63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
Atividade antibacteriana de extrato em hexano das folhas de Solanum cernuum Vell (Solanaceae)
Michele Soares Tacchi Campos 1
Bárbara Altoé Milaneze 1
Juliana Souza Dias 2
Jadson Alves Brumatti 1
Edilson Romais Schmildt 3
Valdenir José Belinelo 4
1. Acadêmicos da Universidade Federal do Espírito Santo – DCS/CEUNES/UFES - São Mateus, ES
2. Acadêmica da Universidade Federal de Goiás – Goiânia, GO
3. Prof. Dr./Orientador – PPGAT e Depto de Ciências Agrárias e Biológicas Saúde - CEUNES - UFES - São Mateus, ES
4. Prof. Dr./Orientador – PPGAT e Depto de Ciências da Saúde - CEUNES - UFES - São Mateus, ES
INTRODUÇÃO:
O Solanum cernuum Vell é uma Solanaceae endêmica brasileira popularmente conhecida como barba-de-bode, bolsa-de-pastor, braço-de-preguiça, braço-de-momo, panacéia, velame, velame-de-folha-grande e velame-do-campo. É uma árvore baixa com altura de no mínimo 2 m chegando até a altura de 6 m, com um tempo de vida superior a 20 anos e relativamente comum nos remanescentes da floresta atlântica do Espírito Santo, leste da Bahia e sudeste de Minas Gerais.
Com apoio financeiro da UFES, FAPES e CNPq, foi criado o grupo de pesquisa em produtos naturais no novo campus da UFES em São Mateus, iniciando os trabalhos, em 2007, com a planta Arctium minus (Hill) Bernh (Asteraceae) e em 2009 com a espécie Solanum cernuum Vell (Solanaceae), para estudo fitoquímico e biológico buscando alternativas no controle alternativo de fungos fitopatogênicos, bactérias patógenas humanas e plantas daninhas (alelopatia).
A espécie Solanum cernuum foi cultivada na horta de plantas medicinais da ONG Centro Comunitário Franco Rossetti tem exsicata no herbário da UFES e suas folhas coletadas para obtenção do extrato com hexano, que passou por triagem farmacognóstica, após sililação realizada análise por CG-EM e avaliação da atividade antibacteriana.
METODOLOGIA:
As folhas do Solanum cernuum foram secadas em estufa a cerca de 40 ºC, rasuradas e armazenadas em vidros hermeticamente fechados.
O extrato com hexano foi obtido por turboextração a partir de 100 g das folhas secas, filtrado, concentrado e liofilizado.
Na triagem farmacognóstica foi verificada a presença de saponinas, ácidos orgânicos, açúcares redutores, polissacarídeos, fenóis e taninos, flavonóides, alcalóides, glicosídeos cardíacos, esteróides, triterpenóides e carotenóides. O extrato também foi sililado com BSTFA em piridina para obtenção do cromatograma no CG-MS Shimadzu 2010 Plus.
Os ensaios foram realizados com bactérias E. coli (ATCC 8739); S. aureus ( ATCC 25923) e B. cereus (ATCC 11778), por meio de testes de microdiluição em caldo conforme metodologia padrão M7-A6 e M100-S15 (CLSI/NCCLS, 1997 e 2005). Para isso, diluições sucessivas foram feitas em placas de 96 poços, partindo da concentração inicial de 1000,0 µg/mL até a concentração final de 3,9 µg/mL. O experimento foi realizado em quintuplicata com incubação a 35 ± 2 ºC por 24 h para determinação da CIM (concentração inibitória mínima). A CBM (concentração bactericida mínima) foi realizada em placas após leitura do CIM nos poços onde não foi observado crescimento bacteriano.
RESULTADOS:
A turboextração apresentou rendimento de 0,84% em massa para o extrato das folhas com hexano. Os testes fitoquímicos das folhas de Solanum cernuum mostraram a presença de alcalóides, flavonóides, triterpenóides, esteróides, flavonas, flavonóis, xantonas, saponinas e taninos.
Por longo período, as plantas foram utilizadas para a pesquisa de produtos naturais, a utilização de plantas medicinais na prática tradicional ainda existe entre os povos de todo o mundo e nos últimos anos tem recebido incentivos da própria Organização Mundial de Saúde (WHO, 2002). As flavonas, flavonóis e xantonas encontrados podem estar relacionados com a co-pigmentação em flores e como protetores contra raios UV nas folhas Os flavonóides são um grupo de interesse econômico e, principalmente, farmacológico, pois, possuem atividades antitumorais, antiinflamatórias, antioxidantes, antivirais, entre outras.
Os ensaios antibacterianos mostraram potencial atividade para Escherichia coli (CIM = 125 ug/mL, CBM = 250 ug/mL); Staphylococcus aureus (CIM = 62,5 ug/ml, CBM = 250 ug/mL) e Bacillus cereus (CIM = 125 ug/ml, CBM = 500 ug/ml).
CONCLUSÃO:
Os ensaios fitoquímicos realizados nesta pesquisa revelaram que o extrato em hexano das folhas de Solanum cernuum Vell (Solanaceae) apresenta compostos pertencentes às classes de alcalóides, flavonóides, triterpenóides, esteróides, flavonas, flavonóis, xantonas, saponinas e taninos, que podem ser potencialmente ativos em modelos biológicos, farmacológicos e alelopáticos.
Os ensaios antibacterianos indicaram sensibilidade do extrato em hexano da folha de Solanum cernuum Vell contra Escherichia coli, Staphylococcus aureuse Bacillus cereus.
Tendo em vista a grande diversidade de espécies nativas presentes na mata atlântica remanescente no norte capixaba e sul baiano vêem-se o grande potencial fitoquímico para pesquisas que comprovem o potencial biológico das plantas medicinais, de baixo custo e de fácil acesso a população em regiões carentes do Brasil.
Palavras-chave: Antimicrobianos, Solanum cernuum, Floresta Atlântica.