63ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Lingüística Aplicada |
"A tradução é uma muleta" - Crenças sobre tradução |
Keila Melo de Lima 1 Leonard Costa 2 |
1. Proª Esp./ - Escola Superior Batista do Amazonas - ESBAM 2. Profº Orientador Msc - Universidade federal do Amazonas - UFAM |
INTRODUÇÃO: |
O nosso trabalho trata de crenças sobre o uso da técnica da tradução nas aulas de língua estrangeira pressupondo a origem e desenvolvimento das crenças que cada professor traz consigo tanto antes, durante e depois de finalizar um curso de licenciatura. Portanto, investigamos e analisamos se: na opinião dos sujeitos escolhidos a tradução pode acelerar ou retardar o aprendizado; se os professores ensinam influenciados pela maneira que aprenderam; se cobram as mesmas atitudes baseados em como quando eram alunos de LE e finalmente se as crenças acabam, em geral, substituindo reflexões e subsídios teóricos. A escolha desta delimitação é relevante já que em geral, e inclusive por forças de abordagens comunicativas, os professores possuem uma idéia formada sobre o uso da técnica sendo esta vista por diversos ângulos como: algo antiquado; um recurso apenas para obstáculos de compreensão; algo que vicia e deve ser evitado; algo que consome muito tempo entre outros motivos. Pretendemos abordar que a tradução não precisa ser apenas utilizada como ferramenta, mas sim como um forte aliado para refletir sobre como a LE que se está aprendendo funciona. Finalmente, o ato de traduzir é natural e inevitável, logo, traduzir é gerar novos sentidos. |
METODOLOGIA: |
A metodologia utilizada neste trabalho abordou tanto a pesquisa bibliográfica, quanto a pesquisa de campo. A primeira consistiu em analisar o que já foi produzido acerca do tema de crenças. Por outro lado, nossa delimitação ainda fora pouco explorada devido ao tópico de crenças ser algo ainda recente, não encontramos registros suficientes tratando de crenças e tradução.Desta forma, analisamos o que já foi produzido acerca do uso da técnica da tradução em aulas de língua estrangeira. A pesquisa de campo foi feita em duas instituições particulares de ensino superior de Manaus. Os entrevistados são alunos professores pós-graduandos do curso de Metodologia do Ensino da Língua Inglesa. Foram entregues 30 questionários com 25 perguntas dissertativas sobre o tema dividas em ensino e aprendizagem, os quais tivemos retorno de 25 questionários parcialmente respondidos. Por esta razão optamos por fazer análise a partir do recorte de duas perguntas que tratam de aprendizagem. Quanto ao perfil dos entrevistados, estes já ministraram aulas em diversos tipos de instituições como: públicas, privadas e cursos de idiomas. Além disso, grande parte aprendeu inglês através de abordagens comunicativistas e, em geral, afirmam adotar esta abordagem em sala. |
RESULTADOS: |
As duas perguntas escolhidas para análise tratam de aprendizagem. Através da primeira que questiona se a tradução acomoda o aluno, tivemos como resultado 41,6% de professores que concordam que a tradução pode acomodar contra 58%, e ainda tivemos 0,4% que foram imparciais respondendo que pode acomodar dependendo da situação. A segunda pergunta questiona se a tradução pode acelerar a aprendizagem, e nesta tivemos 63,% a favor contrariando 36,3%; ainda tivemos 0,1% que fora imparcial com a resposta depende. A partir disso, podemos categorizar as crenças dos sujeitos pós-graduandos em três tipos de crença: crença de que a tradução deve ser usada apenas nos momentos em que temos dificuldades de compreensão; crença de que além de acomodar se perde muito tempo; a tradução vicia/deve ser evitada. Em geral os entrevistados iniciam os enunciados com conjunções condicionais ou adversativas. Na segunda, podemos destacar tanto a crença de que a tradução consome tempo, assim como o receio de que este tempo seja desperdiçado com o foco na forma e não no sentido. Na terceira, a tradução é confundida como o foco. Notamos que os professores analisavam a tradução como algo separado da aula. |
CONCLUSÃO: |
Observamos que a crença faz com que os professores tenham uma pré concepção da tradução em sala, gerando equívocos de que deva ser relacionada apenas à escrita e à leitura quando, pode ser usada com mais freqüência em sala em atividades de oralidade visando, justamente, o que já é natural quando se aprende uma LE: contextualizar. Entretanto, notamos em nossos resultados que a crença acaba substituindo subsídios teóricos, e faz com que os professores vejam a tradução como um empecilho,quando, nossa proposta tem por finalidade: refletir o funcionamento do idioma; buscar autonomia e concentrar no significado como idéia e não como forma. Notamos que os entrevistados guardam muitas influências da maneira que aprenderam LE haja vista que ensinam praticamente da mesma forma, além disso, exigem atitudes de quando eram então alunos; possuem crenças de seus professores; de terceiros que compartilham da mesma idéia; de instituições que lecionaram, etc. É necessário oferecer mais embasamento teórico acerca de língua e aquisição nos cursos de Letras. Logo, é importante que se pesquise mais a respeito da formação de professores a fim de encontrar encaminhamentos para gerar reflexão entre professores pré, pós e em serviço. |
Palavras-chave: Crenças, Tradução, Ensino de Língua Estrangeira. |