63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
RENDIMENTO DO ÓLEO ESSENCIAL DE PAU-ROSA (Aniba rosaeodora Ducke) COLETADO NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS, PARÁ
Thuanny Raíssa Lira Castro 1
Diana Rêgo Amazonas 2
Ricardo Bezerra de Oliveira 3
Lauro Euclides Soares Barata 4
Rosa Helena Veras Mourão 5
1. Acadêmica da Faculdade de Ciências Biológicas, Bolsista PIBIC/UFOPA, UFOPA
2. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia, UFOPA
3. Prof. Dr. - Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia, UFOPA
4. Prof. Dr. Lab. de P & D de Produtos Naturais, UNICAMP e Visitante CAPES na UFOPA
5. Profa. Dra./Orientadora - Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia, UFOPA
INTRODUÇÃO:
As plantas aromáticas da Amazônia são fonte renovável apropriada para a produção de Óleos Essenciais (OE) e uma alternativa econômica para o desenvolvimento sustentável e geração de renda na região. Aniba rosaeodora Ducke (Pau-rosa) é uma espécie aromática nativa da Amazônia e pertence à família Lauraceae. Possui notável valor comercial devido ao OE rico em linalol, um monoterpeno que constitui cerca de 70-90% desse óleo e é largamente utilizado como fixador de perfumes na indústria cosmética mundial (SILVA et al, 2003). No entanto, devido à exploração desordenada para extração do óleo essencial da madeira, o Pau-rosa encontra-se na lista de espécies ameaçadas de extinção. Dessa forma, Barata e col. buscaram alternativas para o uso desta espécie de forma sustentável a partir da poda das árvores (BARATA, 2007). Estudos revelam que o óleo essencial das folhas, com 81% de linalol é similar ao encontrado na madeira do Pau-rosa (ZELLNER et al, 2006). A Floresta Nacional do Tapajós constitui um dos últimos redutos onde ainda pode ser encontrado o Pau-rosa no Estado do Pará. Assim, o objetivo deste estudo foi verificar o rendimento do OE extraído de folhas e galhos finos de Pau-rosa da FLONA-Tapajós, comparando a biomassa vegetal fresca e seca.
METODOLOGIA:
Para coleta de material biológico, o projeto foi cadastrado no Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO, sob o nº 23293-2. Foram selecionadas 5 árvores, registradas no Inventário Florestal 100 do IBAMA como A. rosaeodora Ducke, as quais estão distribuídas numa área de manejo florestal sustentável (Projeto Ambé) localizada no quilômetro 83 da BR-163. Para subir nas árvores foi utilizada a técnica da peconha (utensílio rudimentar amazônico semelhante a um cinto) e o corte dos ramos foi feito com um podão. Foram selecionados folhas e galhos finos em boas condições, ou seja, não danificados por pragas. O teor de umidade da biomassa fresca foi quantificado em balança determinadora de umidade (Celtac, DHS-16A). A secagem do material vegetal foi em estufa com ventilação forçada a 40ºC. A extração do óleo essencial, tanto do material fresco como do seco, foi feita em triplicata pelo método de hidrodestilação, em sistema Clevenger. O material vegetal foi cortado em pequenos pedaços e colocado em balão de 3.000mL, acrescido de água destilada na proporção 1:15 (p/v) em manta aquecedora (QUIMIS, Q321A27), com tempo de extração fixado em 180 minutos após fervura. O rendimento foi calculado de acordo com Santos et al. (2004) a partir da base livre de umidade (BLU).
RESULTADOS:
A análise estatística foi realizada no programa Excel 2007 e o teste T de Student foi aplicado ao nível de 5% de probabilidade. O rendimento percentual médio do óleo essencial foi de 2,1% para biomassa fresca, (com desvio padrão de 0,45), e 1,7% para biomassa seca, (com desvio de 0,18). O estudo de Takeda (2008) apresentou rendimento de 2,24% para galhos e 3,37% para folhas coletadas das rebrotas de Pau-rosa em plantio de cinco anos. May e Barata (2004) relatam que o rendimento do OE da madeira pode variar de 1 a 1,2%. Não houve diferença significativa no teor de OE entre os tratamentos (biomassa fresca e seca), no entanto, a desidratação mostrou-se negativa para a obtenção do OE de Pau-rosa, pois ocorreu uma queda média de 19% no teor desse óleo. O processo de secagem é muito importante para espécies medicinais devido à redução da ação enzimática que permite a conservação das plantas mantendo suas qualidades físico-químicas por mais tempo. No entanto, HERTWIG et al. (1991) sugere, que a secagem deve ser ainda mais criteriosa em plantas aromáticas, pois os óleos essenciais são altamente voláteis e temperaturas elevadas podem levar a sua perda por danificar estruturas secretoras e/ou armazenadoras de OE, que no caso da família Lauraceae são células parenquimáticas.
CONCLUSÃO:
De acordo com os dados obtidos, a secagem da biomassa vegetal não interferiu significativamente no teor do óleo essencial de Pau-rosa, no entanto, sugere-se que o OE tem maior rendimento quando extraído da biomassa fresca ou ainda da biomassa murcha em temperatura ambiente, pois a temperatura de 40°C em estufa levou a perda de óleo essencial.
Palavras-chave: Plantas aromáticas, Lauraceae, Metabólito Secundário.