63ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva |
ASSOCIAÇÃO ENTRE INFARTO DO MIOCÁRDIO E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM INDIVÍDUOS IDOSOS |
Laís Carneiro Naziasene Lima 1 Bruna Lannuce Silva Cabral 1 Lígia Marquez Andrade 1 Shuellem de Oliveira Jacomini Nunes Gondim 1 Adelia Yaeko Kyosen Nakatami 2 Eugênia Emília Walquíria Inês Molinari-Madlum 1,3 |
1. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás – UFG 2. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiás – UFG 3. Profa. Dra./Orientadora |
INTRODUÇÃO: |
Com o progresso das ciências da saúde, a tendência para as próximas décadas é a população de pessoas idosas aumentar significativamente em comparação com a existente hoje. Atualmente, cerca de 12% da população tem idade superior a 65 anos, com um aumento maior no grupo de pessoas com mais de 80 anos. Nos idosos, a prevalência e a incidência de doenças cardiovasculares (DC) são muito altas, com grande impacto na morbidade e mortalidade O infarto do miocárdio (IM) e o acidente vascular cerebral (AVC) fazem parte do grupo de DC predominante entre os idosos. O tempo é um fator determinante para o prognóstico no IM, onde uma intervenção cirúrgica feita com poucas horas resulta em redução da área infartada e assim, preservação da função ventricular. Já no AVC, em torno de 10% dos sobreviventes podem ter a recuperação desejável, enquanto a grande maioria que termina com incapacidade grave, requer cuidados geriátricos ou internação em asilos. O aumento no número de casos de DC aparece associado aos fatores de risco para essas doenças, tais como hipertensão, obesidade, dislipidemias, diabetes, síndrome metabólica, tabagismo e inatividade física. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a associação entre IM e AVC em indivíduos idosos. |
METODOLOGIA: |
Por amostragem aleatória, os indivíduos foram selecionados de acordo com o endereço em que residem. O grupo incluído neste estudo foi constituído por pessoas de ambos os sexos, voluntários com idade superior a 60 anos, residentes no domicílio selecionado, que aceitaram participar da pesquisa mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram relevantes para este estudo aquelas que referiram IM e AVC diagnosticados. Foram excluídas do trabalho, aquelas pessoas com idade inferior a 60 anos ou idosos residentes em endereços não sorteados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Goiás. Os dados foram organizados em planilhas do SPSS 16.0. As variáveis foram exploradas pela média, desvio padrão e freqüências porcentuais e avaliadas nos diferentes grupos pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. O teste-t de Student não pareado foi aplicado para analisar os dados obtidos quando a média de dois grupos amostrais foi comparado. O nível de significância adotado foi de p<0,05. O processamento dos dados e a análise estatística foram realizados através do GraphPad Prism Software 3.0. |
RESULTADOS: |
Na avaliação dos 223 idosos, 12,6% relataram DC. Um número maior de indivíduos do sexo feminino foi observado nesse grupo, com 57,1%. Na análise da frequência das DC, foi constatada maior predominância de idosos com AVC (46,4%), seguido de IM (32,1%) e AVC em conjunto com IM (AVC/IM) com 21,4%. Quando os grupos com AVC, IM e AVC/IM foram comparados nas diferentes décadas de vida, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, com valores de p=0,3508, p=0,8055 e p=0,9767, respectivamente. A predominância da faixa etária entre 60-69 anos foi observada nos grupos de AVC (38,46%) e IM (22,22%), assim como a maior freqüência de indivíduos do sexo feminino (69,23% e 55,56%, respectivamente). Quando avaliado o grupo com AVC/IM, observou-se uma diferença nos dados em comparação com os grupos anteriores, onde a faixa etária com maior número de indivíduos foi entre 70-79 anos (33,33%), com 66,67% de idosos do sexo masculino. Na análise da presença de patologias associadas como fatores de risco para DC, os dados aqui obtidos indicam que a presença desses fatores aumentou a probabilidade de desenvolvimento dessas doenças, conforme o número considerável principalmente de indivíduos com hipertensão (89,3%), além de dislipidemias (35,7%) e diabetes (25,0%). |
CONCLUSÃO: |
Os resultados deste trabalho permitem concluir que houve um predomínio dos quadros de AVC entre as mulheres na faixa etária entre 60-69 anos. Nas DC isoladas, o número de indivíduos do sexo feminino também foi maior, contrastando com os resultados obtidos quando as duas patologias apareceram associadas, onde o numero de homens foi prevalente. Conclui-se que a presença de fatores de risco para DC pode influenciar o desenvolvimento dessas doenças, conforme observação de que todos os idosos com as três patologias associadas (hipertensão, dislipidemias e diabetes) apresentaram AVC/IM. Cabe ressaltar que 89,3% da amostra relatou hipertensão, corroborando com resultados de estudos que indicam a maior probabilidade de DC quando da presença de fatores de risco. Como o número de idosos e de prevalência de DC está aumentando no decorrer dos anos e deverá continuar crescendo devido ao aumento na expectativa de vida, os resultados do presente estudo apontam para a necessidade de que políticas públicas abrangentes devem ser repensadas para conscientização de mudança nos hábitos de vida com objetivo de diminuir fatores de risco para DC. |
Palavras-chave: Idosos, Acidente vascular cerebral, Infarto do miocárdio. |