63ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
VARIÁVEIS MICROCLIMÁTICAS E CAMADA DE SERAPILHEIRA EM DUAS ÁREAS DE CERRADÃO EM NOVA XAVANTINA - MATO GROSSO
Giovana Zilli 1
Mariângela Fernandes Abreu 1
1. Mestranda no Programa de Pós-graduação Ecologia e Conservação – UNEMAT-NX
INTRODUÇÃO:
O bioma Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, está localizado basicamente no Planalto Central do Brasil ocupando uma área de aproximadamente 23% do território brasileiro e estão presentes várias fisionomias vegetais distintas, englobando formações florestais, savânicas e campestres. A abertura de dossel, o grau de perturbação, o tipo de vegetação e suas respostas a variações sazonais podem provocar mudanças na quantidade de serapilheira produzida anualmente. As intensas transformações ocorridas no Cerrado levam à formação de fragmentos isolados em áreas onde se encontra vegetação característica, modificando os fatores microclimáticos e a deposição de serapilheira. O estudo da ciclagem de nutrientes minerais via serapilheira, é fundamental para o conhecimento da estrutura e funcionamento de ecossistemas florestais. Parte do processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo se dá através da produção de serapilheira. Com isso o objetivo do trabalho foi, investigar se existe relação entre a camada de serapilheira e variáveis microclimáticas entre duas áreas de cerradão, sendo uma natural e outra perturbada, e entender melhor os processos de funcionamento de uma floresta tropical e seu papel no ecossistema.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em duas áreas de Cerradão no Parque Municipal do Bacaba (14°42' S e 52°21' W), em Nova Xavantina, Mato Grosso. O Parque possui uma área de aproximadamente 500 ha. As áreas estudadas são adjacentes, uma com Cerradão natural e outra área de Cerradão perturbado. O clima da região é caracterizado como Aw, pela classificação de Köppen, com a presença de duas estações bem definidas: invernos secos e verões chuvosos, com precipitação média anual de 1.500 mm e temperatura média em torno de 25,5°C. Foram escolhidos aleatoriamente dez pontos amostrais em cada área, onde foram coletados, simultaneamente em ambas as áreas, dados referentes à temperatura e umidade do ar ao nível do solo com o sensor inserido à 2,5 cm de profundidade no solo e a 1,3m de altura com auxílio de um termo-higrômetro. A coleta de amostras e medição da espessura da camada de serapilheira foi realizada através da ferramenta coletor-medidor Marimon-Hay (Patente INPM nº PI-0505830-9) posteriormente as amostras pesadas e colocadas para secar em estufa a 80°C até atingir peso constante para serem determinados os parâmetros físicos.
RESULTADOS:
Houve diferenças significativas na variável microclimática de temperatura entre as duas áreas de Cerradão natural e Cerradão degradado (t = -3,5837; p = 0,0021), com as maiores temperaturas registradas no Cerradão degradado. As correlações para as variáveis microclimáticas foram significativas e negativas, onde para o Cerradão não degradado a temperatura e umidade em nível do solo foram de -0,84 e para as medidas tomadas a 1,30m a correlação foi de -0,95. Para o Cerradão degradado a temperatura e umidade no nível do solo foram de -0,61 e para as medidas tomadas a 1,30 m a correlação foi de -0,96 com o p < 0,05. Houve diferença na espessura da camada de serapilheira entre as áreas (t = -3,5078; p = 0,0015), o contrário foi observado para o peso da camada de serapilheira úmida (t = 1,4067; p = 0,1704) e seca (t = 1,2568; p = 0,2227). A densidade de serapilheira úmida no Cerradão não degradado foi de 0,034 g/cm³ e no Cerradão degradado foi de 0,039 g/cm³. Em locais com dossel aberto a temperatura é mais elevada do que ambientes com dossel fechado, em áreas florestais, boa parte das espécies perdem suas folhas durante o período de seca, um padrão também associado à menor temperatura e umidade.
CONCLUSÃO:
A área de Cerradão perturbado foi a que mais sofreu alterações nas variáveis microclimáticas, como na temperatura, que variou mais devido à área ser mais aberta propiciando maior entrada de energia luminosa e conseqüentemente maior perda de umidade relativa do ar. Possivelmente pelo fato do ambiente degradado estar mais suscetível ás variações microclimáticas este apresentou maior espessura da serapilheira quando comparado com o Cerradão não perturbado. Ao passo que o peso da serapilheira comparando as duas áreas não apresentou diferenças pelo fato destes serem amostrados no período de seca da região, ocasionando uma maior queda foliar em ambos ambientes, com maior perda de umidade e retardamento nas taxas de decomposição no decorrer desse período.
Palavras-chave: Fatores físicos, Biomassa, Ciclagem de nutrientes.