63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 17. Planejamento e Avaliação Educacional |
O JOVEM E O CIBERESPAÇO: SINTOMAS DO DESINVESTIMENTO JUVENIL NO ENSINO MÉDIO DO TOCANTINS |
Paloma Aline Terris 1 Julio Nelson Ferreira de Souza 2 Adriano Machado de Oliveira 3 |
1. Licencianda em Química - Universidade Federal do Tocantins - UFT 2. Licenciando em Geografia - Universidade Federal do Tocantins - UFT 3. Prof. Msc./Orientador – Área de Psicologia da Educação - UFT |
INTRODUÇÃO: |
Fundamentada em um contexto cujas novas tecnologias possibilitam a inserção no ciberespaço, cada vez mais a cultura da Internet vem produzindo um desinvestimento dos jovens e adolescentes, não somente em seu aprendizado em sala de aula, mas também em suas relações fora do contexto escolar (BALARDINI, 2008; MARTÍN-BARBERO, 1997). Vários autores mostram uma nova condição subjetiva presente no cenário juvenil contemporâneo e que inaugura, assim, novas formas de ser e agir em múltiplos contextos por parte dos adolescentes (BALARDINI, 2008; ZENTNER,2008; OBIOLS, 2006; ALMEIDA; TRACY, 2003). Neste contexto, os autores do presente trabalho analisam a incidência da virtualidade proporcionada pela internet em jovens estudantes do ensino médio da cidade de Araguaína - TO e concluem que a escola de ensino médio já recebe em suas classes alunos com disposições cognitivas distintas daqueles de décadas anteriores, o que aponta para a necessidade de mudanças nas formas tradicionais de trabalho docente em sala de aula. |
METODOLOGIA: |
Durante o segundo semestre de 2010, na cidade de Araguaína, Tocantins, foram aplicados 649 questionários fechados em jovens do primeiro ano do ensino médio. Foram investigadas 3 escolas públicas do perímetro urbano da cidade, sendo duas localizadas na região central. Ao receberem os questionários, respondidos em sala de aula, os jovens foram convidados a marcarem os itens de múltipla escolha que mais correspondessem a seus comportamentos habituais com relação à internet. Na busca de compreenderem-se os sentidos particulares que esses sujeitos têm produzido acerca da relação entre o universo virtual e a cultura escrita, procedeu-se uma análise qualitativa dos resultados obtidos e interpretação por meio de cruzamento entre as respostas assinaladas. |
RESULTADOS: |
Os dados denotam o quanto a presença do ciberespaço tem sido freqüente na vida dos jovens de escolas públicas pesquisados. Isto se evidencia a partir dos 41, 29% de estudantes que acessam a internet todos os dias, somados aos outros 12, 94% que freqüentam a web entre 4 e 5 dias da semana. Desse modo, pois, tem-se 54,23% do total de sujeitos pesquisados que acessam a internet, no mínimo, 4 dias por semana. Dito de outra maneira, é como se, ao dividirmos os 649 jovens em 16 turmas de 40 alunos, em média tivéssemos cerca de 22 internautas experientes por sala de aula diante dos professores. Somando-se a isso, a pesquisa permitiu constatar que dos 41,44% sujeitos que passaram a se interessar mais por conteúdos audiovisuais do que por hipertextos e textos impressos de conteúdos escolares, 41,26% acessam a internet todos os dias da semana e 14,86% acessam de 4 a 5 dias por semana. Somando-se a isso, dos 14,48% sujeitos que se desinteressaram pela leitura dos materiais da escola, 55,31% acessam a internet todos os dias e 12,76% acessam entre 4 a 5 dias da semana, sugerindo assim, uma relação inversamente proporcional entre a aprendizagem da navegação virtual e o investimento nos conteúdos de materiais impressos escolares e mesmo nos próprios hipertextos, presentes na web. |
CONCLUSÃO: |
Encontramo-nos, pode-se inferir, diante de uma geração de jovens que se constroem não somente a partir de suas interações diárias nas escolas de ensino médio, mas também como produto das incidências subjetivas do ciberespaço. Trata-se, por conseguinte, de alunos com um repertório de disposições cognitivas distintas daquelas predominantes em gerações anteriores, as quais não tiveram uma relação com os computadores e com a internet consolidada e tornada natural desde a infância. Tais indícios parecem apontar para o fato de que o descompasso entre a realidade virtual e suas características – reversibilidade de opções, simultaneidade na comunicação, velocidade, primazia da imagem sobre a palavra e a realidade vivenciada junto à cultura escolar (rigidez normativa, verticalidade comunicacional, monotonia, primazia da palavra e ausência de recursos audiovisuais), fazem com que os jovens se desinteressem sistematicamente pela aprendizagem nas escolas pesquisadas. Os adolescentes contemporâneos da região norte do Brasil são socializados junto à virtualidade e, com isso, podem estar a rejeitar nas escolas de ensino médio metodologias de ensino que não lhes apresentem a cultura escrita de modo tão interessante quanto os vídeos ou clips que assistem diariamente quando estão no ciberespaço. |
Palavras-chave: Ciberespaço, Juventude, Ensino Médio.. |