63ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
ANÁLISE DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NOS CONHECIMENTOS ESCOLARES DE ALGUNS ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS DE ITABAIANA/SE SOBRE ÁREAS PROTEGIDAS
Ana Carolina Costa Lemos Cruz 1
Brenda Libório Prado Moraes Motta 1
Dayvisson Nunes da Costa 1
Iris Rianne Santana Alves 1
Simone Marcela dos Santos Souza 1
Alexandre Acácio Pagan 1, 2
1. Depto de Biociências, Universidade Federal de Sergipe – UFS
2. Prof. Dr./ Orientador - Depto de Biociências – UFS
INTRODUÇÃO:
A educação objetiva gerar cidadãos críticos, responsáveis e capazes de atuarem na sociedade em que estão inseridos. Desse modo, a instituição escolar deve auxiliar na preparação dos educandos para que possam interagir com questões cotidianas, atuais e/ou polêmicas de forma consciente e crítica. Segundo Marandino (2004), para que esse objetivo da educação seja atingido é necessário estabelecer relações entre temas científicos, escolares e sociais de modo a propiciar uma compreensão dos conteúdos curriculares sem que haja grande distanciamento do saber científico. Algo que pode ser concretizado através da transformação do saber acadêmico em educacional, para que o processo ensino-aprendizagem possa ser efetivo através da transformação da linguagem acadêmica para uma linguagem simplificada, que facilite o aprendizado do aluno. Tendo como base a transposição didática e a teoria do Cone de BIZZO & FRANZOLIN (2009), e na tentativa de contribuir para construção da consciência crítica sobre a problemática ambiental e a criação das Unidades de Conservação (UC), essa pesquisa buscou compreender a aproximação e o distanciamento do conhecimento dos alunos do 3° ano do ensino médio de escolas públicas de Itabaiana/ SE sobre o tema Áreas Protegidas.
METODOLOGIA:
A pesquisa surgiu durante a disciplina de Instrumentação para o Ensino de Biologia, na qual os graduandos elaboraram projetos visando avaliar os níveis de discurso científico no conhecimento de alunos da educação básica sobre diferentes conhecimentos biológicos escolares. Foram aplicados 117 questionários para alunos do terceiro ano do ensino médio dos três turnos de três colégios do município de Itabaiana-SE: Colégio Estadual “Murilo Braga” (CEMB), Colégio Estadual “Nestor Carvalho”, Colégio Estadual “Dr. Augusto César Leite”, todos do município de Itabaiana/SE. A pesquisa constou de três etapas: 1 Etapa: levantamento bibliográfico, que proporcionou contato com referenciais de importante relevância para o trabalho em questão. 2 Etapa: elaboração e aplicação de questionários. Optou-se por um questionário fechado, por ser objetivo facilitando as análises posteriores e por permitir recolher amostragem dos conhecimentos, comportamentos e atitudes dos alunos quanto ao tema Áreas Protegidas. Também nesta etapa, foram construídas seis afirmações baseadas em escala de Thurstone, expresso em linguagens adequadas aos diferentes níveis escolares: fundamental, médio e superior. E por fim na 3 Etapa : análises dos dados pesquisados, com base na teoria do Cone de Bizzo & Franzolin (2009).
RESULTADOS:
A maioria dos alunos possui uma faixa etária entre 16 e 18 anos (59%), sendo apenas 12,4% com mais de vinte anos de idade. O sexo feminino foi predominante entre os participantes, cerca de 62,4% e apenas 37,6% eram do sexo masculino. A maioria dos alunos reside com os pais, nesse sentido a maior parte desses estudantes apresenta arranjo de família nucelar. Em relação aos níveis de aproximação dos alunos com o tema Áreas Protegidas, a maioria marcou as afirmativas referentes ao discurso sobre áreas protegidas em nível fundamental. Mais da metade respondeu que conhecia alguma área Protegida, e metade citou a Serra de Itabaiana/SE. Esse dado dá subsídios a nossa conjectura de que grande parte dos alunos desconhece o Parque Nacional Serra de Itabaiana como uma Unidade de Conservação (UC), já que, esta área é vista pela população local como espaço de lazer. A hipótese de que os alunos da zona rural conheceriam áreas protegidas foi refutada, a maior parte que disse conhecer, reside na zona urbana, isso mostra que esses alunos da zona rural, por viverem no ambiente pouco antropizado, não são familiarizados com o conceito de áreas protegidas, além de que esse dado reforça a pouca discussão a cerca deste conceito em sala de aula.
CONCLUSÃO:
Através deste trabalho, percebemos que a maioria dos alunos do 3º do Ensino Médio que participaram da pesquisa, apresentam níveis de aproximação referentes ao tema Áreas Protegidas inferior a sua série de estudo, o que pode refletir alguns aspectos referentes ao processo de ensino que podem não ter sido eficazes neste aspecto. A educação vista de forma unicamente tradicionalista constitui em um grande empecilho para a aprendizagem em qualquer um dos níveis de ensino.
No que se refere ao tema de Áreas Protegidas, percebemos que apesar de conhecerem o Parque Serra de Itabaiana/SE, os alunos não conseguiram associar esse conceito à categoria de UC aqui mencionada. Isso pode ter ocorrido devido, a dissociação que há entre os conteúdos escolares e a realidade dos alunos, sendo os conteúdos trabalhados de forma desregionalizada e descontextualizada, dificultando o aprendizado e refletindo nos níveis de aproximação dos alunos aos conceitos científicos mais importantes para a lida com o contexto político ambiental local.
Palavras-chave: Ensino de Biologia, Transposição didática, Áreas Protegidas.