63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia |
PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS – MEMÓRIA E VÍDEO RETRATANDO A DITADURA MILITAR NO BRASIL |
Alexandre Thiago Tibery Lima Maluf 1 Maria Luiza Rodrigues Souza 2 |
1. Faculdade de Ciências Sociais - UFG 2. Profa. Dra./ Orientadora - Faculdade de Ciências Sociais - UFG |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho parte do pressuposto de que cinema pode ser usado como instrumento de pesquisa na Antropologia. Nesta pesquisa, procurou-se desenvolver uma análise fílmica feita através de uma abordagem interdisciplinar. Foram levantadas questões sobre a experiência ditatorial que vincula-se ao medo; foram rastreadas emoções, identificando nos personagens históricos a forma de narrativa oriunda de suas experiências durante a política ditatorial. Trata-se, também, da maneira com que os personagens verídicos dos documentários falam sobre as questões de violência, censura e supressão dos direitos constitucionais. |
METODOLOGIA: |
Analisar um filme requer voltar a atenção para as escolhas na montagem das cenas, o tipo de iluminação e enquadramento dado. A discussão sobre o som é crucial uma vez que abarca tanto o tipo de entonação que os personagens apresentam como o conjunto de ruídos inseridos em cada momento do filme. Aliado ao som, tem-se a estratégia de utilização da música que pode funcionar como condutora da trama. Em destaque, a maneira como as pessoas nos documentários participam, o que dizem e como dizem. A pesquisa teve como fonte de dados os documentários: Hércules 56 do diretor Sílvio Dá-Rin (2006); e Porque lutamos! Resistência à ditadura militar da diretora Fernanda Ikedo (2008) utilizados em vídeo bem como artigos que abordam questões de imagem e som de modo a se enfocar a condução da trama para o público alvo. Foram, ainda, levantados bibliografias e recursos som-imagéticos que discorrem a respeito da ditadura militar no Brasil. |
RESULTADOS: |
Uma das dificuldades de se analisar filmes é conseguir transmitir com fidelidade as idéias da direção do filme. A interpretação do analista deve ser muito concisa e os relatórios extremamente detalhistas. Redigir um relatório de análise de qualquer filme é um trabalho demorado e cansativo, requer muita paciência e certo tempo do relator. É muito complicado compreender e transmitir para um relatório quais as intenções do diretor em relação ao som de cada cena, ao enquadramento e ao jogo de luz. Os personagens dos dois documentários alertam sobre uma a passividade política da sociedade brasileira de hoje, pois um governo que causou tanto terror não foi punido e muitos dos membros desse governo ainda estão vivos, livres e pior, alguns ainda com participação no poder. O trabalho de memória destes documentários contribui para aumentar a cobrança de uma punição dos envolvidos no governo ditatorial. Traz às pessoas que não viveram esse drama uma indignação e uma revolta em relação à impunidade dos responsáveis com o intuito de se conseguir mais adeptos à luta para a punição e uma memória do quão horrível foi o passado ditatorial para que não se permita uma volta a esse passado e para melhor formular nossa democracia inconcluída. |
CONCLUSÃO: |
Muitos fatos e documentos acerca do nosso passado ditatorial estão encobertos e/ou destruídos. Documentários como estes não permitem que esse passado caia no esquecimento. Há a necessidade de uma busca de memórias postas à margem, principalmente esta memória sobre o governo ditatorial, para que consigamos efetivar nossa democracia, assim como a punição de torturadores. |
Palavras-chave: Cinema, Ditadura, Memória. |