63ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica

A PESQUISA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO: CONCEPÇÕES DE EDUCANDOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE RECIFE / PE.

Cinthia Natali Pontes dos Santos 1 Monica Lopes Folena de Araújo 2 Maria Marly de Oliveira 2

1. Mestranda Ensino das Ciências, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE 2. Profa./ Orientadora - Depto. de Educação, UFRPE

INTRODUÇÃO:

Segundo Moro e Estabel (2004), a pesquisa é o procedimento racional e sistemático, com método de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e tem como objetivo buscar respostas aos problemas sugeridos. Quando realizada no ambiente escolar se caracteriza como uma atividade sistematizada, um processo formal, que visa encontrar respostas para os questionamentos tanto do professor como da turma. Desse modo a pesquisa exerce um papel fundamental para o processo de ensino aprendizagem, pois a mesma permite que o ensino não apenas se limite a informar crianças, adolescentes e adultos sobre conhecimentos acumulados pela sociedade, mas possibilita uma contínua crítica a estes, propiciando a formação de saberes próprios (DEMO, 1997; PACHECO, 2007). Todavia, para que a pesquisa possa exercer de maneira efetiva seu papel, no ambiente educacional, é necessário investigar se tanto o professor, mas principalmente o aluno, estão cientes do que vem a ser pesquisa e dos benefícios que a mesma possa exercer na construção do seu conhecimento. Desse modo o nosso trabalho teve como objetivo analisar as concepções de pesquisa vigentes entre os educandos de uma escola pública, localizada no bairro de Dois Irmãos, Recife/PE, além de investigar a sua satisfação em aprender através da mesma.

METODOLOGIA:

O campo de pesquisa deste trabalho foi uma escola da rede pública de ensino, localizada no bairro de Dois Irmãos, Recife/Pernambuco. A mesma atende a uma comunidade, de maneira geral, pertencente à classe média baixa e dispõem de turmas de ensino médio e fundamental. Fizeram parte desta pesquisa trinta alunos do ensino médio, sendo 10 de cada série. Os critérios utilizados na seleção dos alunos foram: ter tempo disponível e possuir um professor que afirmasse utilizar a pesquisa como estratégia de ensino. Visando manter o anonimato dos atores da pesquisa, denominamos os alunos de A1 até A30. Sendo de A1 até A10 alunos que cursavam o primeiro ano do ensino médio, de A11 a A20 eram alunos do segundo ano e de A21 a A30 alunos do terceiro ano. A abordagem metodológica selecionada foi a de cunho qualitativo, e o instrumento de pesquisa adotado foram questionários, que tinham como objetivo investigar as concepções vigentes entre os educandos do que vem a ser a pesquisa e se os mesmos gostavam de aprender através desta. Estes questionários eram compostos de questões abertas por acreditarmos que este modelo proporciona respostas mais pessoais e amplas, que auxiliam o pesquisador a se aproximar e compreender melhor a realidade do entrevistado.

RESULTADOS:

Os trinta alunos entrevistados revelaram que as pesquisas são formas de procurar novos conhecimentos, sendo presentes também outras concepções, como por exemplo, que a pesquisa é procurar no livro ou na internet (A 10), que a mesma também é uma forma de aprender mais sobre o assunto pesquisado (A 5), e ainda que é uma maneira de se aprofundar no assunto e saber porque e de que forma ocorrem as coisas (A 25). Apesar de podermos observar que os dados coletados demonstram que a maioria dos alunos compreende que a pesquisa tem por finalidade a busca por novas informações visando à construção de conhecimento, observamos que uma parcela considerável ainda tem na pesquisa somente uma tarefa de transcrição, criando assim uma visão errônea da mesma, tomando-a como um método ineficiente de ensino. Já no tocante a satisfação de aprender através da pesquisa, constatamos que, de acordo com os questionários, um grande número de alunos sente-se satisfeito em aprender pela mesma, apontando uma série de fatores distintos como responsáveis por esta satisfação, dentre eles a capacidade gerada pela mesma de aprender mais e melhor, como também o fato de que pesquisar é uma atividade interessante e estimulante.

CONCLUSÃO:

Como podemos constatar através da análise dos dados, observarmos que a maioria dos alunos entrevistados compreende a pesquisa como meio de busca e construção do conhecimento e apreciam-na como forma viável e positiva de adquirir novos saberes. Entretanto, alguns ainda insistem idealizá-la como uma atividade de cópia, onde aluno não é agente da própria aprendizagem. Quando considerada sobre esta ótica é negado todo seu potencial benéfico na melhoria do processo educativo, sendo papel de toda a comunidade escolar, e principalmente do professor, reconhecer que a pesquisa realizada em sala de aula, visando à construção de conhecimento, tem grande potencial para colaborar com o desenvolvimento do alunado, devendo os educadores proceder como agentes formadores para o corpo discente, promovendo a construção de concepções que estejam mais concernentes com os reais benefícios desta prática no âmbito educacional.

Palavras-chave: Concepções de pesquisa, Escola pública, Ensino-aprendizagem.