis e taninos, flavonóides, alcalóides, esteróides, terpenóides e carotenóides, que podem ser potencialmente ativos em modelos biológicos e farmacológicos.
Os ensaios antibacterianos indicaram sensibilidade do extrato da folha de Solanum cernuum Vell contra Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Bacillus cereus.
Tendo em vista a grande diversidade de espécies nativas presentes na mata atlântica remanescente no norte capixaba e sul baiano vêem-se o grande potencial fitoquímico para pesquisas que comprovem o potencial biológico das plantas medicinais, de baixo custo e de fácil acesso a população em regiões carentes do Brasil.
Palavras-chave: Solanum cernuum, Antibacterianos, Plantas medicinais.