63ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 12. Psicologia |
EDUCAÇÃO, VIOLÊNCIA E AS INCIVILIDADES: UM ESTUDO DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA |
Ronaldo Gomes Souza 1 Pedro Humberto Faria Campos 2 Dalva Maria Borges de Lima Dias de Souza 3 |
1. Profº Mestre em Psicologia – PUC Goiás 2. Profº Doutor/ Orientador do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Psicologia – PUC Goiás 3. Profª Doutora da Faculdade de Ciências Sociais – UFG |
INTRODUÇÃO: |
O fenômeno da violência urbana, em conjunto com a crise das diferentes instituições sociais tais como a escola, a família, o Estado, dentre outras, vem desencadeando o enfraquecimento dos laços sociais resultando no surgimento do sentimento de insegurança entre as pessoas. Um dos fatores psicossociais determinantes do sentimento de insegurança são as chamadas incivilidades que é um tema central na compreensão do fenômeno da violência urbana, uma vez que se dá por quebras de convívio em harmonia que sinalizam uma ruptura com as normas e valores sociais. As incivilidades atingem, também, as expectativas em relação à convivência e os pactos sociais; especialmente na escola, por ser concebida enquanto um espaço fundamental para formar os estudantes em cidadãos. Baseado nesse cenário desenvolveu-se uma pesquisa focada na instituição escolar com os objetivos de compreender como se dá o fenômeno da incivilidade e verificar a relação entre incivilidades e sentimento de insegurança no contexto da representação social da violência nas escolas a partir dos relatos de alunos e professores; bem como avaliar o impacto dessas variáveis nas diferentes relações e processos que constituem o ambiente escolar e refletir sobre os limites da educação enquanto agente transformadora da sociedade. |
METODOLOGIA: |
Foram aplicados seiscentos e oito questionários em estudantes adolescentes entre quinze e dezenove anos, de ambos os sexos, em seis escolas estaduais localizadas em regiões distintas do município de Goiânia e em quarenta e três professores com mais de vinte e quatro anos, de ambos os sexos, de três dessas seis escolas que foram apontadas como as mais violentas pelo departamento de inspeção escolar da Subsecretaria Metropolitana de Educação de Goiânia, a partir da quantidade de incidentes registrados e relatórios de visitas. O instrumento de pesquisa foi desenvolvido mediante um Survey fundamentado pelas representações sociais da violência e, para analisar as respostas, foram utilizados dois programas: o EVOQUE para questões qualitativas e o SPSS para as quantitativas. |
RESULTADOS: |
De acordo com os resultados, houve representação do fenômeno violência nas escolas e o reconhecimento das incivilidades tanto por parte dos estudantes ao retratarem tal fenômeno como briga, drogas, arma de fogo, morte e agressões; quanto por parte dos professores que retrataram com as palavras: agressão-física, desrespeito, falta de educação, problemas familiares e falta de policiamento. A partir da análise das evocações, verificou-se a relação e/ou justificativa de estudar as incivilidades no contexto da violência, dentro ou fora das escolas, uma vez que as palavras menos importantes não foram elementos da violência em si, mas sim palavras que retratam as incivilidades e, conseqüentemente, assumiram essas mesmas incivilidades como elementos constituintes da violência. E, diante de sujeitos que reconhecem sua escolas enquanto um espaço que reproduz a violência, observou-se a impotência da instituição educacional de lidar com algumas alternativas e soluções para a formação cultural, científica e cidadã que favorecem a ética em todas as instâncias da vida social contemporânea. Observou-se, também, a relação entre sentimento de insegurança e as incivilidades ao relatarem o incômodo e medo de conviver em um contexto no qual há incivilidades. |
CONCLUSÃO: |
Conclui-se que há uma relação entre incivilidade e sentimento de insegurança e, como resultado dessa relação, a existência de determinados elementos que não favorecem um cenário escolar apropriado para práticas cidadãs. Tem-se, ainda, que a violência não é meramente um fenômeno negativo ou ruim, e sim um fenômeno complexo que serve, muitas vezes, para sinalizar uma forma específica de comunicação entre certos grupos, indicando que há falhas nos processos sociais, denunciando que o sistema capitalista, a educação e outras instituições não criam condições que fomentem uma vida pessoal, profissional e cidadã que orientam relações autônomas, comunicativas, reflexivas, críticas e construtivas com a cultura e a conjunção da escola, favorecendo o reconhecimento das diferenças, a solidariedade, qualidade de vida, preservação e respeito aos diferentes espaços e pessoas dentro e fora das escolas. |
Palavras-chave: Escola, Violência, Incivilidades. |