63ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 3. Engenharia Civil
ESTUDO DE UMA ENCOSTA NA ZONA URBANA DE SANTA CRUZ DO SUL/RS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ESTABILIDADE
Frederico Nagel 1
Gabriela Jornada Storgatto 1
Keli Mallmann 1
Leticia De Carvalho Somavilla 1
Andrea Valli Nummer 2
Rinaldo Jose Barbosa Pinheiro 3
1. Depto. de Transportes, Geotecnia e Meio Ambiente, Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
2. Profa. Dra. – Departamento de Geociências – UFSM
3. Prof. Dr./Orientador – Depto. de Transportes, Geotecnia e Meio Ambiente – UFSM
INTRODUÇÃO:
Os problemas de instabilidade nas encostas de áreas urbanas são cada vez mais recorrentes, causando perdas de bens materiais e vidas humanas. Estes acontecimentos são atribuídos principalmente à ocupação urbana sobre áreas de risco, retaludamento imprudente dos morros a retirada da vegetação natural das encostas. Este trabalho apresenta um estudo de um talude urbano instável na cidade de Santa Cruz do Sul/RS, localizada nas imediações da rua Dr. Álvaro Correa da Silva, onde várias construções têm sido afetadas por movimentos de massa. O talude é constituído de uma camada de colúvio e aterros lançados pelo homem sobre rocha sedimentar de base. O objetivo principal deste trabalho foi estudar o comportamento da área monitorada. Como objetivos específicos têm-se a avaliação dos deslocamentos e as relações entre a precipitação, os níveis piezométricos e os deslocamentos da encosta, avaliando sua estabilidade através do programa computacional SLOPE/W da GEOSLOPE (1984).
Foram realizadas análises de estabilidade em seções transversais dessa área a partir de parâmetros de resistência ao cisalhamento obtidos em ensaios de cisalhamento direto e triaxiais.
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado através de investigações de campo, nas quais foram retiradas amostras do talude para os ensaios de caracterização e cisalhamento direto em laboratório. Os parâmetros de cisalhamento foram obtidos por uma série de ensaios, tanto no solo coluvionar quanto no siltito. A partir destes ensaios foi obtido a coesão e o ângulo de atrito do material estudado. Com estes dados foram realizadas análises de estabilidade em seções da encosta, estas foram escolhidas em função da gravidade das patologias que ocorrem na área. Várias simulações foram realizadas, incluindo a paramétrica da poro-pressão, a dos parâmetros de resistência ao cisalhamento dos materiais envolvidos, etc. Para a análise de estabilidade foi utilizado o programa SLOPE/W da GEOSLOPE (1984), o qual utiliza a teoria de equilíbrio limite para o cálculo do fator de segurança.O método utilizado na determinação dos fatores de segurança (FS) foi Bishop Simplificado, Fellenius e Spencer.
RESULTADOS:
Os resultados dos ensaios de peso específico real dos grãos são semelhantes para o colúvio e o siltito, com valor próximo de 27 kN/m³. O colúvio apresenta teores de umidade natural acima de 35% e peso específico natural médio de 16 kN/m³.A camada de siltito apresenta teor de umidade de natural médio inferior a 20% e peso específico natural médio de 20 kN/m³. Os parâmetros de resistência ao cisalhamento para o solo coluvionar apontaram uma coesão variando entre 0 e 6,5 kPa e o ângulo de atrito interno variando entre 28º e 34º. No siltito vermelho, no contato com o colúvio, há uma coesão variando entre 0 e 8 kPa e um ângulo de atrito interno entre 26º e 34º. Os valores dos fatores de segurança calculados são baixos, próximos de 1,0 para os ângulos de atrito entre 28º e 29º. Adotando-se os valores médios c e Φ, o FS situo-se entre 1,2 e 1,4. Verificaram também que, elevando-se o nível d’água até a superfície do terreno, o FS cai para 1,0. Conclui-se que o fator de segurança da encosta é baixo, que em decorrência de chuvas intensas, os movimentos de rastejo podem originar escorregamentos e movimentos correlatos.
CONCLUSÃO:
Observa-se que na análise apresentada não houve uma superfície critica cobrindo todo o comprimento da encosta, mas uma série de superfícies restritas a pequenas áreas. Este comportamento da encosta, com pequenas cunhas de deslizamento, reproduzem bem os movimentos observados no local, nos deslocamentos monitorados e nas patologias encontradas nas residências no entorno da área estudada, onde se encontram recalques diferenciais nas fundações e aparecimento de trincas e fissuras nas paredes e área externas. Para o prosseguimento desta pesquisa, será utilizado como parâmetro de verificação de estabilidade da encosta a NBR 11682 – Estabilidade de Taludes, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, onde será possível analisar as superfícies de ruptura e as recomendações técnicas normatizadas de acordo com a área atualmente estudada.
Palavras-chave: Estabilidade de encostas, Geotecnia, Deslizamento.