63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
EFEITOS DA INALAÇÃO PASSIVA DA FUMAÇA DE CIGARRO SOBRE O TECIDO TRAQUEAL DE COBAIAS
Caio Átila Prata 1
Thiago Brasileiro de Vasconcelos 1
Cláudia Mara Bentes Ribeiro Pereira 1
João Paulo Melo de Pinho 2
Moisés Tolentino Bento da Silva 2
Vasco Pinheiro Diógenes Bastos 3
1. Faculdade Estácio do Ceará – Estácio/FIC
2. Universidade Federal do Ceará - UFC
3. Prof. Dr./Orientador - Faculdade Estácio do Ceará – Estácio/FIC
INTRODUÇÃO:
INTRODUÇÃO
A traquéia possui além da função condutora a função protetora, através de dois sistemas de defesa contra o meio externo; a barreira mucosa e linfocitária. O epitélio da via aérea, que é pseudoestratificado colunar ciliado, conta com vários recursos para manter as vias aéreas inferiores estéreis, dentre eles, a tosse, barreiras anatômicas e o transporte mucociliar, sendo o último, o principal. O trato respiratório é um alvo importante de danos causados por oxidantes, tanto de origem endógena quanto exógena, pelo fato de estar em contato direto com o meio externo e exposto a elevadas concentrações de oxigênio. A fumaça do cigarro contém uma grande variedade de compostos, incluindo muitos oxidantes e espécies reativas de oxigênio, que são capazes de iniciar ou promover dano oxidativo, que leva a várias doenças degenerativas pulmonares e cardiovasculares, bem como o câncer. O fumo é fator de risco para as quatro principais causas de morte em todo o mundo, entre elas, doença cardíaca e pulmonar obstrutiva crônica, câncer e acidente vascular cerebral. Esse fato evidencia a não existência de níveis seguros de exposição. Estudo realizado a fim de mensurar o transporte mucociliar, analisar as pressões pulmonares e volume minuto em cobaias após a inalação passiva da fumaça de cigarro.
METODOLOGIA:
METODOLOGIA
Os cobaios inalaram dez cigarros acesos pela manhã, tarde e à noite, somando 30 cigarros/dia. Para tal os animais foram colocados em uma caixa de acrílico. Na parte superior da caixa existe uma tampa removível, nas porções laterais existem dois orifícios: um para drenagem de ar, permitindo que a fumaça escape, e o outro para a colocação dos cigarros. Nesse estudo foram formados dois grupos de seis animais (sacrificados 25 e 50 dias após a exposição respectivamente) e um grupo de seis animais naive que não inalaram nenhuma substância irritante ou contraturante. Os animais foram anestesiados com uretana (1.2 g/kg; i.p.), posteriormente foram fixados em posição horizontal e decúbito dorsal, injetados 2µl de uma solução gelatinosa a 0,3g/ml contendo 0,5% do corante azul de Evans na traquéia do animal e após 2 minutos, a traquéia foi aberta e medido o transporte mucociliar com um paquímetro. O registro das pressões inspiratória (PI) e expiratória (PE) e o volume minuto (Vm) de cobaias foram feitos em sistema de aquisição PowerLab/8sp, a traquéia foi canulada e conectada em sistema fechado a um transdutor de pressão, ao final da inspiração, não permitindo escape de fluxo aéreo. Probabilidades menores que 0,05 foram aceitas como indicativas de significância estatística.
RESULTADOS:
RESULTADOS
Os cobaias naive obtiveram um transporte mucociliar (cm) de 0,65 ± 0,08; o grupo fumante após 25 dias de 0,30 ± 0,03 e o fumante após 50 dias de 0,44 ± 0,07. Foi detectado uma redução significativa (p < 0,05; Test t Student) no transporte dos animais após 25 dias de inalação de fumaça de cigarro em relação aos animais naive e fumante após 50 dias. A média (cmH2O) das pressões inspiratórias nos animais naive foi de -9,93 ± 0,94; no grupo de inalação 25 dias de -40,44 ± 9,26, ocorreu uma diferença significativa (p < 0,05; teste Holm-Sidak), porém nos animais inalação 50 dias a pressão foi de -12,95 ± 5,79, não apresentando diferença (p > 0,05; teste Holm-Sidak) em relação ao grupo naive. A média das pressões expiratórias (cmH2O) nos animais naive foi de 0,58 ± 0,05; no grupo de inalação 25 dias de 3,60 ± 0,60, ocorreu um aumento significativo (p<0,05; teste Holm-Sidak) e nos animais inalação 50 dias de 4,68 ± 0,77, apresentando diferença (p < 0,05; teste Holm-Sidak) em relação ao grupo naive. O volume minuto (mL/min) no grupo de animais inalação 25 dias foi de 403,71 ± 56,18 e no grupo de 50 dias 209,96 ± 27,67, o grupo inalação 25 dias apresentou diferença significativa (p < 0,05; t de Student) em relação ao grupo 50 dias.
CONCLUSÃO:
CONCLUSÃO
O método de inalação de fumaça de cigarro foi efetivo, pois os animais do grupo de inalação demonstraram alteração no transporte mucociliar e pressões pulmonares quando comparado ao grupo naive. Este estudo evidenciou que os animais que inalaram a fumaça do cigarro apresentaram uma piora no transporte mucociliar a curto prazo, possivelmente pelo fato da alteração no tecido traqueal com destruição de células ciliadas. Em animais que inalaram fumaça de cigarro ocorreu uma alteração nos valores médios da pressão inspiratória e expiratória, ocasionada pela perda da função pulmonar, principalmente a curto período, com tendência de retorno aos valores basais com o passar dos anos sem o uso de cigarros. O volume minuto está maior em cobaias do grupo de inalação, mais evidente no grupo de curto prazo, possivelmente pelo aumento da frequência respiratória ocasionada pelo estreitamento do lúmen traqueal. Concluímos que a inalação passiva da fumaça de cigarro exerceu alteração significativa sobre o transporte mucociliar, pressões pulmonares e volume minuto nos grupos de inalação, causando efeitos deletérios no sistema respiratório.
Palavras-chave: Fumaça de cigarro, Transporte mucociliar, Pressões pulmonares.