G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia |
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A EXPANSÃO DA LAVOURA CANAVIEIRA NO OESTE PAULISTA,
SÃO PAULO, BRASIL |
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Danton Leonel de Camargo Bini 1
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1. Mestre em Geografia Humana/Pesquisador Científico - Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA-SAA/SP)
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INTRODUÇÃO: |
Motivado pelo choque do petróleo em 1973, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool - 1975) incentivou o aumento da produção de álcool anidro para utilizá-lo como combustível misturado à gasolina. Destilarias anexas às usinas de açúcar e destilarias autônomas foram construídas de início em áreas tradicionais da cultura no estado de São Paulo. Em 1983, continuando essa expansão, a área da cultura canavieira representava 28% da área plantada paulista (Yoshii & Matsunaga, 1984). Em 1979, o governo federal decide investir junto às indústrias automobilísticas na construção de uma frota de veículos movida a álcool hidratado. Assim, novas áreas foram requisitadas e o Oeste Paulista se torna uma das principais regiões a receber os investimentos para a expansão do setor. Em 1989, o barril do petróleo atinge preços baixíssimos e a cotação do açúcar sobe no mercado internacional: é a crise de abastecimento do álcool. Passa-se a preferir os carros a gasolina que apresentam preços relativos melhores: os usineiros direcionam seus investimentos para a produção do açúcar (Veiga Filho, 1998). Nos anos 2000, com nova subida do preço do petróleo, projetos de usinas e anexação de canaviais para a produção de álcool combustível começam se tornam novamente atrativos à elite econômica regional. |
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METODOLOGIA: |
Para entender o desenrolar deste processo de expansão da lavoura canavieira no oeste paulista se realizou pesquisas bibliográficas sobre o oeste paulista, especificando os reflexos da expansão da cultura canavieira nas terras regionais; pesquisas em revistas especializadas na atividade da lavoura canavieira; obtenção e análise de dados junto ao Instituto de Economia Agrícola (IEA) e trabalhos de campo e entrevistas na região. |
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RESULTADOS: |
A revitalização do Proálcool no Brasil no limiar do novo milênio conecta-se com a ascensão do preço da gasolina gerada com os conflitos bélicos intensificados na principal região fornecedora de petróleo do mundo: o Oriente Médio. Com a inexistência de áreas para a extensão dos canaviais em contigüidade aos já existentes nas regiões tradicionais paulistas, o oeste paulista, igual à década de 1980, apresenta-se como o fragmento do espaço geográfico paulista mais propício para a anexação de objetos e ações do circuito espacial de produção canavieiro. De 2000 a 2010 em torno de 50 novas usinas de açúcar e álcool foram acopladas ao espaço geográfico regional. Através de créditos conseguidos junto a bancos públicos e privados, investidores nacionais e estrangeiros e via operações de pré-pagamento (recebe o pagamento do produto e o entrega depois de alguns anos) a construção dessas usinas mudou a dinâmica sócio-espacial da região. Para gerar a fluidez desses novos conteúdos no espaço geográfico regional e evitar gargalos infra-estruturais que impeçam o desempenho desejável dos sistemas de objetos e ações expandidos pelo circuito espacial de produção do setor canavieiro, grandes investimentos públicos e privados estão sendo direcionados nos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. |
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CONCLUSÃO: |
A expansão da cultura da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, e especificamente no oeste paulista, ocasionou mudanças na atividade da pecuária bovina de corte, atividade até então tradicional na ocupação das terras regionais (presente em torno de 80% das áreas agrícolas no início dos anos 2000). Com os maiores rendimentos da atividade canavieira no uso das terras do que a pecuária extensiva, continua-se o deslocamento pelos pecuaristas regionais da atividade de engorda nesse tipo de manejo para áreas de terras baratas, principalmente as recém-desmatadas no Centro-Oeste e Norte do país. Torna-se atrativa a engorda no oeste paulista, competindo com a lucratividade da cultura da cana-de-açúcar quando praticada em grande escala e intensificada em confinamentos (Rocha Filho, 2006). Em áreas menores, essa modernização é obtida através dos melhoramentos nas pastagens e nas linhagens genéticas dos plantéis de bovinos, levando a um aumento da produtividade, com os animais atingindo o peso ideal de abate num período menor. Seguindo esses indicadores, os bovinos passam seus últimos 120 dias de engorda em manejos intensificados, recebendo uma alimentação à base de sorgo, milho, polpa cítrica e bagaço de cana suplementados por uma mistura de minerais específicos para a engorda de bovinos. |
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Palavras-chave: lavoura canavieira, oeste paulista, São Paulo (Brasil). |