63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 5. Antropologia Urbana |
O Antes e o Depois da Feira da Torre de Brasília: O Espaço como Categoria de Entendimento dos Fluxos em Feiras Urbanas. |
Raoni Machado Giraldin 1 Andréa de Souza Lobo 2 |
1. Departamento de Antropologia - UnB 2. Profa. Dra./ Orientadora - Departamento de Antropologia - UnB |
INTRODUÇÃO: |
O presente trabalho tem por finalidade a descrição e análise do processo de reforma da Feira da Torre de Brasília enfatizando a maneira como o espaço é entendido pelos comerciantes locais à luz da situação da transferência para as novas instalações. Para isso, procurei entender como o espaço é socialmente entendido e simbolizado. Parto de estudos de antropologia dos fluxos para pensar a feira como um local estruturado por estes, sejam fluxos de pessoas, sejam de mercadorias. Tendo isso em vista, o problema que observo entre os feirantes diz respeito à maneira como eles entendem os fluxos dos quais o funcionamento feira depende, refletindo sobre a relação entre o ordenamento espacial e a eficiência da atividade comercial. |
METODOLOGIA: |
A pesquisa foi realizada com o uso da observação participante e entrevistas realizadas entre os comerciantes. De maneira complementar, utilizei a análise de documentos e relatos oficiais sobre a aplicação do projeto de reestruturação veiculados, principalmente, via internet. |
RESULTADOS: |
O que foi observado diz respeito a uma incompatibilidade do discurso oficial sobre a alteração que sofreria a feira estudada com o que foi efetivamente observado em campo. Tratando-se de um espaço de fluxos, uma homogeneidade interpretativa das tensões presentes só poderia ser atribuída arbitrariamente. Importante foi perceber como diferentes posições ocupadas por artesãos na feira, assim como os diferentes produtos vendidos por eles, rendiam ao pesquisador diferentes visões sobre a relevância da reforma. |
CONCLUSÃO: |
Creio que a pesquisa realizada foi frutífera para a discussão em antropologia sobre mercados e fluxos. Foi frutífera na medida em que meus conhecimentos sobre os temas, assim como o trabalho de campo realizado, permitiram uma visão crítica de uma pretensa homogeneidade de um grupo de comerciantes que não são uma comunidade em si. A Feira da Torre, enquanto um espaço definido por fluxos é muito mais uma interseção de várias comunidades. Sendo assim, é importante ver como o espaço é estruturado de acordo com os diferentes grupos ali presentes. Por isso é necessária uma pesquisa que leve em conta a centralidade da ordenação espacial na interpretação que os comerciantes do local fazem do “antes” e do “depois” da reforma. Evitei qualquer abordagem que procurasse unir os feirantes sob uma opinião comum, como algo que visasse à dicotomia da tensão feira-governo distrital. Ao invés disso, lancei uma luz na diversidade de opiniões sobre a situação e sobre essa rede formada pelo movimento de mercadorias e pessoas que passam pelo local, o que acredito ser uma abordagem mais adequada para os estudos sobre feiras urbanas. |
Palavras-chave: antropologia, feira, fluxos. |