63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 2. Manejo Florestal
CARACTERIZAÇÃO FITOSSOCIOLÓGICA DE UMA FLORESTA SECUNDÁRIA MANEJADA NO MUNICÍPIO DE BRAGANÇA-PA
Romulo Serrão da Costa 1
Rodrigo Figueiredo Almeida 1
Bruno Moitinho Maltarolo 2
Maria do Socorro Gonçalves Ferreira 3
1. Graduando em Engenharia Florestal-UFRA/ Bolsista PET/ Embrapa Amazônia Oriental
2. Graduando em Engenharia Florestal – UFRA / Embrapa Amazônia Oriental
3. Dra. Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental/Orientadora
INTRODUÇÃO:
Na Amazônia brasileira, 30% das áreas que tiveram a vegetação primária removida estão atualmente recobertas por floresta secundária (RIOS et al. 2001). O Nordeste Paraense é a área de colonização mais antiga do Pará, grande parte da cobertura vegetal original foi convertida em vegetações secundárias denominadas capoeiras. Fato ocasionado, dentre outro fatores, principalmente pelo avanço da agropecuária. Análises do processo de sucessão florestal tornam-se elemento chave para obtenção de informações que possam enriquecer o conhecimento sobre os ambientes florestais na Amazônia. O estudo das transformações das paisagens no Nordeste Paraense tem sido de fundamental importância para formulação de novas alternativas de geração de renda para populações locais, além de recompor área de reserva legal e áreas de preservação permanentes. As florestas secundárias possuem importância ecológica, gerando benefícios como, acúmulo de biomassa, fixação de carbono no solo, e social por ser fonte de produtos de uso medicinal e alimentício. Em face da relevância que esse tipo de formação vegetal exerce sob os ambientes e as populações locais, este trabalho tem como objetivo caracterizar os parâmetros fitossociológicos de uma área de floresta secundária no município de Bragança, Estado do Pará.
METODOLOGIA:
Este estudo foi desenvolvido em cerca de 1,5 hectare de floresta secundária, situada em uma unidade agrária no município de Bragança, Nordeste Paraense, a uma latitude 01º03'13" sul e a uma longitude 46º45'56" oeste, e altitude de 19 metros. Para o monitoramento da mesma utilizou-se dados gerados a partir do Inventário Florestal Contínuo (Parcelas Permanentes de Monitoramento – PPM) com instalação de 6 parcelas de 50x50m, subdivididas em 25 subparcelas com dimensões de 10x10m, onde amostrou-se todas as árvores com DAP > 5cm. Neste estudo foram consideradas duas medições, a primeira em 1999 e a segunda em 2003. A distribuição diamétrica e os parâmetros fitossociológicos (abundancia, índice de valor de importância, mortalidade, riqueza) foram obtidos por meio do programa Monitoramento de Florestas Tropicais (MFT). Para a análise da distribuição diamétrica da floresta considerou-se oito classes de diâmetro com intervalos de 5 cm.
RESULTADOS:
Foram registradas 180 espécies, pertencentes a 48 famílias e 109 gêneros botânicos. As famílias mais ricas foram Leguminosaea-mimosoidaeae, com dezoito espécies distribuídas em seis gêneros, cujo mais representativo foi o Inga com oito espécies, seguida de Myrtaceae, com treze espécies em 4 gêneros, sendo o Myrcia o mais comum. As espécies mais abundantes foram Tapirira guianensis, Casearia sp, Phyllantus sp, Ormosia flava, Myrcia bracteata, Guatteria poeppigiana e Eschwielera coriaceae, sendo também as que apresentam os maiores índices de valor de importância. O número médio de indivíduos por hectare no ano de 1999 foi 325,00 e em 2003 foi 288,11. Essa diminuição deve- se a média de mortalidade de 3,3% ao ano, que ocorreu principalmente nas primeiras classes de diâmetro. Embora o número de indivíduos tenha diminuído, a área basal média em 2003 foi superior a 1999, fato que pode ser justificado pela maior disponibilidade de luz e nutrientes causada pela mortalidade dos indivíduos que favoreceu maior desenvolvimento em diâmetro. A distribuição diamétrica dos indivíduos segue o padrão “J invertido”, ou seja, há um maior número de indivíduos nas primeiras classes. Essa característica é típica de florestas tropicais em fase de sucessão.
CONCLUSÃO:
Esta floresta esta em processo de construção, onde se observa que há uma predominância de indivíduos nas três primeiras classes de diâmetro, ou seja, cerca de 95% dos indivíduos tem diâmetro inferior a 20 cm, caracterizando uma floresta em estádio inicial de desenvolvimento.
Referência: RIOS, M. et al. Benefícios das Plantas da Capoeira para a Comunidade de Benjamim Constant, Pará, Amazônia Brasileira. Belém, 2001: CIFOR. 54 p.
Palavras-chave: Amazônia, Nordeste Paraense, Áreas Degradadas.