63ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia - 4. Conservação da Natureza
SELEÇÃO DE ESPÉCIES PARA ESTUDOS DE BIOINDICADORES HIDROLÓGICOS EM FLORESTA DE ALTITUDE NO INTERFLÚVIO DA SERRA DO MAR, NOVA FRIBURGO, RJ.
Pollyanna Rodrigues de Oliveira dos Santos 1
Érika Cortines 2
Gilsonley Lopes dos Santos 3
Ricardo Valcarcel 4
1. Departamento de Ciências Ambientais – UFRRJ
2. Doutoranda PPGCAF / Profa. Assistente – Instituto Três Rios – UFRRJ
3. Departamento de Ciências Ambientais – UFRRJ
4. Prof. Dr. / Orientador – Departamento de Ciências Ambientais – UFRRJ
INTRODUÇÃO:
A cobertura vegetal interfere diretamente no balanço hídrico das microbacias, pois, ao receber as chuvas em suas copas, parte da água fica retida e em seguida evapora (interceptação) e o restante alcança o piso como precipitação interna e como escoamento pelo tronco das árvores. Outro efeito é a interceptação horizontal, sendo a captação da água dos ventos úmidos e em seguida a precipitação na forma de chuva oculta, sem a presença de nuvens de chuva.
O interflúvio da Serra do Mar apresenta fragmentos florestais que abrigam diversas espécies fundamentais para a recarga dos aqüíferos. Conhecer os componentes bióticos que interferem neste fenômeno é uma importante variável de planejamento, principalmente nos períodos de estiagens onde se demanda mais água.
A arquitetura das copas e das folhas das árvores pode promover variações no comportamento da interceptação. Conhecer estes serviços ambientais pode contribuir para aumentar a precipitação de chuvas ocultas nas bacias hidrográficas.
O objetivo do estudo foi levantar espécies arbóreas com freqüência em diferentes fácies de exposição no interfluvio e a sotavento da serra do Mar que reúnam características onde se permita estabelecer bioindicadores que possam ser estudados para fins de valoração de interceptação horizontal.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Fazenda Campestre, Nova Friburgo - RJ, na bacia hidrográfica do rio Grande, em altitudes que variam de 1050 até 1200 m.s.n.m., em Floresta Ombrófila Densa Montana. As espécies arbóreas foram amostradas em 12 transectos de 50 m em seis morros, dois transectos por morro, um na vertente norte e outro na sul, utilizando–se a metodologia do ponto quadrante, com distância de 5 m entre cada ponto. Em cada transecto foram amostradas 40 árvores com DAP> 5 cm, totalizando 480 indivíduos. Os parâmetros levantados foram: diâmetro a altura do peito (DAP), altura total e diâmetro da copa. O índice de valor de importância (VI) foi calculado para avaliar qual a espécie foi mais abundante entre as linhas.
As espécies não identificadas no campo foram coletadas, prensadas e secas em estufa para identificação junto ao Herbário RBR (Instituto de Biologia UFRRJ).
RESULTADOS:
Os 480 indivíduos arbóreos amostrados representam 38 famílias, 75 gêneros e 114 espécies, sendo as de maior freqüência Euterpe edulis L. (16,4%), seguida por Alchornea triplinervia (Sprengel) Müller Argoviensis (6,0%), Myrcia rufulla Miq. (5,0%), Guapira opposita (Vell.) Reitz (4,3%), Amaioua intermedia Mart. (3,5%), Erytrhoxylum deciduum A. St.-Hil. (2,3%), Psychotria sessilis (Vell.) Mull. Arg. (2,5%), e Ocotea puberula (Rien.) Ness. (2,0%). As espécies de maior valor de importância (VI) amostrados nos fragmentos florestais foram, na vertente Norte, Alchornea triplinervia (49,2), Euterpe edulis (37,1), Guapira opposita (21,6), Myrcia rufulla (19,1) e Gordonia fruticosa (15,1), enquanto que na vertente Sul foram Euterpe edulis (51,9), Alchornea triplinervia (20,4), Myrcia rufulla (13,2), Ocotea puberula (10,8) e Guapira opposita (10,5).
As espécies mais significativas (maior freqüência e maiores VI) foram Euterpe edulis e Alchornea triplinervia. Mesmo sendo Euterpe edulis a espécie que mais ocorreu e ainda apresentando alta importância ecológica, esta espécie não é adequada para estudos de arquitetura foliar por não se tratar de espécie arbórea, foco do presente estudo.
CONCLUSÃO:
A espécie escolhida para futuros estudos de arquitetura foliar foi Alchornea triplinervia (tapiá), por apresentar alto Valor de Importância em toda a região. A sua plasticidade morfológica será levantada como forma de avaliar variações de interceptação horizontal.
Palavras-chave: Interceptação de umidade, Restauração, Zonas de reforços de umidade.